12/03/2008 00:59 www.opovo.com.br/conteudoextra/772474.html
(Pronunciamento de Demócrito Rocha Dummar, presidente do Grupo de Comunicação O POVO no Senado federal em Brasília/DF, representando o O POVO na solenidade que homenageou o jornal por seus 80 anos de trajetória)
Excelentíssimo Senhor Senador Garibaldi Alves Filho, Presidente desta Casa; Excelentíssima Senadora Patrícia Saboya, autora da referida sessão solene de homenagem aos 80 anos de O Povo, ladeada pelos Senadores Tasso Jereissati, Geraldo Mesquita e Inácio Arruda; Excelentíssimos Srs. Ministros aqui presentes, Francisco César Asfor Rocha e Ubiratan Aguiar, respectivamente do Superior Tribunal de Justiça e do Tribunal de Contas da União; membros da Associação Nacional de Jornais; prezados colegas jornalistas - e dirijo-me especialmente à jornalista Wânia Dummar e aos jornalistas Fábio Campos e Plínio Bortolotti, que aqui representam a direção e a liderança editorial de O Povo -; Srs. Senadores; Srs. Deputados Federais cearenses aqui presentes; queridos cearenses presentes a esta sessão solene, que vieram do Ceará para participar deste momento, bem como cearenses aqui radicados; prezados Senadores Mão Santa, Papaléo Paes, Flexa Ribeiro, Cristovam Buarque, Arthur Virgílio, Heráclito Fortes, José Sarney, Marco Maciel, que se alternaram em pronunciamentos e apartes generosos pelos 80 anos de fundação do jornal O Povo. Sinto-me muito honrado e - por que não dizer? - muito à vontade por estar nesta Casa para expressar os agradecimentos do jornal O Povo por esta homenagem em reconhecimento aos seus 80 de diuturna batalha em favor das causas mais nobres do povo do Ceará e do Brasil.
Excelentíssimo Senhor Senador Garibaldi Alves Filho, Presidente desta Casa; Excelentíssima Senadora Patrícia Saboya, autora da referida sessão solene de homenagem aos 80 anos de O Povo, ladeada pelos Senadores Tasso Jereissati, Geraldo Mesquita e Inácio Arruda; Excelentíssimos Srs. Ministros aqui presentes, Francisco César Asfor Rocha e Ubiratan Aguiar, respectivamente do Superior Tribunal de Justiça e do Tribunal de Contas da União; membros da Associação Nacional de Jornais; prezados colegas jornalistas - e dirijo-me especialmente à jornalista Wânia Dummar e aos jornalistas Fábio Campos e Plínio Bortolotti, que aqui representam a direção e a liderança editorial de O Povo -; Srs. Senadores; Srs. Deputados Federais cearenses aqui presentes; queridos cearenses presentes a esta sessão solene, que vieram do Ceará para participar deste momento, bem como cearenses aqui radicados; prezados Senadores Mão Santa, Papaléo Paes, Flexa Ribeiro, Cristovam Buarque, Arthur Virgílio, Heráclito Fortes, José Sarney, Marco Maciel, que se alternaram em pronunciamentos e apartes generosos pelos 80 anos de fundação do jornal O Povo. Sinto-me muito honrado e - por que não dizer? - muito à vontade por estar nesta Casa para expressar os agradecimentos do jornal O Povo por esta homenagem em reconhecimento aos seus 80 de diuturna batalha em favor das causas mais nobres do povo do Ceará e do Brasil.
E o sentir-me à vontade tem relação direta com a percepção de que esses mesmos objetivos são, igualmente, compartilhados por esta Casa, o que reitera a visão clássica do Parlamento e da imprensa como instituições indissociáveis na tarefa de viabilizar o Estado democrático de direito. A nota particular dessa percepção é o fato de aqui comparecermos com a identidade própria de um órgão de comunicação social que, ao largo de sua história, expressa a maneira de ser do povo cearense, a sua rica diversidade cultural, sua sabedoria de vida e, sobretudo, coragem e determinação. É isso que dá a esse povo, como ao jornal, a força para enfrentar e superar adversidades aparentemente intransponíveis. O símbolo dessa tenacidade é muito bem expresso na figura do nosso vaqueiro, que enfrenta com determinação as adversidades da seca. E recebe com intensa alegria a abundância do inverno.
Como jornal, senhores, somos assim: resistentes. Não desistimos nunca, em que pese as dificuldades que têm sacudido nossas conjunturas econômicas e políticas. Para não sermos levados pelos ventos, tomamos uma decisão bem clara desde o início da nossa trajetória: a de nunca sermos neutros diante das questões fundamentais que interpelam o direito, a razão e a verdade, sobretudo os direitos fundamentais, que dão substância às instituições políticas e cidadãs da democracia.
Compartilhamos da opinião de que é preciso ter uma clara hierarquia de valores, de modo a sempre dar proeminência ao interesse público. A esse propósito, o jornalista Gerald Levin acentua que "a imprensa influencia hoje mais do que outrora o fizeram as igrejas e as universidades na configuração em marcha das sociedades modernas".
Isso, evidentemente, abre o flanco para algumas tentações em um contexto em que o poder e o prestígio podem ser fatores altamente corrosivos. Para isso, nessa área, é sempre preciso ter um norte bem definido. O que distingue uma empresa jornalística de outra qualquer é que ela produz um valor imaterial. Portanto, tem de estar ancorada, firmemente, em valores éticos, que se traduzem no objetivo de fornecer informação veraz e de conectar o cidadão com os problemas da atualidade, dando-lhe meios auxiliares para uma tomada de posição.
Sobretudo cabe à imprensa animar o debate das idéias, ajudando o preparo da argamassa que dará textura e consistência ao edifício social. Numa correlação mundial de forças em que os Estados nacionais e os cidadãos, em particular, são colocados em uma situação de poder decisório praticamente virtual, a sociedade tem necessidade de encontrar meios de articulação, para fazer frente a esse tipo de capitis diminutio. Nesse contexto, o papel da imprensa é insubstituível como veículo de conexão e expressão das forças dispersas da sociedade.
Nesse afã, cabe ao jornalismo construir uma aliança mais consistente com as universidades e com os núcleos produtores do saber, para neles se apoiar e assim poder realizar, com o máximo rigor científico e moral, a sua missão. Nós próprios, como instituição jornalista, Presidente Garibaldi, organizamo-nos, de modo a construir uma relação institucionalizada com a sociedade, fundada em procedimentos transparentes e interativos.
Do ponto de vista normativo, dispomos de uma série de documentos essenciais, para orientar esses procedimentos: - Carta de Princípios do jornal, subscrita por figuras de notável saber, como o constitucionalista Paulo Bonavides e a inesquecível Rachel de Queiroz, ambos oriundos da nossa redação; - Código de ética da empresa jornalística mantenedora do jornal; - Regimento do Cargo de Ombudsman; - Código de Ética da Associação Nacional de Jornais (ANJ), documento orientador de uma centena dos renomados jornais brasileiros; - Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros, de autoria da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), um documento de notável precisão ética; - Declaração de Chapultepec, que reafirma a liberdade de informação como direito dos povos; - e, coroando todos esses princípios, a Declaração Universal dos Direitos Humanos, um documento indispensável para nortear a vida social.
Criamos, igualmente, uma estrutura de participação da sociedade, em diversos níveis, na orientação e monitoramento do jornal. Ela é composta por diversas instâncias: o Conselho Editorial, o Conselho de Leitores, e o Ombudsman, que vem atuando com crescente êxito, há mais de uma década, fazendo a crítica diária do jornal em nome do leitor. Dessa forma nós estamos contribuindo de maneira criativa, para tornar o jornalismo uma instituição cada vez mais digna de crédito e a serviço da sociedade brasileira. Cada jornal opera junto a um tipo específico de demandas sociais, refletindo suas particularidades e identidade.
Não é diferente com O Povo, que tem sido, desde o seu nascedouro, um veículo comprometido com as expectativas da sociedade cearense. Priorizamos, desde o início, em 1928, a questão da segurança hídrica, por ser um condicionante basal a travar o desenvolvimento do Ceará. Embora vivamos a plenitude da Era do Conhecimento, com imensas possibilidades na linha do horizonte, enquanto persistir a falta de segurança hídrica, a economia nunca alcançará a dimensão mínima capaz de possibilitar um ciclo equânime do desenvolvimento que deveria chegar a todos.
A resolução dessa questão é objeto de permanente inquietação, há quase dois séculos. Alcançar essa solução faz parte da exigência de um desenvolvimento nacional harmônico, e isso é perfeitamente possível, não só tecnicamente, como também em termos de viabilidade econômica. Para abordar outra de nossas inúmeras causas, não nos falta também espírito atilado, para continuar a perceber que as políticas públicas ainda estão por demais voltadas para regiões já suficientemente estruturadas.
Não havendo um basta às disparidades socioeconômicas, nunca teremos um todo harmônico. Somos inconformados com esse estado de coisas e, como tal, temos coragem de lançar luzes e esperanças. Acreditamo-nos capazes de formular uma contribuição criativa à construção de uma Nação mais justa e igualitária. Por questão de justiça, registre-se que esta Casa, o Senado brasileiro, sempre esteve atento ao debate, propondo políticas públicas voltadas para o combate às desigualdades regionais.
Por fim, temos de dizer que confiamos plenamente no Brasil, na capacidade de nosso povo em descobrir respostas criativas para antigos e novos problemas, nos nossos representantes públicos, nas nossas instituições e, sobretudo, no cidadão brasileiro.
Todos estão imbuídos da convicção de que a cultura do interesse público está lançando raízes cada vez mais alongadas no solo brasileiro. Certamente ainda esta geração colherá os frutos desse novo patamar político civilizatório. Constata-se que algo mais transcendente começa a se firmar no horizonte crítico brasileiro, dando lugar à universalização crescente de uma consciência cidadã. E, para isso, O Povo se orgulha de ter contribuído nos seus 80 anos de existência.
Para finalizar, agradecemos a esta Casa, na pessoa da Senadora Patrícia Saboya, autora do requerimento desta sessão solene, e fazemos chegar às suas mãos a nossa edição comemorativa de 80 anos de O Povo, com a assinatura de centenas de nossos jornalistas e colaboradores. O mesmo agradecimento ao Senador cearense pelo Acre, Geraldo Mesquita Júnior, bem como aos Senadores Inácio Arruda e Tasso Jereissati, admiradores de O Povo e subscritores desta sessão. Referimo-nos, mais uma vez, igualmente, ao Senador Garibaldi Alves Filho, Presidente desta sessão solene e desta Casa, que gentilmente nos concedeu a palavra. Aos demais Parlamentares, aos cearenses que aqui compareceram, também o nosso muito obrigado.
Em nome da memória do nosso fundador, Demócrito Rocha, do seu sucessor, Paulo Sarasate, de Albanisa e Creusa Rocha, que, durante anos seguidos, lideraram, com prudência e pertinência, a direção da nossa empresa jornalística, reafirmo a continuidade do nosso compromisso de continuarmos firmes na luta por uma imprensa cada vez mais livre, mais atuante.
Na oportunidade, dirijo-me também à Jornalista Wânia Dummar, minha mulher, diretora de O Povo, aqui presente, e não poderia esquecer D. Lúcia Dummar, filha de Demócrito Rocha. Do alto dos seus 91 anos, é arquiteta de uma ponte que nos liga do passado ao presente e do presente ao futuro. Em nome deles, reafirmo essas mesmas propostas.
Para finalizar, dirijo-me aos sucessores, à quarta geração, nas pessoas de Luciana Dummar Azevedo, presidente executiva do jornal, João Dummar Neto e Demócrito Filho, diretores da casa em plena atividade na liderança do jornal e que manterão incólumes a confiança de que a chama inaugural será certamente levada à frente e de que voltaremos aqui daqui a alguns anos, se Deus quiser, para comemorar a evolução do Ceará, a evolução do nosso País.
Quero ainda consignar que é possível, apesar de todas as dificuldades manifestas pelo Senador Inácio Arruda e pelo Senador Tasso Jereissati, manter-se uma imprensa íntegra, sadia, comprometida com o crescimento e com o desenvolvimento do País. Farei chegar em seguida as assinaturas dos nossos funcionários, dos nossos redatores e dos nossos diretores às mãos da Senadora Patrícia Saboya em agradecimento à sua iniciativa, que nos comove e que também nos inspira a continuar a luta, a continuar fazendo um bom jornalismo em favor dos cearenses, em favor dos nordestinos e dos nortistas que aqui se manifestaram de forma tão efetiva, em favor de uma sociedade mais justa, mais equânime, em favor de uma imprensa livre e soberana, fortalecendo cada dia mais a democracia brasileira.
Senadora, em nome de todos os que fazem O Povo, faço chegar às suas mãos esta lembrança.
Esta homenagem ficará em nossa memória, não a esqueceremos e tudo faremos para honrá-la a cada dia, a cada edição.
(Palmas.)
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E nos blogues...
NOTA DE PESAR
Morreu, no início da tarde desta sexta-feira, o presidente do O POVO, Demócrito Rocha Dummar (63). O fato deixa em profundo pesar a todos nós que fazemos o Sistema O POVO de Comunicação e a família não quis ainda se manifestar.
O que dizer numa hora dessas? Que o jornalismo do Ceará perdeu um homem empreendedor, de espírito arrojado, ousado e de um diálogo empolgante e de empolgar a todos que conviviam com seus projetos.
Demócrito foi-se embora no ano em que O POVO ficou 80 anos mais velho. E foi deixando o legado da obstinação, do destemor diante de tantos desafios.
Mas bom mesmo será lembrá-lo como um sonhador. Ou melhor, um fazedor de sonhos.
Eis nota divulgada pela Direção do Grupo:
"É com imenso pesar que o Grupo de Comunicação O POVO informa o falecimento de seu presidente, Demócrito Rocha Dummar, no início da tarde desta sexta-feira, 25. A família e todos os colaboradores desta empresa ainda estão profundamente abalados com a repentina perda.
A família não quer se pronunciar neste momento de dor e pede a todos que guardem na lembrança não só o jornalista que durante quase 45 anos esteve à frente do jornal O POVO. Mas, acima de tudo, o homem que inspirou gerações de cearenses. E que continuará inspirando."
VELÓRIO - A partir das 8 horas deste sábado, no hall da Assembléia Legislativa do Estado. e a partir das 12h no hall de recepção do jornal; SEPULTAMENTO - Previsto as 16 horas, no Cemitério Parque da Paz, após missa (ecumênica) de corpo presente.