24 agosto 2016

BRAZIU-ZIU-ZIU !!!


Impeachment Tabajara*

:
Num gentil oferecimento das "Organizações Tabajara", vai começar
a parte final do impeachment da presidente Dilma
Reza a legislação brasileira que cabe à acusação o ônus da prova.

Mas, como se trata de um "impeachment Tabajara", a acusação até agora não provou que houve crime de responsabilidade da presidente; a defesa é que tem se desdobrado para demonstrar que não houve crime algum.

E, mesmo assim, a presidente foi afastada em maio, foi declarada ré em julho e o impeachment seguiu em frente.

Reza, também, a legislação brasileira, que "in dubio pro reu". Mas no "impeachment Tabajara", embora as dúvidas abundem, prevalece o "in dubio contra reu".
E, mesmo assim, o impeachment prosperou.

Em qualquer julgamento (inclusive os de bons filmes de Hollywood) os jurados ficam incomunicáveis alguns dias antes a fim de não serem influenciados e poder julgar com total isenção. O que também acontece em qualquer Tribunal do Júri brasileiro.

Mas, como se trata de um "impeachment Tabajara", as testemunhas é que vão ficar confinadas no quarto de hotel, sem TV ou jornal, como participantes de qualquer Big Brother e os jurados, que são os 81 senadores, vão continuar expostos a todo tipo de pressão, influência, negociação e ainda com total liberdade para cabalar votos de colegas.

Em qualquer julgamento de verdade os jurados têm direito a votar de acordo com a sua consciência e não em função de interesses das partes envolvidas.
Mas, como se trata de um "julgamento Tabajara", o PMDB ameaça expulsar de seus quadros a senadora Kátia Abreu se ela votar contra o impeachment.

Jurados que têm interesse direto no resultado do julgamento são afastados de qualquer júri minimamente sério.

Mas, num "julgamento Tabajara", suplentes de senadores que viraram ministros não são impedidos de votar, apesar da evidência de que, se o impeachment não passar, o titular voltaria ao Senado e o suplente para sua casa.

Em qualquer julgamento minimamente ético, as partes envolvidas não se pronunciam antes do resultado final.

Mas, como este é um "impeachment Tabajara", o super-ministro Eliseu Padilha não se constrange em anunciar publicamente que conta com ao menos 60 votos.

Em qualquer julgamento minimamente sério, jurados não podem declarar seus votos antes que ele se inicie.
Mas, como se trata de um "julgamento Tabajara", 48 senadores não titubearam em alardear ao jornal Folha de S.Paulo que vão votar contra a presidente Dilma.

O resultado de um julgamento minimamente sério realizado nessas condições seria anulado por um juiz minimamente sério.

Mas um "julgamento Tabajara" não corre esse risco. Senão, não seria "Tabajara".

(*conteúdo publicado em www.brasil247.com por Alex Solnik, 
jornalista e autor de 13 livros, entre eles "Porque não deu certo", 
"O cofre do Adhemar", "A guerra do apagão", "O domador de 
sonhos" e "Dragonfly", a ser lançado neste setembro)