10 maio 2006
JAMES JOYCE EM 2006
Cada vez mais o mundo quer saber quem foi James Joyce e porque seu trabalho traz tanta repercussão ainda hoje, a mais de 60 anos de seu desaparecimento. Nascido em Dublin em 1882 e falecido em Zurique em 1941, um dos mais notáveis irlandeses recebe todos os anos, planeta afora, uma homenagem denominada Bloomsday, em referência ao Sr. Bloom, um de seus personagens.
Durante o Bloomsday, celebram-se as memórias de Joyce e promove-se a apreciação de seu talento, revisitado em apresentações cênicas, recitais de música da Irlanda, traduções, audiovisuais, publicações... Enfim, uma festa literária para a arte e os sentidos — que em São Paulo costuma centralizar-se no Finnegans, simpático pub da região dos Jardins cujo nome remete às páginas escritas por Joyce.
Para aprender a degustar o fluxo do pensamento joyceano, os especialistas têm como essencial a leitura de dois emblemáticos volumes de sua autoria: Ulysses e Finnegans Wake. No mais, o Bloomsday 2006 já está definido, entre outros lugares, em Santa Maria/RS, onde deve realizar-se — como já ocorre por lá desde 1994 — dia 16 de junho, data oficial do Bloomsday, propícia a leituras, filmes, música, arte, poesia e prosa. Tudo, claro, com um leve tempero joyceano, para todos os gostos.
VÁ LÁ
Sexta-feira, 16/06 às 16h00 no Centro Cultural Cesma
Rua Prof. Braga, 55 - Santa Maria/RS
Tel.: (55) 3221-9165
E às 19h30 no Ponto de Cinema Bar
Rua Ângelo Uglione, 1567 - Santa Maria/RS
Tel.: (55) 3221-8800
Veja o programa e o cartaz do evento em: http://amseverino.sites.uol.com.br/bloomsday.html
CAMINHOS
Nenhuma religião ou filosofia é a melhor. Porque não é o caminho o que verdadeiramente importa — é o caminhante. Todos os caminhos que há são apenas a realidade brincando de se explicar para nós. Não fosse esse espírito lúdico, que transforma a realidade, essa coisa infinita e assombrosamente complexa, em fascinantes caminhos para se percorrer, nós pobres humanos não teríamos como de fato acessá-la.
Portanto, todos os caminhos são válidos, pois todos são a realidade se experimentando para a limitada e esforçada compreensão humana. Evidente que é impossível percorrer todos. Mas podemos, durante a vida, escolher alguns, caminhar por eles com alegria e entender um pouco mais sobre a realidade. Há, porém, bem à entrada de cada um deles, um aviso aos navegantes que, embora de séria importância, a maioria não lê, empolgada com as maravilhas da via recém-escolhida. O aviso diz: "Para o caminho não criar lodo, não
perca a noção do todo."
Caminhos são sedutores porque cremos que neles está a verdade e que ela nos libertará. Sim, a verdade liberta. Ela, porém, não cabe no caminho: o caminho é que faz parte da verdade. Quando perde isso de vista, o caminhante se entorpece e fica cego. Em seu exclusivismo, passa a crer que somente o seu caminho é verdadeiro e os demais são ilusão. Especializa-se cada vez mais em suas paisagens e esquece que cria lodo a água que não corre. Paisagens são bonitas, sim, descansam a vista... mas se paramos muito tempo para as admirar, acabamos nos tornando parte da paisagem — e assim o caminho perde seu maior sentido: o movimento.
Então experimentemos os caminhos com entusiasmo, extraindo deles o máximo que pudermos. Escolhamos aqueles que ecoam alma adentro e nos fazem tremer, aqueles que fazem a vontade de viver correr pelas veias. Temos uma vida inteira para experimentá-los. Lembremo-nos, porém, de que os caminhos cruzam com outros e é justamente nesses cruzamentos que a verdade brilha mais forte.
Por isso, quando você encontrar alguém que descobriu o único de todos os caminhos que leva à verdade, sorria e seja compreensivo(a). Esse alguém está trilhando seu caminho intensamente, com entusiasmo tanto que não tem tempo para erguer-se um pouco acima dele e constatar que, na verdade, todos os caminhos são um único caminho, que se experimenta de todas as formas.
A verdade liberta, sim, mas apenas se você conseguir enxergá-la onde ela sempre esteve: em tudo.
ACESSE
O colunista Ricardo Kelmer é escritor, letrista e roteirista e mora no Rio de Janeiro, na Terra — a 3.ª pedra do Sol
www.ricardokelmer.net
OH, DÚVIDA!!!
Meu texto anterior — Não é "pobrema" meu —, rendeu muitos comentários. Nele relatei o absurdo dos problemas de depredação que estariam acontecendo no recém-inaugurado Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo. O texto nasceu de uma nota publicada com destaque na página 6 da Veja São Paulo, (a Vejinha), de 26 de abril, que teve mais de 388 mil exemplares distribuídos na Grande São Paulo.
A nota dizia o seguinte:
"Lição de desrespeito. Foram necessários três anos e R$ 36 milhões para transformar o degradado prédio da Estação da Luz no mais novo centro cultural da cidade (...) No último fim de semana, em pleno feriado de Páscoa, ele precisou fechar as portas. As cerca de 12 mil pessoas que passaram por lá deram de cara com um papel sulfite colado nas grades informando que o local estava em manutenção. Já? Pois é. A culpa é de parte dos freqüentadores. Com pouco mais de um mês de funcionamento, o museu tem sofrido nas mãos (e nos pés) de jovens que pisoteiam algumas obras, riscam as paredes e colam chicletes nos computadores. Um dos principais alvos é a instalação da encenadora Bia Lessa, na qual as pessoas puxam (muitas vezes com força desproporcional) fac-símiles de originais do livro Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa, pendurados no teto."
Publicado o texto, começaram a surgir informações conflitantes. Recebi e-mails de leitores dizendo que não era assim, que o fechamento do Museu se deu para treinamento dos monitores. Outros diziam que era para manutenção corriqueira, nada de depredação. E ficou o mistério. A Vejinha errou, foi enganada ou "errou" de propósito? Alguém do Museu mentiu? Afinal, fechou no feriado por qual razão? Fui atrás apurar. E recebi, também por e-mail, a explicação oficial, do próprio diretor do museu, Antonio Carlos Sartini:
"Até a presente data, o Museu já recebeu 74.500 visitantes e não ocorreu nenhum acidente. Recebemos um público muito diversificado: jovens, crianças, alunos e professores de escolas públicas e particulares; menores assistidos pela Febem; adultos; universitários; terceira idade; estrangeiros; portadores de deficiências físicas e outros tantos. Realmente, só temos elogios ao comportamento de nossos visitantes. (...) Nos feriados da Páscoa houve a necessidade de treinamento e capacitação de novas equipes de trabalho, além da instalação de novos equipamentos, daí a necessidade de fechamento do Museu. O Museu está operando normalmente, de terça-feira a domingo, sempre das 10h às 17h, sendo que aos sábados a entrada é gratuita."
A edição da Veja em que a Vejinha foi encartada é aquela que tem o ex-pré-candidato-e-atual-grevista-de-fome Garotinho na capa, com chifres e rabo de capeta... Nada de mais. Também acho que Garotinho é lobo em pele de cordeiro.
Mas agora fiquei confuso. Se depredação de Museu é um fato facílimo de ser verificado e mesmo assim a Vejinha errou, imaginem fatos que não são facilmente verificáveis, que são intangíveis e não contabilizáveis? E então, apavorado, ouço um capetinha sussurrar na minha orelha:
- Se a Veja errou com o Museu, será que acertou com o Garotinho?
Ah, mas as redações devem ser diferentes. Os repórteres devem ser diferentes. A apuração deve ser diferente. Deve... Oh, dúvida... Vou consultar a Caras.
SAIBA MAIS
O colunista Luciano Pires, jornalista, escritor, conferencista e cartunista, que encabeça uma aguerrida campanha anti-mediocridade no País, esclarece tudo em
http://www.lucianopires.com.br
LUA, "MÃE CONSTANTE”
Colo. Consolo. Guarita. Sinônimos constantes, visceralmente entrelaçados ao maternal. As mães são como a Lua, deusa que surge na vastidão da escuridão e dedica-se a um espiar atento sobre os que necessitam fechar os olhos para um sonhar sem possessão.
Guarda, protege e alimenta. É o casulo seguro, forjado no fogo ardente, que comove a alma dos ausentes e os faz privilegiar os sentimentos que gritam pela absolvição.
Em seus seios, dilata-se o alimento que nutre sem reservas, sem abster-se de sua função. Seios nos quais as garras firmamos, com medo de perdermo-nos nas arestas do nosso terreno caminhar.
Seu colo instiga ao adormecer, já que entre os seus braços sentimos o acolher incondicional, recebido em seu amor maternal.
No caminhar de Diana*, um olhar compassivo mede e determina o tamanho de seu coração. Já adultos, encontramo-nos com a mãe/mulher. Como tal, a Lua surge nas peregrinações cotidianas, forjadas em um feminino que dilacera o homem por meio de uma melodia constante.
Declina entre Lilith e Eva as perdições de Adão, responsáveis pelo êxodo do Paraíso. Mas, incontestavelmente, imputadas pela perdição de inúmeros corações.
Entre o início e o final do percurso, eis um vício corriqueiro: nas lágrimas que escorrem por um rosto infantil, ou mesmo na falsa autonomia do homem crescido, seus braços são chamados à atenção.
Porém, é preciso que o cordão umbilical seja cortado. Um sofrimento perturbador trilha durante o processo. O mundo chama para um caminhar autônomo. Mas que saudades temos de um colo de mãe constante!
* Diana é o nome da deusa-caçadora da mitologia greco-romana. Deusa da luz, irmã de Apolo, filha de Zeus, como Ártemis, seu nome original, protegia as florestas e os animais, mesmo que, como deusa da caça, orientasse as setas dos homens em seu objetivo. Deusa mais popular da Grécia Antiga, habita as florestas, bosques e campinas verdejantes, onde dança e canta com ninfas que a acompanham. Em seu culto, estão presentes danças orgiásticas e o ramo sagrado. Deusa de múltiplas facetas, associadas ao domínio da Lua, virgem, caçadora e parteira que representa o feminino em todos os seus aspectos.
Representa o ideal e a personificação do aspecto selvagem da natureza, a vida das plantas, dos animais e dos homens, em toda a sua exuberante fertilidade e profusão. Na Itália chamaram-na Diviana, que significa “A deusa”. Era de fato a caçadora, deusa da Lua e mãe de todos os animais, que aparece em suas estátuas coroada com a Lua crescente e carregando uma tocha acesa. A palavra equivalente em Latim para “vela” era "vesta" e Diana era também conhecida como Vesta. No seu templo, um fogo perpétuo era conservado aceso. Sua festa anual na Itália era comemorada no dia 13 de agosto. Neste dia os cães de caça eram coroados e os animais selvagens não eram molestados. Bebia-se muito vinho e comia-se carne de cabrito, bolos eram servidos bem quentes junto a maçãs ainda pendentes dos ramos.
A Igreja Católica santificou esta grande festa da deusa virgem — que pediu ao pai, Zeus, que nunca a fizesse casar-se —, transformando-a na festa católica da Assunção da Nossa Senhora, a 15 de agosto. A Lua, que muda de forma tão rapidamente, pode ser encontrada a cada noite de uma forma diferente no céu, sendo um símbolo de inconstância. Sua aparente relação com o ciclo menstrual tornou a Lua representativa de tudo o que é mutável nas mulheres. Ártemis/Diana celebrizou-se pela maneira como se voltava vingativamente contra os que se apaixonavam por ela ou que tentassem abusar de sua feminilidade.
A mensagem deste arcano no Tarot (A Lua) nos previne de que não devemos ter medo de nos dirigir ao desconhecido, de assimilar nossos próprios medos, debilidades, erros, de olhar cara-a-cara a sombra que levamos dentro de nós e de não temê-la. Em nossa época, o arquétipo da feminilidade desta deusa-virgem começa a se tornar importante novamente. Por muito tempo permanecemos à sombra da feminilidade absoluta, sob a influência de uma realidade masculinizada. Mas Ártemis/Diana é tão linda quanto Afrodite e nos fala que a solidão, a vida natural e primitiva pode ser benéfica em algumas fases de nossa vida. Amazona e arqueira infalível, a deusa garante a nossa resistência a uma domesticação excessiva. Além disso, como protetora da fauna e flora, ela é uma figura associada à ecologia contemporânea, onde há necessidade de salvaguardarmos o que ainda nos resta.
Antes que nada nos reste. Vc já ouviu After the garden do cantor canadense-americano Neil Young? Faça-o em http://www.myspace.com/neilyoung, podendo acessar a letra também em http://www.neilyoung.com. O papo é (pra lá de) sério!
FALE COM
o colunista Fábio Silva:
binhofilho@yahoo.com.br
INTERNET TV
“O verbo não é mais ASSISTIR. O verbo agora é ACESSAR: acessem a allTV!”
Para aprofundar este assunto, o www.televidere.blogger.com.br lançou o seguinte post:
allTV — a TV da Internet — conquista o Esso 2005
Fundada em maio de 2002 pelo jornalista Alberto Luchetti, a allTV consagrou-se como a primeira TV da Internet com 24 horas de programação ao vivo. Localizada no bairro do Paraíso, em São Paulo, a emissora conquistou ao longo de sua trajetória espectadores de diversas partes do mundo.
Mais de 80% da programação da allTV acontece na bancada de um estúdio, onde a dinâmica é pontuada pela interatividade. Dois ou mais apresentadores comentam notícias e acontecimentos com convidados e com o chat aberto aos internautas. Pela grade encontramos ainda uma boa dose de entretenimento com programas musicais, talk shows e teledramaturgia. Tudo com a marca da interatividade.
A existência de uma televisão na Internet para muitos ainda soa estranha. Consolidar a allTV foi tarefa difícil, só vencida pela força dos que acreditaram e apostaram em seu potencial. O resultado veio em novembro de 2005, quando a emissora conquistou o Prêmio Esso 2005, o Oscar do jornalismo nacional, como Melhor contribuição ao telejornalismo brasileiro. Emocionado com o reconhecimento, o diretor e fundador Alberto Luchetti declarou para o Televidere e para o site Comunique-se:
"Como os próprios jornalistas do júri do Esso enfatizaram, a allTV é hoje a TV da geração multimídia, uma soma de tudo o que há de mais importante nas mídias tradicionais: conteúdo de jornal, agilidade e imediatismo de rádio, plástica e imagem de TV e interatividade de Internet".
Freqüentador dos chats da allTV desde sua fundação, o pesquisador Elmo Francfort vê na emissora uma quebra do tabu espectador-apresentador: "Foi uma nova forma de fazer televisão, num novo espaço, num formato que pode fazer com que o telespectador e até mesmo o apresentador pudessem se encontrar totalmente, sem ter uma 'tela' no meio atrapalhando".
As declarações de Luchetti e Elmo refletem uma tendência dos veículos de comunicação: a estrutura multimídia. A influência da Internet mudou a dinâmica da televisão, acelerando as informações e fazendo com que a imagem valha tanto ou mais que a palavra. A ditadura da informação vem aos poucos se transformando em debate de idéias, colocando a resposta do público no imediato momento da notícia.
Conteúdo e interatividade. Dois pontos que, com o auxílio da tecnologia, fizeram da allTV uma premiada TV de vanguarda.
CONFIRA
Para ver se faz sentido o que Luchetti, Elmo e o texto acima afirmam, acesse
http://www.alltv.com.br