16 agosto 2008

HORA H 2008

A hora é agora


Com muita seriedade e propriedade já se dizia, por volta de 1972-1976, no âmbito da "Santíssima Trindade" -- agremiação informal surgida no Colégio Objetivo que abrigou poetas como Claude Sachs e Juvenal de Sousa Neto -- que "Está na hora/ De devorar a demora/ Que no esperar/ Devora o agora", uma pérola juvenalesca a justificar as (bem-intencionadas) ursadas do Claude.

Exatamente: a "Hora H" de Haroldo, Haroldo de Campos, poeta, advogado, procurador e professor, tradutor e ensaísta, o homem que percorreu fantásticos campos entre os sons, imagens e símbolos das línguas e das linguagens, "o mais barroco dos concretistas", emerge e vem à tona.

Enquanto o relembramos, está a ocorrer um fantástico momento paulistano de celebração à poesia, à música e ao desfrute social das artes urbanas: trata-se do evento Homenagem a Haroldo de Campos, que ofereceu gratuitamente a seguinte programação de fim-de-semana em São Paulo:

Sábado, 16/08
16h: Palestra O leitor Haroldo de Campos, com Gênese Andrade
17h: Mesa-redonda: A obra poética de Haroldo de Campos, com Lucia Santaella, Leda Tenório da Motta e Antonio Vicente Pietroforte (mediação de Claudio Daniel)
19h: Coffee-break e exibição dos filmes de Júlio Bressane Galáxia Albina e Infernalário: logodédalo, Galáxia Dark
20h: Música e poesia grega, com Marcelo Tápia (voz), Daniel Tápia (violino) e Diego Lisboa (flauta)
20h40: Poemas de Haroldo de Campos (recital)
>> Abertura: Ivan de Campos, acompanhado por Alberto Marsicano (cítara) e Olavo Ito (okotô)
>> Leituras: Lenora de Barros, Horácio Costa, Frederico Barbosa, João Bandeira, Yun Jung Im e Arrigo Barnabé. Live performance com VJ Fábio Vietnica

Domingo, 17/08
15h: Depoimento de colaboradores de Haroldo de Campos: Boris Schnaiderman e Jacó Guinsburg (mediação de Frederico Barbosa)
16h: Mesa-redonda: Transcriação: a teoria e a obra tradutória de Haroldo de Campos, com Aurora Bernardini, Marcelo Tápia e Trajano Vieira (mediação de Claudio Daniel)
18h: Coffee-break
18h30: Apresentações musicais: Cid Campos, Péricles Cavalcanti, Edvaldo Santana e a Marsicano Sitar Experience. Live performance com VJ Fábio Vietnica

LOCAL: Casa das Rosas – Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura
Av. Paulista, 37 - Bela Vista (próx. Estação Brigadeiro do Metro)
Tels.: (11) 3285-6986 / 3288-9447

Imagem: Sereia e sátiro, do alemão Ferdinand Leeke (1859-1923)


Sobre a Marsicano Sitar Experience
Discípulo do sitarist Ravi Shankar, o músico paulistano Alberto Marsicano, que se destacou pela execução de temas clássicos da Índia no Brasil, lançou o livro-CD A música clássica da Índia (Ed. Perspectiva, Col. Signos). Mais além, atenção: o sétimo CD de Marsicano é Sitar Hendrix, pela gravadora americana Sonic Wave, indicado ao 49th Grammy USA.

Ele toma como guião o fraseado original de Hendrix, que praticamente reinventou sozinho o som da guitarra elétrica, e se arrisca em território pantanoso com o álbum Sitar Hendrix. Conhecido mais em São Paulo, do círculo dos que cultivam a música indiana e a poesia (Marsicano é tradutor) às raves desde o fim dos anos 90, depois de experimentar projetos eletrônicos o citarista propõe este trio reunindo sitar, baixo e bateria para retranscriar Jimi Hendrix.

Eles perpetram tanto músicas que ficaram famosas com o grupo Experience, tipo as da fase exploratória de Band of gypsys, como versões de clássicos tipo Purple haze, Fire, Spanish castle magic e Little wing, e ainda flertam com canções de alta octanagem psicodélica como Voodoo child, Machine gun e Third stone from the Sun.

VEJA E OUÇA MAIS
http://br.youtube.com/results?search_query=marsicano+sitar


Fantástica homenagem
Na esfera dramático-experimental, o evento na Casa das Rosas traz ainda Julio Bressane e Haroldo de Campos (foto) como videomakers, produzindo juntos Galáxia Albina (1990) e Infernalário: logodédalo, Galáxia Dark (1992). A chance de apreciar estes vídeos está nesta homenagem. Galáxia Albina, com Bete Coelho, Giulia Gam e Tânia Nomura inicia uma trilogia que transpõe uma solitária viagem de palavras e de papel para imagens sonorizadas em VHS.

A segunda parte desta trilogia galáctica, Infernalário: Logodédalo, Galáxia Dark, com Bete Coelho e Mariana de Moraes, apoia-se numa estética dark que retira da obra de Campos sua “matéria-escura” para combiná-la às imagens rarefeitas do cineasta e às marcações marionetizadas das atrizes: lusco-fusco mítico, cênico e interpretativo. Nessa galáxia negra, é perceptível o mundo lido pelo taoísmo chinês: a multiplicidade é concebida como manifestação da Unidade, que, por sua vez, é gerada pelo Vazio -- um vazio impenetrável ao raciocínio, mas paradoxalmente pleno de virtualidades.

O universo primordial era pura energia. A partir daí, desenharam-se cenários mais e mais complexos das dramáticas transformações do cosmos em sua estruturação material. A criação das "Galáxias" segue, por analogia, o "modelo inflacionário" do "Big Bang" e a "estética do excesso" que representa a arte finissecular do final do século XX e do início deste. Da palavra primordial a gerar escritura, aos cantos/galáxias que se expandem e proliferam, esta obra de Haroldo não reluta em transpassar linguagens, mídias, fronteiras: um Universo em expansão.

(por Antonio-Manoel Nunes, doutor em Literatura Comparada/UFRJ)

Horários de Funcionamento da Casa das Rosas
Terça a sexta, das 10h às 22h e sábados e domingos, das 10h às 18h


DELEITE ÚTIL
www.casadasrosas.sp.gov.br

www.vitruvius.com.br/arquitextos/arq000/esp125.asp

05 agosto 2008

FRANCINE EM PESSOA

Ponto de Encontro


Nesta sexta-feira, às 20 horas, a cantora e atriz Francine Lobo interpreta canções compostas a partir de poemas de Fernando Pessoa e musicadas por figuras da MPB como Dori Caymmi, Sueli Costa, Renato Motha e Patrícia Lobato, entre outros.

O show conta também com a participação de Jardel Caetano (violão), Webster Santos (cordas) e Roberto Otsu (comentários sobre o poeta).

Os apreciadores da boa música e da obra literária de Fernando Pessoa certamente irão deliciar-se com o espetáculo, conferindo o carisma da emergente cantora e a evolução de seu trabalho.

Francine -- que às vezes também se apresenta com sua filha, a pequena Laura Lobo, que participou da microssérie global Hoje é dia de Maria --, é cantora, violonista e atriz desde os 15 anos.

Ela integrou o Corpo Estável do Coral Sinfônico do Estado de São Paulo e apresentou-se com orquestras de peso como integrante do Coral Sinfônico do Estado de São Paulo (Prêmio Carlos Gomes de Melhor Coral de 1999), a exemplo da OSESP, Jazz Sinfônica, Banda Sinfônica e Orquestra Experimental de Repertório.

Em algumas ocasiões, Francine Lobo cantou em conjunto com outros corais -- como o Men's Gle Club-Coral Masculino da Universidade de Michigan. Também atuou no teatro com O Fantasma da Ópera, (Teatro Abril), A Lenda do Quebra-Nozes (dirigida por Telma Dias e Robson Vellado), A Bela e a Fera (Teatro Abril), Brasil 500 Anos, E o mundo não se acabou! (sob a direção de Kleber Montanheiro), além de haver participado de diversos shows e CDs.

A cantora faz ainda gravações de jingles e locuções e ministra aulas de Canto e Técnica Vocal para cantores e outros profissionais da voz, bem como promove a sensibilização musical para crianças.


VÁ CONFERIR
O Ponto de Encontro com Francine Lobo,
no espetáculo musical “Que PESSOA esse FERNANDO!”
Data e hora: 08 de agosto às 20 horas
Convite: R$ 15 (antecipe sua reserva)
Local: Arjuna Livraria e Espaço
Rua Simão Álvares, 923 - Vila Madalena
Tel.: (11) 3815-8026
www.livrariaarjuna.com.br

SAIBA & OUÇA MAIS
www.samba-choro.com.br/artistas/francinelobo