Com muita seriedade e propriedade já se dizia, por volta de 1972-1976, no âmbito da "Santíssima Trindade" -- agremiação informal surgida no Colégio Objetivo que abrigou poetas como Claude Sachs e Juvenal de Sousa Neto -- que "Está na hora/ De devorar a demora/ Que no esperar/ Devora o agora", uma pérola juvenalesca a justificar as (bem-intencionadas) ursadas do Claude.
Exatamente: a "Hora H" de Haroldo, Haroldo de Campos, poeta, advogado, procurador e professor, tradutor e ensaísta, o homem que percorreu fantásticos campos entre os sons, imagens e símbolos das línguas e das linguagens, "o mais barroco dos concretistas", emerge e vem à tona.
Enquanto o relembramos, está a ocorrer um fantástico momento paulistano de celebração à poesia, à música e ao desfrute social das artes urbanas: trata-se do evento Homenagem a Haroldo de Campos, que ofereceu gratuitamente a seguinte programação de fim-de-semana em São Paulo:
Sábado, 16/08
16h: Palestra O leitor Haroldo de Campos, com Gênese Andrade
17h: Mesa-redonda: A obra poética de Haroldo de Campos, com Lucia Santaella, Leda Tenório da Motta e Antonio Vicente Pietroforte (mediação de Claudio Daniel)
19h: Coffee-break e exibição dos filmes de Júlio Bressane Galáxia Albina e Infernalário: logodédalo, Galáxia Dark
20h: Música e poesia grega, com Marcelo Tápia (voz), Daniel Tápia (violino) e Diego Lisboa (flauta)
20h40: Poemas de Haroldo de Campos (recital)
>> Abertura: Ivan de Campos, acompanhado por Alberto Marsicano (cítara) e Olavo Ito (okotô)
>> Leituras: Lenora de Barros, Horácio Costa, Frederico Barbosa, João Bandeira, Yun Jung Im e Arrigo Barnabé. Live performance com VJ Fábio Vietnica
Domingo, 17/08
15h: Depoimento de colaboradores de Haroldo de Campos: Boris Schnaiderman e Jacó Guinsburg (mediação de Frederico Barbosa)
16h: Mesa-redonda: Transcriação: a teoria e a obra tradutória de Haroldo de Campos, com Aurora Bernardini, Marcelo Tápia e Trajano Vieira (mediação de Claudio Daniel)
18h: Coffee-break
18h30: Apresentações musicais: Cid Campos, Péricles Cavalcanti, Edvaldo Santana e a Marsicano Sitar Experience. Live performance com VJ Fábio Vietnica
LOCAL: Casa das Rosas – Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura
Av. Paulista, 37 - Bela Vista (próx. Estação Brigadeiro do Metro)
Tels.: (11) 3285-6986 / 3288-9447
Imagem: Sereia e sátiro, do alemão Ferdinand Leeke (1859-1923)
Sobre a Marsicano Sitar Experience
Discípulo do sitarist Ravi Shankar, o músico paulistano Alberto Marsicano, que se destacou pela execução de temas clássicos da Índia no Brasil, lançou o livro-CD A música clássica da Índia (Ed. Perspectiva, Col. Signos). Mais além, atenção: o sétimo CD de Marsicano é Sitar Hendrix, pela gravadora americana Sonic Wave, indicado ao 49th Grammy USA.
Ele toma como guião o fraseado original de Hendrix, que praticamente reinventou sozinho o som da guitarra elétrica, e se arrisca em território pantanoso com o álbum Sitar Hendrix. Conhecido mais em São Paulo, do círculo dos que cultivam a música indiana e a poesia (Marsicano é tradutor) às raves desde o fim dos anos 90, depois de experimentar projetos eletrônicos o citarista propõe este trio reunindo sitar, baixo e bateria para retranscriar Jimi Hendrix.
Eles perpetram tanto músicas que ficaram famosas com o grupo Experience, tipo as da fase exploratória de Band of gypsys, como versões de clássicos tipo Purple haze, Fire, Spanish castle magic e Little wing, e ainda flertam com canções de alta octanagem psicodélica como Voodoo child, Machine gun e Third stone from the Sun.
VEJA E OUÇA MAIS
http://br.youtube.com/results?search_query=marsicano+sitar
Discípulo do sitarist Ravi Shankar, o músico paulistano Alberto Marsicano, que se destacou pela execução de temas clássicos da Índia no Brasil, lançou o livro-CD A música clássica da Índia (Ed. Perspectiva, Col. Signos). Mais além, atenção: o sétimo CD de Marsicano é Sitar Hendrix, pela gravadora americana Sonic Wave, indicado ao 49th Grammy USA.
Ele toma como guião o fraseado original de Hendrix, que praticamente reinventou sozinho o som da guitarra elétrica, e se arrisca em território pantanoso com o álbum Sitar Hendrix. Conhecido mais em São Paulo, do círculo dos que cultivam a música indiana e a poesia (Marsicano é tradutor) às raves desde o fim dos anos 90, depois de experimentar projetos eletrônicos o citarista propõe este trio reunindo sitar, baixo e bateria para retranscriar Jimi Hendrix.
Eles perpetram tanto músicas que ficaram famosas com o grupo Experience, tipo as da fase exploratória de Band of gypsys, como versões de clássicos tipo Purple haze, Fire, Spanish castle magic e Little wing, e ainda flertam com canções de alta octanagem psicodélica como Voodoo child, Machine gun e Third stone from the Sun.
VEJA E OUÇA MAIS
http://br.youtube.com/results?search_query=marsicano+sitar
Fantástica homenagem
Na esfera dramático-experimental, o evento na Casa das Rosas traz ainda Julio Bressane e Haroldo de Campos (foto) como videomakers, produzindo juntos Galáxia Albina (1990) e Infernalário: logodédalo, Galáxia Dark (1992). A chance de apreciar estes vídeos está nesta homenagem. Galáxia Albina, com Bete Coelho, Giulia Gam e Tânia Nomura inicia uma trilogia que transpõe uma solitária viagem de palavras e de papel para imagens sonorizadas em VHS.
A segunda parte desta trilogia galáctica, Infernalário: Logodédalo, Galáxia Dark, com Bete Coelho e Mariana de Moraes, apoia-se numa estética dark que retira da obra de Campos sua “matéria-escura” para combiná-la às imagens rarefeitas do cineasta e às marcações marionetizadas das atrizes: lusco-fusco mítico, cênico e interpretativo. Nessa galáxia negra, é perceptível o mundo lido pelo taoísmo chinês: a multiplicidade é concebida como manifestação da Unidade, que, por sua vez, é gerada pelo Vazio -- um vazio impenetrável ao raciocínio, mas paradoxalmente pleno de virtualidades.
O universo primordial era pura energia. A partir daí, desenharam-se cenários mais e mais complexos das dramáticas transformações do cosmos em sua estruturação material. A criação das "Galáxias" segue, por analogia, o "modelo inflacionário" do "Big Bang" e a "estética do excesso" que representa a arte finissecular do final do século XX e do início deste. Da palavra primordial a gerar escritura, aos cantos/galáxias que se expandem e proliferam, esta obra de Haroldo não reluta em transpassar linguagens, mídias, fronteiras: um Universo em expansão.
(por Antonio-Manoel Nunes, doutor em Literatura Comparada/UFRJ)
Horários de Funcionamento da Casa das Rosas
Terça a sexta, das 10h às 22h e sábados e domingos, das 10h às 18h
DELEITE ÚTIL
www.casadasrosas.sp.gov.br
www.vitruvius.com.br/arquitextos/arq000/esp125.asp
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