Valores construídos*
A conjuntura social brasileira, levando-se em consideração o campo da educação, sinaliza para a necessidade de se repensar os modelos de relações sociais cidadãs que estão sendo construídos para os jovens.
Esses modelos põem em cheque valores éticos e morais, e se instalam de modo sorrateiro no tecido social, da forma mais egoísta, individualizada e cruel, sem deixar espaços para o acolhimento, o respeito e às necessidades do Outro.
Assim é que surge a esperança no cenário atual, com a nomeação, para o MEC, do professor de ética e filosofia política da USP, Renato Janine Ribeiro. Convém enfatizar, a emergente necessidade de um “olho clínico” de alto teor cultural, como o do ministro Janine, para agir nesse espaço educacional -- que leva em conta a importância da ética como atitude norteadora do comportamento humano --, principalmente no que tange à preocupação com a formação cidadã de crianças e adolescentes.
Em entrevista recente ao jornal Folha de S.Paulo, o ministro lança proposta ao mundo acadêmico, ao sugerir a prestação de serviços sociais, aulas e atendimentos às comunidades, por estes alunos. Não como serviço obrigatório e, sim, uma espécie de estágio social, a ser definido conforme a área de cada um.
Nesse bojo de inovações, a promessa de incluir formação ética que possibilite o contato de alunos com valores humanísticos, os quais engrandeçam e orgulhem o nosso tempo, tão desassistido de amorosidade com o Outro.
Experiência similar vem realizando a FIEC com o Programa Formação Cidadã, formando rede acadêmica com 25 Instituições de Ensino Superior (IES), dentre universidades e faculdades particulares, com o compromisso de estimular a formação de universitários com a praxis da responsabilidade social, através da cultura de equidade social e princípios éticos.
Ações essas estendidas aos municípios cearenses Sobral, Caucaia e Aracati. O pioneirismo do programa antecipou-se à iniciativa do MEC em 2004, por ocasião do lançamento do regulamento do novo Sistema de Avaliação Nacional da Educação Superior, por meio da Lei 10861/2004, determinando que as faculdades passassem a desenvolver projetos de responsabilidade social passíveis de avaliação pelo MEC.
Com os resultados alcançados, o Formação Cidadã, conduzido pela diretoria de Responsabilidade Social da FIEC, foi aclamado como tecnologia social exitosa pelo Conselho Temático Permanente de Responsabilidade Social da CNI, e designado como modelo a ser replicado pelas demais federações das indústrias.
Iniciar programa nesses moldes com as universidades públicas do País faz o MEC ser merecedor de apoio da sociedade, no sentido de formar um batalhão de jovens cidadãos universitários, com visão humanista e sentimento profundo de ser e estar no mundo, conscientes do seu papel na sociedade.
*A jornalista Wânia Cysne Dummar preside o Conselho de
Responsabilidade Social da FIEC-Federação das Indústrias do Estado do Ceará
Responsabilidade Social da FIEC-Federação das Indústrias do Estado do Ceará