A verdade não é importante, já que existem "muitas verdades". Você acredita em uma verdade, eu acredito em outra — e ambos podemos estar certos. Veja uma árvore: um botânico vê a árvore como uma espécie particular, o carpinteiro a vê como madeira para um móvel, o religioso vê a árvore como sagrada, o poeta é por ela inspirado para escrever um poema e o pintor é tocado pela árvore para criar uma pintura. Uma árvore, muitas visões. Muitas verdades, todas verdadeiras.
Um 2007 cheio de metas e objetivos está chegando ao fim. 2008 se aproxima, cheio de promessas e ansiedades pela frente. Um novo ano para crescer 20%, 30%, 40%, dobrar de tamanho, manter o tamanho atual, comprar alguma empresa, vender ou fechar alguma parte da empresa que não está dando muito certo, firmar parcerias, enfim, tudo, ou qualquer coisa, menos recuar.
2007 foi o ano em que mais se falou sobre aquecimento global na história da humanidade. Nunca se falou tanto sobre a destruição do planeta. Nossa geração tem a oportunidade de entrar para os livros como a grande vilã ou heroína dessa história. Nós sabemos o que tem que ser feito, e temos todos os recursos para resolver. O problema é que não podemos dizer às pessoas que elas não podem mais dirigir seus carros, mas o fato é que nós não conseguiremos sobreviver se continuarmos assim.
2008 se aproxima com a GM, Ford, Volkswagen, Petrobrás, Shell etc. cheias de metas de crescimento. Eles vão vender mais carros, caminhões, gasolina etc., etc., etc. E ninguém vai fazer nada a respeito.
2007 foi o ano em que o número de mensagens de marketing que chegaram a você atingiu o pico. 5.000 por dia, dizem os especialistas. São cremes dentais, roupas, carros, cervejas, desodorantes e todo tipo de alimento, prometendo um pedaço do paraíso na Terra caso você vire um assíduo consumidor dessas coisas.
2007 foi o ano em que o número de suicídios de jovens cresceu 20% em comparação ao ano passado. Nunca a juventude se matou tanto. O coquetel de falta de direção dos pais somado a cobranças de todos os tipos, desde a necessidade de ser "o(a) mais bonito(a) da turma" até "o(a) mais inteligente na matemática quântica" está levando a molecada a sair da realidade, criar mundos virtuais, viver outras personalidades, dar cabo da própria vida.
2007 foi o ano em que vimos os países do Terceiro Mundo — Russa, Índia, China, Brasil, Irã, Venezuela — peitarem o Primeiro Mundo, em vários sentidos. Nunca na História do planeta tantas nações periféricas tiveram tanto poder. O número de artigos sobre o Afeganistão e Hugo Chavez na net é 10 vezes maior do que sobre Holanda, Itália e Inglaterra somadas.
2007 foi o ano em que o capitalismo mostrou sua verdadeira cara: quem manda no mundo são os fundos de investimentos. A venda de computadores, carros, xampús etc. é apenas fachada, o negócio mesmo é comprar e vender empresas no atacado e varejo. Carlyle, o maior comprador de empresas do mundo, controla 201 empresas que faturam juntas US$ 87 bilhões. O grupo Carlyle entra em 2008 com mais de US$ 200 bilhões em caixa para comprar quem eles quiserem e depois exigir crescimento ou produtividade antes de botar a empresa novamente à venda.
2007 foi o ano em que o número de milionários e ultra-milionários atingiu a marca de 10 milhões de pessoas em todo o mundo — e 120 mil deles estão no Brasil. Desses todos, 100 mil pessoas (chamados de ultra-milionários) têm mais de US$ 30 milhões cada. Nunca houve tantas possibilidades de investimentos, riscos e apostas como agora. Quem tem muito dinheiro, tem inúmeras chances de ter cada vez mais.
O consumo do luxo atingiu picos. Se você não é um abastado, provavelmente nunca encontrará um. Eles têm seus próprios clubes fechados, lojas e restaurantes exclusivos, ilhas paradisíacas, jatinhos e aeroportos pessoais. Vivem em uma sociedade completamente nova, isolada e diferente da sociedade em que você vive. Vivem no reino muito, muito distante — e você nem sabe direito onde fica. No seu aniversário de 11 anos, uma filha dessa nova aristocracia pediu aos pais, como presente de aniversário, uma viagem aérea em um vôo comercial, ao invés da costumeira viagem no jatinho privado da família. Ela fez esse pedido porque nunca esteve dentro de um aeroporto e gostaria de saber como funciona. Incrível, não?
Você pode rezar, acreditar, meditar e sonhar para que o mundo volte a ser do jeito que você viu nos filmes e novelas, mas isto simplesmente não irá acontecer. A grande maioria dos pais, os reais educadores dos filhos, não largarão o trabalho mais cedo hoje à noite para ter um tempo de qualidade com os seus filhos; a grande maioria das pessoas não deixará o carro em casa para ir de bicicleta para o trabalho; a grande maioria dos recém-formados nas melhores faculdades vão procurar emprego nas grandes empresas para receber grandes salários e grandes planos de carreira, ao invés de se aventurarem pelo mundo do empreendedorismo; a grande maioria das pessoas continuará a consumir tudo o que puderem consumir, inclusive para se sentirem parte do maior número possível de tribos urbanas, ao invés de viver uma vida simples baseada no consumo realmente importante.
Eu sei que você gostaria de mudar o mundo, mas não tem tempo para isso, não tem dinheiro para tanto, não tem contatos, nem outros materiais espirituais que se fazem necessários. Sem problemas. Esforce-se então para fazer da empresa em que você trabalha um verdadeiro exemplo prático dos melhores valores da humanidade nesse novo mundo que se forma.
2008 está aí. Eu tenho para você algumas "pequenas" idéias de marketing que não vão mudar o mundo, mas podem alterar o curso do novo mundo que se forma ao seu redor. Portanto, faça as suas apostas! É com você transportar essas idéias para a "Nova Ordem" com uma nova linguagem, roupagem e sabedoria. Acompanhe o raciocínio:
1. Leve o luxo para as massas. Nunca se viajou tanto nesse País. Nova York e Paris não são mais exclusividade de rico. Qualquer um, se economizar, consegue fazer uma viagem bacana para qualquer ponto famoso do Brasil e do mundo. Em São Paulo, a Etna, loja de móveis, oferece uma proposta de massificação do design de móveis com ofertas cheias de estilo. A Armani, Exchange, oferece camisetas Armani a US$ 19. E você? O que você acha de massificar algum tipo de serviço high end que você oferece apenas para alguns clientes?
2. Adicione luxo a um produto de massa. Qualquer produto de massa pode ser levado para os grã-finos. The Fifties, lanchonete paulistana, leva você de volta aos anos 50 enquanto você saboreia um "simples" hamburger, uma "simples" batatinha frita e um "simples" milk-shake. A Haagen Dazs, que cobra os olhos da cara por um "simples" sorvetinho de morango, não é de origem européia como muitas pessoas pensam. Haagen Dazs nasceu no Bronx de Nova York. Haagen Dazs é uma marca yankee e não suíça!!!
3. Premiumrize os seus produtos e serviços. Você vive em um mundo repleto de consumidores cheios de dinheiro para torrar, que, quando não o têm, compram mesmo assim. Então, crie um produto ou serviço premium para o seu mercado. Crie algo que ofereça os benefícios paradisíacos que todo(a) cliente sempre sonhou. Cobre caro, sem receio. Uma faixa considerável do seu mercado vai pagar por esse produto ou serviço.
4. Dê um nome apaixonante aos seus produtos. As pessoas estão muito ocupadas para perceber o que está dentro da sua oferta, a não ser que a "cara" do seu produto seja fantástica. Se lançar algum novo produto ou serviço em 2008, pense com paixão na criação do seu nome. O "toró de idéias" (como se diz em Minas Gerais) deve começar a partir dos benefícios que o produto trará aos clientes. Alguns exemplos de nomes fantásticos: Salesforce (software de CRM), iPhone (smart phone), Ecosport (carro), Bazuca (e-mail marketing).
5. Ataque um mercado emergente. 2 milhões de novos usuários de notebooks por ano, mulheres executivas, solteiros, animais domésticos, usuários de iPod, usuários de banda larga, idosos, pequenas empresas, fãs do Harry Potter, roupas para casual day, programadores de Java, classe E, blogueiros, ringtones e outros penduricalhos para celular "ainda" são mercados emergentes. Aproveite!
6. Seja o incubador dos seus próprios filhotes. Uma maneira inteligente de experimentar novos negócios sem gastar muito é incubá-los dentro da sua própria empresa. Defina um líder para o projeto, dê a ele carta-branca para utilizar os recursos da empresa como marketing, vendas, tecnologia, financeiro etc., e pau na máquina. Mantenha-os embaixo das suas asas até que os bichos tenham clientes e talento o suficiente para voarem sozinhos.
7. Encontre a próxima grande coisa. Participe de conferências globais que discutem o futuro do seu mercado, converse com formadores de opinião, cientistas, políticos e sociais, negocie com inventores, participe de eventos sociais, feiras de inovação, patentes e desenvolvimento.
8. Encontre um mentor para você. Todo mundo precisa de interlocução. Encontre alguém disposto a encontrá-lo(a) uma vez por mês para ouvir os seus problemas e ajudar você a clarear as idéias sobre o melhor caminho a seguir na sua empresa ou carreira. De preferência, encontre um mentor em quem você confia e que pensa diferente de você.
9. Crie um produto acessório. A TV digital vem aí: que tal oferecer algum acessório para esse futuro produto arrasa-quarteirões? Que tal fabricar algum acessório para o emergente iPhone?
10. Conquiste as grandes empresas. Seja especialista na oferta de produtos e serviços para uso interno em grandes empresas. Exemplos: cursos de idiomas, cursos técnicos, personal training, serviços de conciergerie, materiais de escritório, instalação de computadores, comunicação interna.
11. Seja uma mãe para as mães. Somente as mães compreendem o que é ser mãe. As mães do mundo precisam de ajuda! Elas precisam de suporte para encontrar os melhores produtos para os seus filhos e para tornar suas vidas mais fáceis. Quem vai ajudar?
12. Distribua para pequenas lojas. O Brasil será um grande País quando for possível encontrar uma grande variedade de produtos nas prateleiras das pequenas lojas espalhadas pelas suas pequenas cidades. Existe uma tremenda oportunidade aqui. O Brasil tem mais de 6 mil cidades e um trabalho de distribuição que ainda deixa muito a desejar.
13. Encontre o seu tempo sabático. O mundo não vai acabar se você largar tudo para esquiar no Chile ou deitar nas areias de Morro de São Paulo. Uma vez por ano, tire uma semaninha relax em algum lugar zen desse planeta.
14. Tenha a sua própria CIA, Agência Central de Inteligência. Faça pesquisas de mercado de todos os tamanhos e formatos possíveis. Entreviste, visite e fotografe clientes. Acompanhe o trabalho da concorrência. Confira o que rola do outro lado do mundo com empresas semelhantes à sua. Leia livros, relatórios e estudos sobre tendências. Mapeie os cabeças-chave entre os seus clientes. Procure saber mais sobre os seus clientes do que sobre a sua própria empresa.
15. Contrate direito ou não contrate. Eu acredito que existam pelo menos 10 milhões de brasileiros dispostos a estudar, trabalhar, se arriscar e se dedicar mais do que a grande maioria. Não contrate pangarés para a sua empresa. Segure a onda até encontrar alguém realmente bom. A empresa está proibida de crescer se não tiver pessoas de talento. Enquanto você não encontrar alguém, não permita o crescimento.
16. Volte a estudar. Nunca pare de estudar. Faça cursos rápidos, assista a palestras, participe de web seminários, troque experiências em fóruns de discussão on-line, leia ao menos 12 livros por ano. 12!!!
17. Não saia de casa sem o seu discurso de elevador. A qualquer momento você pode dar de cara com algum(a) cliente em potencial. Você está preparado(a) para responder a possíveis perguntas que ele(a) tenha? Exemplo: "Por que eu deveria fazer negócios com você?", "O que o(a) diferencia da concorrência X, W e Z?"
18. Permaneça em contato. Invista tudo o que você puder em bancos de dados, softwares de CRM e ferramentas de e-mail marketing. Dispare mensagens com conteúdo relevante 2x por mês. Eduque a força de vendas para criar ofertas personalizadas para os clientes. Seja proativo(a) na comunicação com todos o(a)s clientes da empresa.
19. Compartilhe tudo o que você puder. O europeu médio consome metade da energia elétrica que o americano médio consome — não porque exista menos tecnologia na Europa, mas porque os caras têm outra maneira de encarar a vida: eles compartilham espaço, compartilham comida, compartilham o poder de compra, compartilham experiências, compartilham tempo e compartilham transporte. O segmento de mercado de "compartilhamento de coisas" é uma possibilidade quase virgem no Brasil.
Em 2008, esteja aberto(a) para novas verdades! Vou torcer muito e trabalhar dobrado para que pelo menos seis das suas maiores convicções, verdades e certezas caiam por terra no ano que se aproxima.
Faça parte do segmento de mercado que mais cresce no mundo: as pessoas de bem. NADA MENOS QUE ISSO INTERESSA! QUEBRA TUDO! Foi para isso que eu vim! E você?
*Ricardo Jordão Magalhães é o mentor do movimento Ultra Verdadeiro e propõe a BizRevolution, consultoria empresarial e serviços para o mundo atual
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