20 janeiro 2009

SONORIDADE CEARENSE

Palavras do autor


Antes de tudo o mais... é preciso destacar que, sem a aprovação do projeto deste meu disco pelo IV edital de Incentivo às Artes, promovido pela SECULT-Secretaria da Cultura do Ceará em 2007, as gravações não teriam acontecido!

O trabalho passou por alguns anos de maturação em seu conteúdo e forma, e nesse ínterim algumas pessoas importantes para ele surgiram com sugestões, igualmente ricas. A oportunidade de muitas vivências foi absorvida e a decisão, enfim, foi a de, mais uma vez, valorizar as influências que fazem de mim o profissional que me sinto hoje.

Maduro em meu ofício, ciente do mercado profissional, mais ético do que nunca, coerente como jamais. Como um instrumento de fortalecimento da identidade coletiva da escola lítero-musical cearense, o CD tem em seu ambiente sonoro as manifestações da cultura regional, dispersos de forma discreta, porém não menos perceptível.

Fazendo menção aos primórdios da nossa formação musical (Oriente, de Eugênio Leandro) e algumas de suas principais influências, o formato acústico do CD nos aproxima ainda mais do seu universo temático.

São maxixes, chorinhos, sambas, flamencos e toadas que remontam a um déjà vu doméstico, íntimo, ao conhecido, a um recanto do nosso imaginário coletivo quando a música parecia narrar-nos a nossa própria história — e daí a nossa identificação natural com ela.

Entraram em cena compositores cearenses, arranjadores e instrumentistas cearenses, estúdio cearense, obras de e com autores cearenses, num abraço afetuoso de reconhecimento à pequena fração do que de melhor queremos e podemos produzir para o mundo.

Há uma questão de fundamental importância para o ambiente da cultura do mercado de produção de áudio que se faz aqui: o grau de maturidade dos profissionais desse segmento ultrapassa, em muito, a média do que se encontra na produção nacional, e portanto, abre precedentes para que uma infinidade de iniciativas, de projetos, de trabalhos sejam desenvolvidos com mão-de-obra integralmente local — uma visão meritória de toda a nossa construção ao longo do tempo.

Nesse contexto histórico, saudamos os compositores Evaldo Gouveia (Tango pra Tereza), hit romântico que compôs o cenário da música nacional a partir dos anos 1970 pela voz da “Sapoti“ Ângela Maria; Fausto Nilo, que nos trouxe a consciência poética da obra de Severino Araújo (Espinha de bacalhau).

Agradeço ainda o empréstimo de suas obras ao internacionalmente renomado Nonato Luís, que em parceria com Abel Silva, referência no mercado da composição, autorizou-me e estimulou o registro de sua gostosíssima composição Pagando pra ver; igualmente agradeço ao meu primeiro violonista, Marcílio Homem, que em dois momentos pontua o disco como resultado de parcerias distintas (Morena, com Alencar Menezes e Segredo, com Marcus Dias).

Do grupo de filhos da minha geração, a sorte me trouxe Alan Mendonça e Rafael Torres (Enquanto a cidade dorme) e, fechando o trabalho, um hino à espirituosidade do compositor, com Eudes Fraga e Eliakin Rufino (Poeta).

Impossível não agradecer a Adelson Viana, que em seus poucos momentos comigo trouxe luz a algumas questões técnicas; a Adriana Góis, que com um espírito pacífico e com serenidade administrou parte da burocracia que envolve a produção de um CD; a Hamilton Silva, operador de áudio que, sempre atento, buscou a melhor sonoridade para as nossas sessões de gravação; ao Cabeça e ao Antônio, que também participaram de momentos conosco.

Os músicos, todos, foram de uma sensibilidade e compreensão além da comum, e isso é motivo de muita gratidão e satisfação em tê-los comigo neste trabalho. Dessa forma Carlinho Crisóstomo, Carlinhos Patriolino, Eduardo de Holanda, Marcos Maia, Marcelo Randemarck, Nélio Costa, Adelson Viana, Edson Távora, Márcio Resende, Nilton Fiore e Rossano Cavalcante — obrigado pela presteza e pelo empréstimo de tantos talentos.

Outros amigos, como Moacir Júnior, Rejane Porto, D. Carminha e minha família deram suporte logístico nos dias que se seguiram. Mais outras pessoas também se somaram ao projeto, D. Evangelina e o Sr. Claudionor, Cely Dias e Vanda Melão (SEST-SENAT), Goreti Macedo e Ana Studart (Fundação Beto Studart), Rui Dias e Nerizeth Moreira (Queiroz Galvão), Marcelo Arraes e Dane Arraes (Distrivídeo), Colégio Nossa Senhora das Graças, Gárdia, Gláucia Studart (Taco & Pizza), Lucielena (Midiamix) e Inara (CD+).

É "só" um disco, mas o esforço valeu a pena pela qualidade sonora, e pelo conteúdo e forma atribuídos ao produto final. A certeza é a de que teremos juntos, no futuro, outros momentos prazerosos, sendo vividos e revividos nas ondas do rádio, em nossa memória déjà vu.



*Marcus Caffé empresta sua voz a projetos que refletem a ampla musicalidade dos artistas da terrinha.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Participe, deixando aqui sua opinião: