A onda agora é "sustentabilidade", depois de "qualidade total", "foco no cliente", "parceria", "inovação", "responsabilidade social" e etc. Todo mundo fala em sustentabilidade, as propagandas informam como as empresas estão interessadas no assunto e grandes debates, como o da hidrelétrica de Belo Monte, têm o tema em suas raízes.
O conceito é muito bom e foi usado pela primeira vez em 1987, por uma política e médica norueguesa chamada Gro Harlem Brundtland. Ela escreveu num documento da ONU mais ou menos o seguinte:
"Sustentabilidade é o desenvolvimento que atende às necessidades do presente sem comprometer a habilidade das futuras gerações de atender às suas próprias necessidades."
Muito bom mesmo, não é? Atuar no presente, cientes do nosso impacto e influência no futuro. Pois é. Então lembrei-me de que escrevi, anos atrás, um texto chamado "Coração empresarial", no qual eu dizia:
"Nas minhas andanças pelos EUA no começo dos anos 1990, em toda sala encontrei um quadrinho que falava da importância da diversidade (que é a necessidade de integrar as minorias -- negros, asiáticos, latinos etc., ao mundo dos brancos anglo-saxões). Fiquei encantado:
-- Puxa, as empresas estão entendendo que todo mundo é igual, que as diferenças de sexo, raça ou credo não tornam as pessoas mais ou menos dignas ou humanas.
Até que um alto executivo me explicou:
-- No futuro, aqui nos EUA, vamos ter muito mais negros, latinos e asiáticos. E essa gente só vai comprar produtos de empresas que empreguem gente igual a eles. E, se não começarmos a integrar essa gente, então no futuro não vamos conseguir vender para eles...
-- Ué, mas não é uma questão de valores humanitários, de entender que todos os homens são iguais, de não ter preconceitos?
-- Não. É uma questão de lucro."
Aquilo foi uma porrada! Eu era apenas um pobre jovem executivo idealista brasileiro, cheio de boa-vontade, sendo exposto à dura realidade: na briga dos valores morais com o lucro, quem se ferra é a moral.
Pois então... Sabe o que mudou desde que escrevi aquele texto? Só os modismos. E sustentabilidade é o modismo da hora.
Fazemos discursos maravilhosos, especialmente quando envolvem valores morais, mas apenas somos capazes de adotar pequenas ações táticas focadas na eficiência e que tenham resultados mensuráveis no curto prazo.
Coleta seletiva, uso de papel reciclado, economia de água, economia de energia... Essas ações são mais do que boas, são necessárias. E é ótimo que cada vez mais gente adote esses procedimentos, mas...
Sustentabilidade é muito mais que pequenas ações táticas. Sustentabilidade não pode ser comprada. Não é um modismo. Não é "invenção dos caras do meio ambiente".
Sustentabilidade, assim como a liberdade, não é uma "coisa", é uma relação. E a maioria das pessoas não está preparada para ela.
É sobre isso que falei no dia 18 de maio em São Paulo, na palestra "SustentHABILIDADE", realizada gratuitamente para convidados. Quis e quero provocar uma reflexão sobre nossa capacidade de fazer com que esse novo modismo não seja apenas mais um modismo.
Mais informações em www.istoelider.com.br
O conceito é muito bom e foi usado pela primeira vez em 1987, por uma política e médica norueguesa chamada Gro Harlem Brundtland. Ela escreveu num documento da ONU mais ou menos o seguinte:
"Sustentabilidade é o desenvolvimento que atende às necessidades do presente sem comprometer a habilidade das futuras gerações de atender às suas próprias necessidades."
Muito bom mesmo, não é? Atuar no presente, cientes do nosso impacto e influência no futuro. Pois é. Então lembrei-me de que escrevi, anos atrás, um texto chamado "Coração empresarial", no qual eu dizia:
"Nas minhas andanças pelos EUA no começo dos anos 1990, em toda sala encontrei um quadrinho que falava da importância da diversidade (que é a necessidade de integrar as minorias -- negros, asiáticos, latinos etc., ao mundo dos brancos anglo-saxões). Fiquei encantado:
-- Puxa, as empresas estão entendendo que todo mundo é igual, que as diferenças de sexo, raça ou credo não tornam as pessoas mais ou menos dignas ou humanas.
Até que um alto executivo me explicou:
-- No futuro, aqui nos EUA, vamos ter muito mais negros, latinos e asiáticos. E essa gente só vai comprar produtos de empresas que empreguem gente igual a eles. E, se não começarmos a integrar essa gente, então no futuro não vamos conseguir vender para eles...
-- Ué, mas não é uma questão de valores humanitários, de entender que todos os homens são iguais, de não ter preconceitos?
-- Não. É uma questão de lucro."
Aquilo foi uma porrada! Eu era apenas um pobre jovem executivo idealista brasileiro, cheio de boa-vontade, sendo exposto à dura realidade: na briga dos valores morais com o lucro, quem se ferra é a moral.
Pois então... Sabe o que mudou desde que escrevi aquele texto? Só os modismos. E sustentabilidade é o modismo da hora.
Fazemos discursos maravilhosos, especialmente quando envolvem valores morais, mas apenas somos capazes de adotar pequenas ações táticas focadas na eficiência e que tenham resultados mensuráveis no curto prazo.
Coleta seletiva, uso de papel reciclado, economia de água, economia de energia... Essas ações são mais do que boas, são necessárias. E é ótimo que cada vez mais gente adote esses procedimentos, mas...
Sustentabilidade é muito mais que pequenas ações táticas. Sustentabilidade não pode ser comprada. Não é um modismo. Não é "invenção dos caras do meio ambiente".
Sustentabilidade, assim como a liberdade, não é uma "coisa", é uma relação. E a maioria das pessoas não está preparada para ela.
É sobre isso que falei no dia 18 de maio em São Paulo, na palestra "SustentHABILIDADE", realizada gratuitamente para convidados. Quis e quero provocar uma reflexão sobre nossa capacidade de fazer com que esse novo modismo não seja apenas mais um modismo.
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