22 abril 2011

SOMENTE O NECESSÁRIO

Excesso, mais prejudicial que a falta 





Embora as pessoas reclamem com imensa frequência daquilo que não possuem, existe outra questão que merece toda a nossa atenção: aquilo que possuímos em excesso.

Aliás, os excessos costumam ser mais prejudiciais que as faltas, mas demoram mais para serem percebidos. As faltas nós notamos imediatamente, os excessos só quando despertam a nossa consciência.

Comemos em excesso (observe você mesmo/a), trabalhamos em excesso (anda cansado/a, não é?), guardamos coisas em excesso (dê uma olhada em suas gavetas), nos importamos em excesso com a opinião dos outros...

Há um excesso de preocupações e "acúmulo de gorduras” em diversas áreas de nossas vidas.

Em geral, possuímos mais do que necessitamos para sermos felizes, mas continuamos insistindo na desculpa de que "não somos felizes porque nos falta alguma coisa". E, de fato, falta: falta assumirmos um estilo de vida mais franco, sincero e liberto.

Tudo o que temos em excesso demanda tempo e energia para ser administrado. Roupas demais, CDs demais, bagunça demais, lembranças demais (fique com as que valem a pena, pelo aprendizado ou felicidade que trouxeram), compromissos demais, pressa demais.

Todos nos beneficiaremos com a prática de determinado nível de minimalismo (sem excessos, porque isso também pode ser demais e o problema é o mesmo, porém ao contrário). 

Podemos reinventar nossa maneira de viver, para viver com o necessário. Não precisa ser o mínimo necessário, podem haver algumas sobras, mas sem os exageros de costume.

Viver melhor com menos traz uma sensação de leveza e felicidade tão maravilhosa que todos devemos, ao menos, experimentar. Na melhor das hipóteses, aprendemos algo e adotamos um novo estilo de vida.

Quem está em processo de mudança, reconhece rápido o quanto acumulou de coisas em excesso, e aprende que pode viver tão bem, ou melhor, com muito menos.

Se vamos acampar, somos felizes apenas com uma mochila...

Liberte-se dos excessos de todo tipo: excesso de informação (aliás, muita coisa é só ruído, nem mereceria a sua atenção); excesso de produtos e serviços (consumismo é uma válvula de escape para não olharmos para a nossa própria existência e para o vazio que buscamos inutilmente preencher com compras); excesso de relacionamentos (nem todos valem a pena, não é verdade?). 

Viva mais com menos, experimente algum nível de minimalismo. Permita-se sentir-se livre dos acúmulos e excessos.

Nada é mais gratificante que a liberdade — a sensação de que você se basta, sem precisar de um arsenal de coisas, sons e cores ao seu redor. Dedique-se a experimentar essa libertadora sensação. 

Quem sabe viver com pouco, sempre saberá viver em quaisquer situações, mas aqueles que só sabem viver com muito, nas mínimas provações e ausências sofrem e se desesperam. Esses últimos se confundiram com seus excessos... e na falta deles, não se reconhecem.

Nunca sabemos se viveremos com o que temos, com mais ou menos no dia de amanhã, mas se aprendermos a viver com o que é essencial, provavelmente viveremos sempre bem.

Todo excesso é energia acumulada em local inapropriado, estagnando o fluxo da vida. Excesso de excessos corresponde à falta de si mesmo(a). E se o que lhe falta é você, nada poderá preencher esse vazio...


*Carlos Hilsdorf é economista, pós-graduado em Marketing (FGV), consultor corporativo, pesquisador do comportamento humano e palestrante. Autor de Atitudes Vencedoras (na 8.ª edição pela Ed. SENAC), é também conselheiro da Associação Brasileira de Qualidade de Vida




SAIBA MAIS
www.carloshilsdorf.com.br

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