Desmatamento ameaça
energia de Belo Monte
Se a perda de vegetação nativa atingir 40% da Amazônia, em 2050 a capacidade de produção de energia em Belo Monte cairá para 25% |
Em plena mudança do clima
global, o valor das florestas para o equilíbrio do planeta ainda é contestado.
Mas um estudo publicado nesta semana por pesquisadores brasileiros na revista
americana PNAS demonstra que, sem as matas tropicais, nem mesmo a produção de
energia elétrica pode se sustentar.
A pesquisa comprova que,
quanto mais floresta, maior será o potencial de usinas hidrelétricas
localizadas na região amazônica. Isso porque a relação entre as florestas e a
chuva é dinâmica: as árvores liberam vapor d’água, aumentando a precipitação.
Menos árvores, menos água para gerar energia.
Focado na usina de Belo Monte,
o trabalho considerou a influência que a floresta tem na produção de chuva e
como o desmatamento pode reduzir esse potencial. Nos níveis atuais de perda
florestal, o volume de chuva é entre 6 e 7% menor do que com a cobertura
florestal completa.
Num cenário ainda pior, onde a
perda de vegetação nativa atinja 40% do bioma, em 2050, o volume de chuva seria
reduzido de 11 a 15%, fazendo com que a capacidade de produção de energia em
Belo Monte caia a 25% da capacidade máxima da planta ou a 40% das próprias
projeções da usina.
Por outro lado, se houvesse
uma recuperação de tudo o que já foi desmatado na Amazônia, a produção de Belo
Monte chegaria à sua capacidade máxima instalada, de 11,2 mil megawatts. Belo
Monte foi projetada para ser a terceira maior usina do mundo e suprir 40% do
crescimento do Brasil em produção de eletricidade até 2019.
“Acabar
com o desmatamento deveria ser visto como uma questão de segurança energética
nacional”, afirmou ao jornal Folha
de S.Paulo um dos
autores do trabalho, Daniel Nepstad, do Instituto de Pesquisa Ambiental da
Amazônia (Ipam).
(conteúdo publicado por Nathália Clark em www.greenpeace.org)
(foto: Daniel Beltrá / Greenpeace)
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