26 maio 2015

BIODIVERSIDADE + CIDADANIA


“É preciso encontrar novas formas
de comunicar temas ambientais”*




Poucos nomes brasileiros têm a força e credibilidade que Fernando Meirelles possui no cenário do cinema internacional. Consagrado por filmes como Cidade de Deus, Ensaio sobre a Cegueira e O Jardineiro Fiel, o diretor, produtor e escritor paulista vem encarando um novo desafio: comunicar a temática ambiental (uma de suas paixões) de forma envolvente e criativa. 

“A comunicação, não apenas do cinema, mas também em suas demais formas, tem sido muito biodesagradável e ecochata quando se fala de meio ambiente. É preciso mostrar para as pessoas a importância da conservação da natureza sem focar apenas no catastrófico”, afirma.

É esse o recado que o cineasta tentará passar aos participantes do VIII Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação (CBUC), um dos maiores eventos sobre o tema na América Latina e que terá sua oitava edição entre 21 e 25 de setembro, em Curitiba/PR. 

No evento, que é realizado pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, instituição que completa 25 anos de atuação neste ano, ele falará sobre o tema Como conectar pessoas: unindo biodiversidade e cidadania.

De acordo com Malu Nunes, diretora executiva da Fundação Grupo Boticário, a participação do cineasta enriquece as discussões sobre como mobilizar pessoas pela causa conservacionista, em um momento em que o país enfrenta sérias crises ambientais, especialmente relacionadas à segurança hídrica. 

“Meirelles é uma das grandes referências do cinema brasileiro, além de ser extremamente ligado às questões ambientais, o que o torna muito importante na sensibilização das pessoas para a necessidade de engajamento nessa causa”, destaca.

Aproximar o meio ambiente das pessoas

Para Fernando Meirelles, um ponto importante ao tratarmos de meio ambiente é que a comunicação precisa sensibilizar o público, mostrando que esse tema é urgente. Ele alerta, porém, que é preciso fazer isso de forma com que as pessoas “embarquem na narrativa e queiram fazer parte desse universo porque é bacana e importante para elas e não porque é politicamente correto”, explica.

Meirelles produziu em 2014 o documentário Lei da Água (Novo Código Florestal), que mostra as consequências das mudanças nessa legislação, a qual diminuiu as áreas de proteção permanente em propriedades rurais no Brasil. 

“Ainda trabalhamos de certa forma mostrando um cenário pessimista, mas acredito que estamos caminhando e aprendendo como comunicar melhor a questão ambiental”, afirma. Em 2015, o filme chega à telona de forma diferente do convencional: via Catarse, um site de crowdfunding – iniciativa na qual as pessoas pagam antecipadamente para garantir o financiamento da causa escolhida. Dessa forma, o documentário pode chegar a várias cidades e o público se engaja desde antes de assistir ao filme.

Fernando Meirelles destaca que o tema ambiental sempre chamou sua atenção e que ele pretende conhecer mais pessoas que trabalham com essa questão. “Sinto que vou ao CBUC mais para ouvir do que para falar. Minha vida tem me levado para esse lado da conservação e quero aprender mais sobre o assunto e compartilhar experiências”, conclui. 

Para seu próximo trabalho, ele está produzindo uma série de ficção sobre o aquecimento global para a rede inglesa BBC, com foco nos mares e oceanos.



Fernando Meirelles

SERVIÇO:
Documentário Lei da Água (Novo Código Florestal)
Assista na sua cidade, comprando o ingresso antecipadamente neste link.

VIII Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação
Data: 21 a 25 de setembro
Local: Curitiba/PR





*por Juliana Guarexick em www.envolverde.com.br
Imagem em www.frontpagemag.com


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