Centenas de pessoas compareceram em um sábado desses à Praça da Sé — o marco zero da capital paulista —, para prestigiar e engrossar o Pelotão de Choque Cultural Contra a Mesmice e a Burrice Nacionais, idealizado pelo jornalista paraibano Assis Ângelo.
Assis é um incansável divulgador da mais legítima cultura popular, agitando em vários suportes — jornal, livro, rádio, TV, internet — e, agora, levando diretamente às pessoas o seu vasto conhecimento nesse campo.
Ele aproveitou a ocasião para lançar (literalmente) ao público o seu mais novo livro, o Dicionário Gonzagueano — de A a Z. O volume é riquíssimo documento sobre a vida e obra do "rei do baião" Luiz Gonzaga, contendo entrevistas, fotos e completa discografia do grande
sanfoneiro, cantor e compositor.
O "Dicionário do Lua" saiu dia 13 de dezembro também para marcar o Dia Nacional do Forró — uma idéia genial do Assis que se tornou realidade a partir de projeto da deputada federal Luiza Erundina —, criado em 2005 para homenagear este imortal fenômeno da música brasileira.
Na praça, cantaram e dançaram com Assis ao som de forró, baião, toada e outros ritmos musicais todos que compareceram à festa, ou ato político-cultural — que começou por volta do meio-dia e se estendeu por quase 3 horas.
Subiram ao palco artistas como Joel Marques e Carlos Randall, interpretando Paraíba, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira; a rainha do forró, Anastácia; Lino de França e Grupo, acompanhando Janaina Pereira; e mais Valdeck de Garanhuns, Cacá Lopes, Nininho de Uauá, Costa Senna, Roberto Melo, os grupos musicais Banda de Pífanos de Caruaru, Trio Sabiá e ainda os poetas repentistas Sebastião Marinho e Luzivan Matias. O cordelista Marco Haurélio declamou trechos do folheto Foi voando nas asas da Asa Branca /Que Gonzaga escreveu a sua história, também lançado ao público na ocasião.
O Pelotão de Choque Cultural — que, conforme o seu idealizador, foi criado para discutir os rumos da cultura popular brasileira nos meios de comunicação —, integrou a programação comemorativa dos 60 anos da primeira gravação de Asa Branca, o “hino dos nordestinos”, registrada na saudosa voz de Luiz Gonzaga (no dia 3 de março de 1947 no Rio de Janeiro).
A programação começou na Praça da Sé e seguiu pela Praça Benedito Calixto (Pinheiros), terminando na madrugada de domingo 4, na casa de espetáculos Remelexo Brasil, naquele bairro (Zona Oeste de São Paulo).
Ao fim da festiva jornada, Assis Ângelo admitiu estar bem satisfeito pelo sucesso do evento, que foi coordenado pela produtora Andrea Lago. Tem mais: tudo foi gravado pela equipe do programa Tão Brasil, da TV Aberta e da AllTV, para posterior edição de um CD e de um DVD.
E o seu Dicionário Gonzagueano... é ótimo de se ler: só mesmo esse "cabra bão" para juntar, em mais de 220 páginas, tantas deliciosas revelações sobre a carreira do "mestre Lua", acompanhando tudo com depoimentos reveladores de Dominguinhos, Sivuca, Hermeto Pascoal, Oswaldinho do Acordeon, Anastácia e Carmélia Alves, a Rainha do Baião.
Uêba: agora você também pode cantar Asa Branca
Quando oiei a terra ardendo
Qua fogueira de São João
Eu perguntei a Deus do céu, uai:
Por que tamanha judiação?
Que braseiro, que fornaia!
Nem um pé de prantação
Por farta d'água, perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão
Inté mêmo a asa branca
Bateu asas do sertão
Entonce eu disse: adeus, Rosinha!
Guarda contigo meu coração!
Hoje longe muitas légua
Numa triste solidão,
Espero a chuva cair de novo
Pra eu voltar pro meu sertão
Quando o verde dos teus óio
Se espaiá na prantação
Eu ti asseguro: não chore não, viu?
Que eu voltarei, viu? Meu coração.
A produtora Andréa Lago coordenou a iniciativa na esplanada da Sé paulista dia 3 de março
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