Cuidar da natureza
A Ciência demonstra que as desordens que afetam o meio ambiente são fruto da ação humana
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lançou, ontem (em Fortaleza seria hoje), a Campanha da Fraternidade 2011, com o tema Fraternidade e a vida no planeta.
O evento ocorre anualmente na abertura da Quaresma, na Quarta-feira de Cinzas.
O evento ocorre anualmente na abertura da Quaresma, na Quarta-feira de Cinzas.
Trata-se da a 47.ª edição da Campanha, criada em 1964. Com o tema, a igreja pretende incentivar ações que preservem a vida no planeta. E não é a primeira vez que a instituição aborda a questão do meio ambiente: em 1979 e 2007 o tema esteve no alvo da campanha. A última foi Fraternidade e Amazônia – vida e missão neste chão.
Sua fundamentação religiosa está no trecho da Epístola de São Paulo aos Romanos: “Pois sabemos que a criação inteira geme e sofre as dores de parto até o presente” (Rm 8,22). Ou seja, o autor chama a atenção para o fato de que existe um fenômeno intrínseco a todo o criado: a deterioração, a degradação. É aquilo que outras tradições religiosas chamam de “impermanência”.
E que a Ciência identificou como Lei da Entropia, segundo a qual, a tendência universal de todos os sistemas — incluídos os econômicos, sociais e ambientais — é passar de uma situação de ordem à crescente desordem. Para os cristãos essa desordem (ou corrupção) é o que eles classificam como “pecado”, que teria afetado o próprio ordenamento natural.
De fato, as pesquisas científicas demonstram que as desordens que afetam o meio ambiente, modificando o clima (com o aumento descomunal da temperatura do planeta), são fruto da ação humana. A falta de respeito às leis naturais — sob o pretexto de “dominar a natureza” — é um equívoco alimentado pelo próprio Judaísmo / Cristianismo, ao colocar o homem como dominador: “Enchei a terra e submetei-a” (Gen 1,28-29).
De fato, as pesquisas científicas demonstram que as desordens que afetam o meio ambiente, modificando o clima (com o aumento descomunal da temperatura do planeta), são fruto da ação humana. A falta de respeito às leis naturais — sob o pretexto de “dominar a natureza” — é um equívoco alimentado pelo próprio Judaísmo / Cristianismo, ao colocar o homem como dominador: “Enchei a terra e submetei-a” (Gen 1,28-29).
Na verdade, o termo correto deveria ser “cuidador” — e não “dominador”.
A revisão, pelo Cristianismo, de sua interpretação tradicional, o torna um aliado de todos os que se mobilizam para barrar o desatino nessa área. E é urgente essa mobilização.
A revisão, pelo Cristianismo, de sua interpretação tradicional, o torna um aliado de todos os que se mobilizam para barrar o desatino nessa área. E é urgente essa mobilização.
Fortaleza, por exemplo, foi surpreendida, neste último fim de semana, por uma iniciativa clamorosa: a devastação sorrateira (ainda que formalmente legal) de um bosque existente em plena selva de pedra em que a cidade se transformou. Como se sobre aquela área não pairasse uma “hipoteca social”.
Já é hora de encarar essas questões com mais sensibilidade — tanto o poder público como o setor privado.
(editorial do jornal O Povo de 10.03.11)
(imagem: fondescrans.com)
(imagem: fondescrans.com)
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