Florestal criticada por ambientalistas
A Câmara Federal dos Deputados aprovou no início da noite de quarta-feira (25) o texto-base do novo Código Florestal, com as mudanças propostas pelo relator do projeto, o deputado Paulo Piau (PMDB-MG).
Após horas de discussões, os deputados aprovaram por 274 votos a 174 e 2 abstenções as mudanças feitas por Piau, contrariando a orientação do Palácio do Planalto. A versão do Código Florestal feita por Piau é contestada por ambientalistas, uma vez que é considerada ainda mais favorável aos interesses do ruralistas do que o projeto construído no Senado.
Antes mesmo de encerrada a votação, ambientalistas iniciaram nas redes sociais uma campanha para a presidente Dilma Rousseff vetar o Código. A bancada do PT, que votou contra o projeto de Piau, deu indicações de que Dilma deve fazer isso. A própria presidente aventou esta hipótese, sem esclarecer, no entanto, se vetaria o texto na íntegra ou apenas alguns pontos. Os ministérios do Meio Ambiente, do Desenvolvimento Agrário e da Agricultura também eram favoráveis à versão do Senado.
O resultado revela um racha entre a bancada do PMDB e o governo. Os deputados do partido, dos quais muitos são ruralistas, votaram em peso a favor do texto de Paulo Piau.
Piau chegou a reformular o seu parecer antes da votação. O principal problema do relatório era a retirada de percentuais mínimos de recuperação das Áreas de Preservação Permanente (APPs) desmatadas nas margens de rios localizados dentro de propriedades rurais. Eram áreas a 15 metros dos rios e córregos com até 10 metros de largura. Além disso, Piau repartia entre o governo federal e os governos estaduais a obrigação de legislar a respeito das APPs.
Em reunião de líderes nesta terça, Piau foi obrigado a devolver este artigo ao texto, pois ele já havia sido aprovado pela Câmara e pelo Senado. Ainda assim, Piau conseguiu fazer uma alteração considerada inaceitável pelo governo e por ambientalistas, que dá aos estados e municípios o poder de delimitar as áreas de preservação em cursos d’água de regiões urbanas.
Outra mudança que irritou o governo e os ambientalistas diz respeito aos princípios do Código Florestal. O texto que saiu do Senado afirmava que o Código Florestal era, primordialmente, uma lei ambiental. Sem este dispositivo, a impressão é de que a bancada ruralista está querendo transformar a lei em uma anistia aos desmatadores.
*publicado originalmente em www.cartacapital.com.br
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