O grau de humanização de uma sociedade pode ser
medido pela forma como nela são tratados os animais
medido pela forma como nela são tratados os animais
As confusões reinantes no planeta por conta de guerras e crises financeiras tiraram de foco um importante manifesto lançado, há duas semanas, por neurocientistas, alertando para confirmações de pesquisas que apontam a existência de graus de consciência —mais do que os suspeitados— em animais. As implicações de tais resultados poderão revolucionar a forma como os humanos veem e se relacionam com os animais.
A prova de que não se trata de sensacionalismo está na respeitabilidade de instituições envolvidas na pesquisa – tais como os institutos de tecnologia Caltech, MIT e Max Planck. A eles pertence o grupo de neurocientistas responsável pelo manifesto no qual se afirma que o estudo da neurociência evoluiu de modo tal que não é mais possível excluir mamíferos, aves e até polvos do grupo de seres vivos que possuem consciência.
A declaração está sendo encarada como um possível marco divisor na forma como o pensamento filosófico e o pensamento político encararam a questão dos animais até agora.
Tais conclusões reforçam a luta pelos direitos dos animais. O racionalismo ocidental havia quebrado a respeitosa visão originária das antigas tradições em relação aos bichos. No entanto, no próprio Ocidente, a evolução da doutrina dos direitos fundamentais levou à incorporação também de outros seres vivos, além dos humanos.
Hoje, não é possível conceber o Estado Democrático de Direito sem incluir uma legislação protetora dos animais. É a base para se combater a crueldade contra eles.
Por isso, o grau de humanização alcançado por uma sociedade pode ser medido também pela forma como nela são tratados os animais. O combate à crueldade deve ser feito não só pela repressão, mas, sobretudo, pela educação.
Em certas áreas rurais, por exemplo, considera-se natural a tortura empregada por crianças e adolescentes contra animais silvestres e domésticos. Isso embota a qualidade da compaixão e cria as condições psicológicas para a violência contra o próprio ser humano.
Que esta nova descoberta da ciência sirva para remover tal deformação cultural e melhorar a legislação e as formas de tratar os animais, inclusive, os meios de abate dos que são sacrificados para servirem de alimento ao bicho homem. Até que um dia, quem sabe, o próprio abate possa ser dispensado para sempre.
(Editorial publicado em www.opovo.com.br)
(imagem em petshopandmore.com)
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