“Buscavidas” do argentino Carlos Trillo e do uruguaio-argentino Alberto Breccia, reúne histórias publicadas nos anos 1980, em que um estranho e rotundo personagem caça relatos da vida de pessoas de todo tipo, como ocupação integral. Não se sabe quem ele é, ou de onde vem, e seus traços fisionômicos são inexpressivos.
Não
obstante, tais relatos têm, invariavelmente, tortuosos e surpreendentes
enredos, cujos desfechos nunca são felizes, catalogando, para os “arquivos”
deste “colecionador”, contextos tão exóticos quanto familiares, retratando a
sociedade contemporânea que habitamos.
Há sempre
um detalhe mórbido ou picaresco nessas histórias, e os desenhos, sim, os
desenhos em P&B de Breccia – que magistralmente já colaborara com o também argentino Héctor Oesterheld (roteirista desaparecido em 1977 durante a ditadura militar) em “El Eternauta”, onde desenvolveu sua ímpar criatividade –, evoluíram para um traço inimitável, avassalador, desnorteante, muito particular.
O artista
afronta limites acenando caricaturalmente à técnica do chiaroscuro e transcende o comportamento e as fronteiras
possíveis de uma história em quadrinhos: se Trillo é genial, Breccia é
bestial.
Os dois juntos vieram celebrar um encontro póstumo, nesta versão
brasileira da Comix Zone (2020), que é verdadeiramente para connaisseurs. Confira.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Participe, deixando aqui sua opinião: