01 setembro 2006

BISCOITO FINO

Exercitando o pensamento


Um menino vivia dizendo, a respeito de um colega: "Desejo tudo de ruim para ele. Quero matar esse cara!" Seu pai, um homem simples mas cheio de sabedoria, escuta calmamente o filho, que continua a reclamar: "O Juca me humilhou na frente dos meus amigos. Não aceito isso! Gostaria que ele ficasse doente, sem poder ir à escola!"

O pai escuta tudo, calado, enquanto caminha em direção a um abrigo onde guardava um saco cheio de carvão. Levou o saco até o fundo do quintal, enquanto o menino o acompanhava. Zeca vê o saco ser aberto e, antes que possa fazer alguma pergunta, o pai lhe propõe algo: "Filho, faça de conta que aquela camisa branquinha que está secando no varal é o seu amigo Juca, e que cada pedaço de carvão dentro do saco é um mau pensamento seu endereçado a ele. Quero que você jogue todo o carvão do saco na camisa, até o último pedaço. Depois eu volto, para ver como ficou."

O menino acha que seria uma brincadeira bem divertida, e põe mãos à obra. O varal com a camisa estava longe, e poucos pedaços de carvão acertavam o alvo. Uma hora se passou e Zeca terminou a tarefa. O pai, que a tudo espiava de longe, aproxima-se do menino e pergunta: "Filho, como está se sentindo?"

"Estou cansado, mas estou alegre porque acertei muitos pedaços de carvão na camisa", responde o pequeno. O pai olha, impassível, para o menino que não consegue entender a razão daquela brincadeira, e lhe fala: "Venha comigo até o meu quarto, quero mostrar-lhe uma coisa." O filho segue o pai até o quarto e é colocado na frente de um grande espelho, onde pode ver todo o seu corpo.

Que susto! Só consegue enxergar seus dentes e os olhinhos, arregalados! O pai então lhe diz, ternamente: "Filho, você viu que a camisa no varal quase não se sujou, mas olhe só para si mesmo! Pois o mal que desejamos aos outros é como o que lhe aconteceu. Por mais que possamos atrapalhar a vida de alguém com os nossos pensamentos a borra, os resíduos, a fuligem ficam sempre em nós mesmos."

"Porisso", finalizou o homem, "tome cuidado com os seus pensamentos, pois eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras, pois elas se transformam em ações. Cuidado com suas ações, pois elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus hábitos, pois eles moldam o seu caráter. Por fim, cuide bem de seu caráter, pois ele controla o seu destino."

Sem dizer uma palavra, corado e cabisbaixo, o menino caminha, rápido mas silenciosamente, para o chuveiro. O pai agradece em seu pensamento o dom da palavra e a bênção do discernimento ao Deus Onipotente.


Adaptação do editorial (boletim YMCA Acontece n.º 6) assinado por Luiz Carlos Gonzaga,
secretário-geral da Federação Brasileira das Associações Cristãs de Moços (SP)
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