05 junho 2006

É BURRICE?

A "estratégia Bin Laden"


Osama Bin Laden talvez seja quem melhor usou a arma mais eficiente deste milênio, a mídia. Numa avaliação rasteira, eu diria que os aviões atingindo as torres-gêmeas foram apenas 40% do evento. Os outros 60% ficaram por conta da mídia. Você contou quantas vezes viu a cena dos aviões chocando-se com as torres? Foram meses e meses de repetição, elevando o impacto do atentado a níveis impensáveis. As torres não caíram em Nova York. Caíram na sala da minha casa...

Pois acabamos de ter uma amostra de até onde a mídia pode ser usada pelo terror. No caso, foi o PCC com aquela série de ataques na cidade de São Paulo. Os ataques foram 40% do evento. Os outros 60% ficaram com a mídia, que ampliou o alcance do problema para nível planetário. As emissoras de televisão e de rádio mais importantes passaram o dia e a noite cobrindo os atentados, atualizando a cada segundo o número de mortos e de ônibus queimados e jogando na sala de minha casa a viúva, o órfão e os corpos dos policiais mortos.

São Paulo viveu um apagão. Mas desta vez não foi um apagão de energia. Foi um apagão de racionalidade, uma demonstração de que não temos planos de contingência para coisa alguma neste país de administradores amadores. Já pensou no dia em que um furacão passar por aqui? No dia em que um terremoto acontecer? No dia em que uma praga nos atingir? Vai ser um Deus nos acuda...

Afinal, estamos ocupados demais trabalhando, fazendo “política” ou brincando de administrar, para gastar tempo elaborando planos para lidar com catástrofes ou situações de pânico. Mal e mal conduzimos nosso dia-a-dia rotineiro e nossos planinhos de curto prazo... Vivemos em sociedade como amadores. E naquela semana, tivemos a prova disso. Para os profissionais, nada do que ocorreu foi imprevisível. Nada do que ocorreu foi inevitável. Nada foi surpresa. Só os amadores ficaram perplexos.

E o PCC mostrou que é profissional. Aprendeu a usar a “estratégia Bin Laden”. E a mídia não se importa em ser usada, desde que tenha as melhores imagens e os melhores dramas. Desde que consiga a audiência. E nesse processo comercial, valores morais são detalhes... Nada de novo, afinal cabe à mídia informar, não é?

Mas sabe o que me incomoda? É a repetição insana daquele zoom no olho da viúva, esperando uma lágrima. É a música de fundo durante as imagens do enterro. É a montagem de imagens sobrepondo o ônibus queimado ao corpo no chão, a vidraça estilhaçada com o transeunte desesperado, a poça de sangue com os presos no telhado... Tudo editado num ritmo de filme de ação. O vídeo-clipe do terror. A notícia transformada em espetáculo. Expostos às técnicas de cinema da mídia, em especial a televisiva, reagimos com mais emoção do que razão. Do jeitinho que Bin Laden quer.

A mídia tem que informar. Nós precisamos saber. Mas uma perguntinha me incomoda... Ter a mídia a serviço dos bandidos é inteligente?
Ou será burrice?


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O colunista Luciano Pires é jornalista, escritor, conferencista e cartunista. Acesse
http://www.lucianopires.com.br/

TANTRA

Um pouco do conceito, sem pré-conceitos

O Tantra é escrito na linguagem do amor, não na linguagem da lógica. Quando você está em profundo amor, sua mente deixa de existir. Não existe passado; somente o momento presente torna-se tudo. O presente é o único tempo, o agora é tudo — nenhum passado, e nenhum futuro.

Todos os ensinamentos religiosos estão preocupados com o “como se ir além da inconsciência”, “como se ficar consciente”. Para o Tantra, isso é uma dualidade — inconsciente e consciente. Se você se move do inconsciente para o consciente, você está se movendo de uma parte da dualidade para a outra. Mova-se para além de ambas! Então, simplesmente seja!

"Deus é amor" é uma afirmação tântrica. Significa que, em nossa experiência, o amor é a única realidade que chega mais perto de Deus, do divino, porque no amor a unidade é sentida. Por isso existe tanto anseio por sexo. O anseio real é por unidade, mas essa unidade não é sexual. No sexo, dois corpos têm somente a sensação ilusória de se tornarem um, mas eles não são um, eles estão apenas juntos.

Por um simples momento, dois corpos se esquecem de si mesmos — um está no outro e uma certa unidade física é sentida. Esse anseio não é ruim, mas ficar parado nele é perigoso, já que mostra um profundo impulso para sentir-se “a” unidade. No amor, em um plano superior, o "eu interior" se move, funde-se com o outro — e existe aí a unidade. A dualidade se dissolve. Então, mova-se além do sexo.

“O Tantra diz para aceitar o que quer que você seja. Você é um grande mistério de energia multidimensional; aceite isso e mova-se com toda a energia, com profunda sensibilidade, atenção, amor e compreensão. Mova-se assim e então cada desejo torna-se uma ajuda. Então, esse próprio mundo é o Nirvana, este próprio corpo é o Templo — um Templo Sagrado.” (Osho)

Tantra é uma maneira de se usar o corpo e a mente como instrumentos físicos da realização divina. O corpo e a mente constituem o “eu inferior”, e juntos eles têm uma tendência para dirigir as suas ações, a fim de perpetuar a sua existência, como se apresentam. Mas o Tantra tem o propósito de liberar e transformar o corpo e a mente em sua jornada espiritual.

Tantra é uma ferramenta para lidar com o mundo físico, e é experienciado pelo corpo físico. A raíz "tan" sugere "extensão" e a atenuação que nos dá a palavra “tênue” em Português. “Tan-tra” é então o estado sublime que se cria quando a mente, o ego e o intelecto tornam-se inativos através de uma experiência de fusão sensorial — como, por exemplo, a massagem.

A massagem tântrica é sempre aplicada entre parceiros amorosos ou casais, pois deve existir a troca de polaridades. É essencialmente preventiva e age para restabelecer o equilíbrio físico-espiritual do indivíduo. Harmoniza os corpos energéticos, previne doenças estimulando as defesas naturais do organismo e atua principalmente sobre os sistemas glandular e endócrino(chakras), além de tratar fraquezas gerais do coração, fadiga, desequilíbrios nervosos, perturbações mentais e emocionais e harmonizar a sexualidade.

Além de ser algo muito prazeroso, a massagem tenta elevar a energia kundalini até o chakra do coração, para provocar a expansão da consciência. Faz-se bastante alongamento na coluna, que é por onde kundalini se manifesta, e no mínimo a pessoa consegue ter insights dessa energia. Kundalini é uma energia de vida com capacidade de provocar a elevação do ser. Kundalini alimenta todos os nossos chakras, que são outro nível muito trabalhado pela massagem tântrica.


SAIBA MAIS
O colunista Marcelo Dhyana é terapeuta corporal e sannyasin* e está residindo novamente em São Paulo.

marcelodhyana@globo.com

*Um “sannyasin” é um monge que fez seus votos finais de renúncia, de acordo com certos ritos hindus.