22 setembro 2007

O QUE SERÁ, SERÁ?

Já parou pra pensar?



Será que é motivo, será que é pretexto?

Você só está vivo ou pertence ao contexto?

Se o que você chama de amor for doença,
Se o que você prega é menor que sua crença,
Será que é racismo ou será preconceito?

Será que é altruísmo ou só mais um defeito?

Se o que você acha que vem da infância
Controla sua vida ou não tem relevância,
Será que é certeza ou somente vaidade?

Será que é riqueza ou é felicidade?

Será que é sentença ou seu ponto de vista?

Se o que você pensa equivale à conquista,
Já parou pra pensar, já parou pra pensar, já pensou... ? (refrão)

Será sentimento ou será que é só sexo?

Se o seu sofrimento é uma dor que tem nexo,
Será que é malícia ou é só distração?

Será que é polícia ou será que é ladrão?

Será que é sincero ou é só fingimento?

Será que o que eu quero é só nesse momento?

Será que é desejo ou será que é vontade?

Se tudo o que eu vejo é a mais pura verdade,
Será que é tristeza ou é só depressão?

Será que é da natureza ou da situação?












*David Duarte é compositor, instrumentista e intérprete de sua época


DAPRAIA FUNNY PAGES

Hora de relaxar


Tudo de uma vez ao mesmo tempo agora (lá em casa!)






por Guabiras

Anderson Lauro







por Denilson Albano

O que foi que o papai ensinou?















por Jefferson Portela





VEJA MAIS
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FLOR DE MACAXEIRA

Muito além da ilustração


A inusitada caricatura de Drummond criada por Carlus Campos para ilustrar a matéria O poeta gauche de sete faces (publicada em 12 de agosto deste ano no caderno Vida & Arte Cultura do jornal O Povo de Fortaleza) conquistou o primeiro lugar da categoria no 9.º Festival Internacional de Humor e Quadrinhos de Pernambuco.

Leigos poderiam avaliá-la como uma simples caricatura, tradicional e com a esperada ênfase exagerada nas características físicas de Drummond. Mas o olhar especializado do júri do FIHQ 2007 não teve a menor dúvida em premiá-la, entre mais de 700 trabalhos de artistas de 28 países, com o primeiro lugar da categoria Caricatura do Salão, cuja exposição fica em cartaz até 7 de outubro nas dependências da Torre Malakoff, em Recife (PE).

Quem assina a imagem é Francisco Carlus Campos, o Carlus (ou Carlão, como é conhecido na redação do jornal em que trabalha). Para conseguir o resultado final, o ilustrador e caricaturista resolveu pôr a mão na massa — ou melhor, na macaxeira. Sim, a cabeça de Drummond, na imagem, foi esculpida a partir daquele rizoma também conhecido, Brasil afora, como aipim.

A caixa que guarda a peça recebeu texturas de tinta acrílica, assim como o inusitado "Drummond". Depois, o próprio Carlus fotografou a peça e, no computador, fez as interferências necessárias com o software Photoshop. "Confesso que, quando terminei, ela (a caricatura) me surpreendeu. Aproveitei esse trabalho e mandei-o pro Salão. E aí venceu, né?", conta Carlus, revelando a timidez e poupando predicados à própria arte.

Quem vê tanta humildade numa resposta com certeza se impressiona com o currículo do artista. Carlus Campos já faturou o primeiro prêmio no mesmo Salão, em 2002, também na categoria Caricatura. Este ano, foi finalista com outras três peças inscritas na modalidade Ilustrações Editoriais. Em outras edições do FIQH, recebeu menções honrosas e já obteve destaque em eventos nacionais e internacionais — como o Salão Nacional de Humor de Lajeado (2002) e Le Salon International du Dessin de Presse et d'Humour Saint-Just-Le-Martel (França, 1994).

O sucesso das caricaturas e ilustrações de Carlus deve-se, principalmente, à ousadia do artista, que gosta de sair do trivial na hora de desenhar. "Ultimamente estou experimentando sair um pouco do traço e do papel e começando a usar fotografia. Faço a foto e faço interferências com desenho. É uma procura que a gente faz de sair do senso comum da caricatura, da simples distorção. Procuro levar um caminho mais para a arte. É um diferencial", detalha.

A construção artística de Carlus segue uma tendência de inovação na composição das imagens caricaturais. Ultimamente, nos salões internacionais de humor de Piracicaba e de Pernambuco, alguns dos mais importante do País, os primeiros lugares foram justamente para os trabalhos que buscaram esse tipo de viés surpreendente. O artista toma esta idéia para si por ela romper as barreiras que delimitam o que é um ilustrador e o que é um artista plástico.

"De repente você é um caricaturista tradicional, que só trabalha com bico de pena, mas de repente você é um artista plástico, de outra área, mas que tem uma sacada de um trabalho que é das duas áreas", explica. Na conquista desse primeiro lugar, Carlus Campos faturou R$ 6.000, quantia que já tem destino certo. "Vou sair do vermelho, né? Quem sabe comprar um computador novo?". Para quem quer seguir a carreira de caricaturista e ilustrador, vai aí a dica preciosa do vencedor: "O segredo do caricaturista, do ilustrador de humor, é estar antenado com o que está rolando, tanto em termos de arte como de fatos. Isso é fácil porque a gente tem um mundo na Internet, mas tem que estar sempre descobrindo técnicas, se reciclando", conclui.

PRIMEIROS TRAÇOS
Todo artista mostra que é da área logo na infância. Com Carlus Campos não foi diferente: o artista começou a revelar-se ainda pequeno em Russas, no interior do Ceará. "As lembranças mais remotas que tenho são debaixo de um pé de tamarindo que ficava em frente lá de casa. Quando chovia, ficava aquele chão úmido. Então eu começava a reproduzir monstros de seriados de TV que eu via naquela época", lembra.

Autodidata, Carlus praticou desenho durante toda a infância e adolescência. Profissionalmente, mesmo, ele começou só em 1997, quando chegou ao jornal O Povo como estagiário e, por sua competência, acabou ficando. Atualmente, Carlus estuda Jornalismo. Sem revelar pretensões de ser repórter, mas crendo que o curso pode ajudá-lo a aperfeiçoar o ofício, ele dá um passo além na vida profissional. "Quero que seja algo que venha a acrescentar à minha carreira de artista. Se vou escrever, acho que isso será uma conseqüência, mas, no momento, eu quero é pegar essas informações que estou tendo na faculdade e colocá-las no meu trabalho como artista".


*matéria especial publicada por Guilherme Cavalcante no jornal O Povo


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CRIATIVA E PRODUTIVA

Produção orgânica vertical


Há pessoas que desejam muito cultivar uma horta em casa — ou até na na empresa —, mas não sabem como fazer isso. Nas casas em geral, um espaço que poderia ser destinado à horta acaba sendo revestido com piso de cerâmica ou concreto, não restando terra sequer para um canteiro. Quem mora em apartamento, então, conta com outra dificuldade, além da área restrita: a falta de insolação adequada.

Bem, certamente é possível plantar hortaliças em vasos cerâmicos ou potes de plástico, mas estes recipientes têm o inconveniente de ocupar muito espaço e dispor de pouca profundidade, o que impede o desenvolvimento das mudas. Os vasos de barro, por exemplo, não servem, pois são pesados, trincam e quebram-se com facilidade. Já os vasos de plástico preto, além do custo mais alto, esquentam demais, mostrando-se inadequados para esse tipo de cultivo.

Refletindo sobre estas e outras particularidades, o administrador de empresas Eduardo Walter de Oliveira Borges (foto) e sua esposa, Regina, criaram uma técnica inédita a partir de características inusitadas: a combinação de um espaço vertical com o plantio em vários níveis, utilizando para isso tambores e outros recipientes de plástico reutilizáveis (como bombonas e até garrafas PET).

A primeira experiência realizada na residência do casal, em Jundiaí (SP), resultou na montagem de uma prática horta vertical em uma área de apenas 16 m² (4 m x 4 m) de piso de concreto. Foi o suficiente para produzir e satisfazer o consumo diário de hortaliças de sua família, com seis pessoas.

“No decorrer de algum tempo, fazendo várias experiências, aprendemos a ter sucesso”, diz Borges. Ao divulgar os resultados, o casal percebeu que o número de pessoas interessadas no cultivo de uma horta era maior do que imaginavam. "E elas sempre esbarravam nestas mesmas dificuldades: falta de terra para uma horta tradicional e falta de idéias para resolver o problema de outro jeito”, conta o administrador. Resultado: o invento deles tornou-se marca registrada.

Sem dúvida, a Horta Vertical Orgânica pode ser uma solução prática e eficiente até para quem tem apenas a sacada do próprio apartamento, por exemplo, e quer produzir e consumir suas próprias hortaliças. Porém, mais importante do que a satisfação de um desejo talvez seja a constatação de que este sistema pode solucionar um dos grandes problemas contemporâneos — a incerteza da procedência e qualidade dos vegetais adquiridos nas feiras, mercados e supermercados.

Os que aprenderam a técnica estão se abastecendo com legumes, verduras e temperos tenros e saborosos, livres de quaisquer agrotóxico, composto químico ou bactérias nocivas. E os benefícios de sua adoção não se restringem apenas aos frutos de uma alimentação mais saudável, mas tornam possível inclusive o aspecto terapêutico de uma prática extremamente agradável, quase em desuso na região urbana, que consiste em lidar com a terra, produzir e colher seus próprios alimentos.

A seguir, mais sobre o funcionamento da Horta Vertical Orgânica:

ESPAÇO OCUPADO E RENDIMENTO
A unidade produtora (foto) mede 1 m de altura por 40 cm de diâmetro e permite a produção de até 25 pés de hortaliças — o suficientes para o consumo mensal de uma pessoa, desde que novas mudas sejam replantadas imediatamente após a colheita para consumo.

TEMPO DISPENDIDO
O tempo necessário para a manutenção de uma horta já implantada, para uma família de seis pessoas, é de no máximo 20 min diários, em média, para regar, colher, semear, transplantar e cuidar da compostagem (adubo). Agora, apreciar e mostrar aos amigos — isso demora um pouco mais!

IMPLANTAÇÃO
Cada unidade produtora igual à da foto tem um custo inicial de montagem aproximado de R$ 50, mas poderá ser reaproveitada indefinidamente. Outros tipos de unidades têm custos menores.

CUSTO DE MANUTENÇÃO
Após a implantação, os custos passam a ser mínimos, em média R$ 8 por mês para uma horta que abastece uma família de seis pessoas.

CONSUMO DE ÁGUA
Uma das vantagens da Horta Vertical é a economia de água — apenas o suficiente para manter a terra úmida. A perda pela evaporação é muito menor do que em uma horta convencional.

FAZ SUJEIRA?
Após a montagem das unidades não haverá sujeira.

A COMPOSTAGEM CHEIRA MAL?
A compostagem, quando realizada conforme as instruções, não deverá produzir qualquer mau cheiro e pode ser realizada no ambiente doméstico.

O QUE PODE SER CULTIVADO?
Alface, chicória, rúcula, agrião, almeirão, tomate, beterraba, berinjela, couve, salsa, salsinha, escarola, pimentão, cenoura, brócolis, orégano, hortelã, sálvia, poejo, manjerona, manjericão, tomilho, rabanete, mostarda, morango, maracujá, uva etc.

MANUAL DE INSTRUÇÕES
Pode-se adquirir o Manual da Horta Vertical ® Orgânica completo pelo e-mail contato@hortavertical.com.br. Nas versões impressa ou digitalizada, apresenta fotos coloridas e todas as instruções para a montagem e cuidados de uma horta. Os responsáveis por escolas ou projetos comunitários que atendem pessoas carentes, quando devidamente identificados, podem receber o Manual gratuitamente por e-mail.

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11 setembro 2007

SEM ROLHA

Enochatos


No mundo dos vinhos distinguimos, entre as diversas pessoas ligadas ao vinho, o enólogo — que estuda, entende e normalmente é um profissional do vinho trabalhando na sua produção —, o enófilo — que é o amante do vinho, degustador e apreciador, com conhecimentos ou não sobre o assunto —, e o sommelier — que também é um profissional do vinho, encontrando seu lugar nos restaurantes, onde ajuda-nos a escolher o melhor rótulo para uma perfeita harmonização entre seu cardápio e sua carta de vinhos. Mais recentemente, estão aparecendo em profusão os enochatos. Não é difícil identificá-los...

Cada vez mais, este novo termo circula entre os amantes do vinho, designando um espécime em aparecimento que promete grande proliferação no nosso meio. O enochato é um sujeito que toma vinhos com a gente mas abusa, quando tenta mostrar seus conhecimentos adquiridos recentemente, em cursos não muito fidedignos, ou em leituras de revistas especializadas. Com estas munições, aproveita todas as oportunidades para vomitar determinados jargões com pose de expert, prejudicando todo o ambiente simples e agradável que deve ser uma sessão de (degustação de) vinhos.

Você, com certeza, conhece alguns. São facilmente identificáveis e quando falam de vinhos, o fazem de maneira sofisticada, arrogante, demonstrando pouco conteúdo e muita chatice. Nestas demonstrações, saem afirmações pedantes, principalmente quando se referem ao aroma dos vinhos: “Lembra couro de sela”, “Sabe a rabo de raposa molhado”, “Tem algo de suor de cavalo”, “Parece grama cortada” e por aí vai esta seqüência de jóias pedantes e esdrúxulas. Quando falam dos processos de produção do vinho, utilizam expressões tais como: “fermentação malolática”, “maceração carbônica”, “chaptalização” “micro-oxigenação”, “batonage” e outros jargões muito técnicos e pouco entendidos pelos companheiros de mesa. O enochato é um chato mesmo.

Acho que antes de ser um enochato, ele já era chato por natureza em qualquer assunto, querendo ser "o" professor ou "o" entendido — e, no fundo, todo mundo sabe que não sabe nada, pois os que sabem alguma coisa são humildes e modestos. Nesta nova fase dos chatos, em que começaram a gostar de vinho, houve apenas uma ampliação no espectro das suas chatices. São esnobes por natureza, existem com diversas roupagens e deixam-se facilmente identificar. Numa mesa, são eles que vão contradizer os conhecedores de vinho presentes. Além disso, pelos aromas e cores do vinho, são capazes de identificar não apenas a região e a vinícola, mas até a cor da roupa que o vinicultor usava na ocasião em que as uvas foram colhidas e o tamanho do pé do pisoteador das uvas... São além de chatos, esnobes, predicados estes que os transformam também em bobos.

Os leitores que me perdoem este assunto chato, mas é que me deparei outro dia com um espécime desta natureza e não sei ficar calado, principalmente quando acho que posso ajudar um companheiro de vinhos a conviver melhor em suas reuniões enogastronômicas, onde eu também estiver presente.

Mas deixemos os enochatos de lado — eles que vão espalhar chatices em outras plagas! — e vamos nos deliciar com os autênticos prazeres da boa mesa (como vinhos, comidas, harmonizações perfeitas e bons papos, prenúncios de grandes prazeres para depois da mesa — como licores, cognacs, charutos e outros que tais). Saudações vínicas!


*Jorge Cals Coelho é enogastrônomo e escreve aos sábados a coluna Boa mesa (jornal O Povo de Fortaleza/CE)


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http://www.opovo.com.br/opovo/colunas/boamesa