26 abril 2008

HOMENAGEM SOLENE

80 anos do O POVO: coragem





(Pronunciamento de Demócrito Rocha Dummar, presidente do Grupo de Comunicação O POVO no Senado federal em Brasília/DF, representando o O POVO na solenidade que homenageou o jornal por seus 80 anos de trajetória)

Excelentíssimo Senhor Senador Garibaldi Alves Filho, Presidente desta Casa; Excelentíssima Senadora Patrícia Saboya, autora da referida sessão solene de homenagem aos 80 anos de O Povo, ladeada pelos Senadores Tasso Jereissati, Geraldo Mesquita e Inácio Arruda; Excelentíssimos Srs. Ministros aqui presentes, Francisco César Asfor Rocha e Ubiratan Aguiar, respectivamente do Superior Tribunal de Justiça e do Tribunal de Contas da União; membros da Associação Nacional de Jornais; prezados colegas jornalistas - e dirijo-me especialmente à jornalista Wânia Dummar e aos jornalistas Fábio Campos e Plínio Bortolotti, que aqui representam a direção e a liderança editorial de O Povo -; Srs. Senadores; Srs. Deputados Federais cearenses aqui presentes; queridos cearenses presentes a esta sessão solene, que vieram do Ceará para participar deste momento, bem como cearenses aqui radicados; prezados Senadores Mão Santa, Papaléo Paes, Flexa Ribeiro, Cristovam Buarque, Arthur Virgílio, Heráclito Fortes, José Sarney, Marco Maciel, que se alternaram em pronunciamentos e apartes generosos pelos 80 anos de fundação do jornal O Povo. Sinto-me muito honrado e - por que não dizer? - muito à vontade por estar nesta Casa para expressar os agradecimentos do jornal O Povo por esta homenagem em reconhecimento aos seus 80 de diuturna batalha em favor das causas mais nobres do povo do Ceará e do Brasil.

E o sentir-me à vontade tem relação direta com a percepção de que esses mesmos objetivos são, igualmente, compartilhados por esta Casa, o que reitera a visão clássica do Parlamento e da imprensa como instituições indissociáveis na tarefa de viabilizar o Estado democrático de direito. A nota particular dessa percepção é o fato de aqui comparecermos com a identidade própria de um órgão de comunicação social que, ao largo de sua história, expressa a maneira de ser do povo cearense, a sua rica diversidade cultural, sua sabedoria de vida e, sobretudo, coragem e determinação. É isso que dá a esse povo, como ao jornal, a força para enfrentar e superar adversidades aparentemente intransponíveis. O símbolo dessa tenacidade é muito bem expresso na figura do nosso vaqueiro, que enfrenta com determinação as adversidades da seca. E recebe com intensa alegria a abundância do inverno.

Como jornal, senhores, somos assim: resistentes. Não desistimos nunca, em que pese as dificuldades que têm sacudido nossas conjunturas econômicas e políticas. Para não sermos levados pelos ventos, tomamos uma decisão bem clara desde o início da nossa trajetória: a de nunca sermos neutros diante das questões fundamentais que interpelam o direito, a razão e a verdade, sobretudo os direitos fundamentais, que dão substância às instituições políticas e cidadãs da democracia.
Compartilhamos da opinião de que é preciso ter uma clara hierarquia de valores, de modo a sempre dar proeminência ao interesse público. A esse propósito, o jornalista Gerald Levin acentua que "a imprensa influencia hoje mais do que outrora o fizeram as igrejas e as universidades na configuração em marcha das sociedades modernas".

Isso, evidentemente, abre o flanco para algumas tentações em um contexto em que o poder e o prestígio podem ser fatores altamente corrosivos. Para isso, nessa área, é sempre preciso ter um norte bem definido. O que distingue uma empresa jornalística de outra qualquer é que ela produz um valor imaterial. Portanto, tem de estar ancorada, firmemente, em valores éticos, que se traduzem no objetivo de fornecer informação veraz e de conectar o cidadão com os problemas da atualidade, dando-lhe meios auxiliares para uma tomada de posição.

Sobretudo cabe à imprensa animar o debate das idéias, ajudando o preparo da argamassa que dará textura e consistência ao edifício social. Numa correlação mundial de forças em que os Estados nacionais e os cidadãos, em particular, são colocados em uma situação de poder decisório praticamente virtual, a sociedade tem necessidade de encontrar meios de articulação, para fazer frente a esse tipo de capitis diminutio. Nesse contexto, o papel da imprensa é insubstituível como veículo de conexão e expressão das forças dispersas da sociedade.

Nesse afã, cabe ao jornalismo construir uma aliança mais consistente com as universidades e com os núcleos produtores do saber, para neles se apoiar e assim poder realizar, com o máximo rigor científico e moral, a sua missão. Nós próprios, como instituição jornalista, Presidente Garibaldi, organizamo-nos, de modo a construir uma relação institucionalizada com a sociedade, fundada em procedimentos transparentes e interativos.

Do ponto de vista normativo, dispomos de uma série de documentos essenciais, para orientar esses procedimentos: - Carta de Princípios do jornal, subscrita por figuras de notável saber, como o constitucionalista Paulo Bonavides e a inesquecível Rachel de Queiroz, ambos oriundos da nossa redação; - Código de ética da empresa jornalística mantenedora do jornal; - Regimento do Cargo de Ombudsman; - Código de Ética da Associação Nacional de Jornais (ANJ), documento orientador de uma centena dos renomados jornais brasileiros; - Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros, de autoria da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), um documento de notável precisão ética; - Declaração de Chapultepec, que reafirma a liberdade de informação como direito dos povos; - e, coroando todos esses princípios, a Declaração Universal dos Direitos Humanos, um documento indispensável para nortear a vida social.

Criamos, igualmente, uma estrutura de participação da sociedade, em diversos níveis, na orientação e monitoramento do jornal. Ela é composta por diversas instâncias: o Conselho Editorial, o Conselho de Leitores, e o Ombudsman, que vem atuando com crescente êxito, há mais de uma década, fazendo a crítica diária do jornal em nome do leitor. Dessa forma nós estamos contribuindo de maneira criativa, para tornar o jornalismo uma instituição cada vez mais digna de crédito e a serviço da sociedade brasileira. Cada jornal opera junto a um tipo específico de demandas sociais, refletindo suas particularidades e identidade.

Não é diferente com O Povo, que tem sido, desde o seu nascedouro, um veículo comprometido com as expectativas da sociedade cearense. Priorizamos, desde o início, em 1928, a questão da segurança hídrica, por ser um condicionante basal a travar o desenvolvimento do Ceará. Embora vivamos a plenitude da Era do Conhecimento, com imensas possibilidades na linha do horizonte, enquanto persistir a falta de segurança hídrica, a economia nunca alcançará a dimensão mínima capaz de possibilitar um ciclo equânime do desenvolvimento que deveria chegar a todos.

A resolução dessa questão é objeto de permanente inquietação, há quase dois séculos. Alcançar essa solução faz parte da exigência de um desenvolvimento nacional harmônico, e isso é perfeitamente possível, não só tecnicamente, como também em termos de viabilidade econômica. Para abordar outra de nossas inúmeras causas, não nos falta também espírito atilado, para continuar a perceber que as políticas públicas ainda estão por demais voltadas para regiões já suficientemente estruturadas.
Não havendo um basta às disparidades socioeconômicas, nunca teremos um todo harmônico. Somos inconformados com esse estado de coisas e, como tal, temos coragem de lançar luzes e esperanças. Acreditamo-nos capazes de formular uma contribuição criativa à construção de uma Nação mais justa e igualitária. Por questão de justiça, registre-se que esta Casa, o Senado brasileiro, sempre esteve atento ao debate, propondo políticas públicas voltadas para o combate às desigualdades regionais.
Por fim, temos de dizer que confiamos plenamente no Brasil, na capacidade de nosso povo em descobrir respostas criativas para antigos e novos problemas, nos nossos representantes públicos, nas nossas instituições e, sobretudo, no cidadão brasileiro.
Todos estão imbuídos da convicção de que a cultura do interesse público está lançando raízes cada vez mais alongadas no solo brasileiro. Certamente ainda esta geração colherá os frutos desse novo patamar político civilizatório. Constata-se que algo mais transcendente começa a se firmar no horizonte crítico brasileiro, dando lugar à universalização crescente de uma consciência cidadã. E, para isso, O Povo se orgulha de ter contribuído nos seus 80 anos de existência.
Para finalizar, agradecemos a esta Casa, na pessoa da Senadora Patrícia Saboya, autora do requerimento desta sessão solene, e fazemos chegar às suas mãos a nossa edição comemorativa de 80 anos de O Povo, com a assinatura de centenas de nossos jornalistas e colaboradores. O mesmo agradecimento ao Senador cearense pelo Acre, Geraldo Mesquita Júnior, bem como aos Senadores Inácio Arruda e Tasso Jereissati, admiradores de O Povo e subscritores desta sessão. Referimo-nos, mais uma vez, igualmente, ao Senador Garibaldi Alves Filho, Presidente desta sessão solene e desta Casa, que gentilmente nos concedeu a palavra. Aos demais Parlamentares, aos cearenses que aqui compareceram, também o nosso muito obrigado.
Em nome da memória do nosso fundador, Demócrito Rocha, do seu sucessor, Paulo Sarasate, de Albanisa e Creusa Rocha, que, durante anos seguidos, lideraram, com prudência e pertinência, a direção da nossa empresa jornalística, reafirmo a continuidade do nosso compromisso de continuarmos firmes na luta por uma imprensa cada vez mais livre, mais atuante.
Na oportunidade, dirijo-me também à Jornalista Wânia Dummar, minha mulher, diretora de O Povo, aqui presente, e não poderia esquecer D. Lúcia Dummar, filha de Demócrito Rocha. Do alto dos seus 91 anos, é arquiteta de uma ponte que nos liga do passado ao presente e do presente ao futuro. Em nome deles, reafirmo essas mesmas propostas.
Para finalizar, dirijo-me aos sucessores, à quarta geração, nas pessoas de Luciana Dummar Azevedo, presidente executiva do jornal, João Dummar Neto e Demócrito Filho, diretores da casa em plena atividade na liderança do jornal e que manterão incólumes a confiança de que a chama inaugural será certamente levada à frente e de que voltaremos aqui daqui a alguns anos, se Deus quiser, para comemorar a evolução do Ceará, a evolução do nosso País.
Quero ainda consignar que é possível, apesar de todas as dificuldades manifestas pelo Senador Inácio Arruda e pelo Senador Tasso Jereissati, manter-se uma imprensa íntegra, sadia, comprometida com o crescimento e com o desenvolvimento do País. Farei chegar em seguida as assinaturas dos nossos funcionários, dos nossos redatores e dos nossos diretores às mãos da Senadora Patrícia Saboya em agradecimento à sua iniciativa, que nos comove e que também nos inspira a continuar a luta, a continuar fazendo um bom jornalismo em favor dos cearenses, em favor dos nordestinos e dos nortistas que aqui se manifestaram de forma tão efetiva, em favor de uma sociedade mais justa, mais equânime, em favor de uma imprensa livre e soberana, fortalecendo cada dia mais a democracia brasileira.
Senadora, em nome de todos os que fazem O Povo, faço chegar às suas mãos esta lembrança.
Esta homenagem ficará em nossa memória, não a esqueceremos e tudo faremos para honrá-la a cada dia, a cada edição.
(Palmas.)

SAIBA MAIS


E nos blogues...
NOTA DE PESAR

Morreu, no início da tarde desta sexta-feira, o presidente do O POVO, Demócrito Rocha Dummar (63). O fato deixa em profundo pesar a todos nós que fazemos o Sistema O POVO de Comunicação e a família não quis ainda se manifestar.

O que dizer numa hora dessas? Que o jornalismo do Ceará perdeu um homem empreendedor, de espírito arrojado, ousado e de um diálogo empolgante e de empolgar a todos que conviviam com seus projetos.

Demócrito foi-se embora no ano em que O POVO ficou 80 anos mais velho. E foi deixando o legado da obstinação, do destemor diante de tantos desafios.

Mas bom mesmo será lembrá-lo como um sonhador. Ou melhor, um fazedor de sonhos.

Eis nota divulgada pela Direção do Grupo:

"É com imenso pesar que o Grupo de Comunicação O POVO informa o falecimento de seu presidente, Demócrito Rocha Dummar, no início da tarde desta sexta-feira, 25. A família e todos os colaboradores desta empresa ainda estão profundamente abalados com a repentina perda.
A família não quer se pronunciar neste momento de dor e pede a todos que guardem na lembrança não só o jornalista que durante quase 45 anos esteve à frente do jornal O POVO. Mas, acima de tudo, o homem que inspirou gerações de cearenses. E que continuará inspirando."

VELÓRIO - A partir das 8 horas deste sábado, no hall da Assembléia Legislativa do Estado. e a partir das 12h no hall de recepção do jornal; SEPULTAMENTO - Previsto as 16 horas, no Cemitério Parque da Paz, após missa (ecumênica) de corpo presente.
Postado por Eliomar de Lima às 15:09 25/04/08


PERDA IRREPARÁVEL

Baluarte e guardião



O falecimento do presidente do Grupo de Comunicação O Povo, Demócrito Dummar, abala a imprensa cearense

O diretor-presidente do Grupo de Comunicação O Povo, Demócrito Rocha Dummar, 63 anos, faleceu no início da tarde de ontem. A notícia de sua morte repentina consternou e trouxe perplexidade ao meio empresarial e à imprensa cearense. O corpo será velado na Assembléia Legislativa do Ceará a partir das 8 horas de hoje. E, ao meio-dia, levado para os jardins da sede do O Povo, na Avenida Aguanambi. O enterro ocorre às 16 horas, no Cemitério Parque da Paz.

Neto de Demócrito Rocha, fundador do jornal O Povo e filho de Lúcia Dummar e João Dummar, Demócrito Dummar era bacharel em Direito. Ingressou no O Povo aos 17 anos e assumiu a presidência em maio de 1985.Demócrito Dummar era casado há 30 anos com Wânia Cysne Dummar e tinha quatro filhos: Georgiana, Luciana, Demócrito Filho e João Dummar Neto, e três enteados: Ronaldo Cysne, Lisiane e Tatiana.O governo do Estado do Ceará decretou luto oficial de três dias em virtude do falecimento do presidente do grupo de Comunicação O Povo. As solenidades marcadas para a próxima segunda-feira foram adiadas para a terça-feira.

Ainda na tarde de ontem, a direção do Grupo divulgou uma nota oficial sucinta sobre o falecimento. No início da noite, mais uma nota na qual explicava: “a família não quer se pronunciar neste momento de dor e pede a todos que guardem na lembrança não só o jornalista que durante quase 45 anos se dedicou ao jornal O Povo. Mas, acima de tudo, o homem que inspirou gerações de cearenses. E que continuará inspirando”.

Comunicação
Além do jornal O Povo — fundado em 7 de janeiro de 1928 —, pertencem ao grupo ainda três rádios AM, uma FM, a Fundação Demócrito Rocha e a TV O Povo, a mais recente.Ontem, por volta das 16 horas, coube ao colunista político Fábio Campos, em nome da família, falar para imprensa sobre a morte de Demócrito Dummar, no pátio de acesso da empresa. Explicou que integrantes da família estavam viajando. Com o olhos marejados, como muitos dos funcionários ali, Fábio Campos respondeu, pacientemente, a todas as perguntas dos jornalistas.Ele informou que Demócrito Dummar faleceu em sua residência, no Bairro Aldeota. Ressaltou que a família passa por um momento de profundo pesar, “com essa tragédia que abala, frontalmente, a todos nós”, ressaltou.Fábio Campos lembrou que no período da manhã, como costumava ocorrer, trocou idéias com o presidente do jornal sobre o conteúdo da coluna Política que assina.“Ele acompanhava de perto o jornal, sempre com muito entusiasmo”, disse, reafirmando que uma das marcas de Demócrito era a luta pela liberdade de imprensa e de expressão.“Ele só pedia ponderação e era, antes de tudo, um entusiasta”, ratifica Fábio Campos, acrescentando que o diretor-presidente lia o jornal O Povo “com olhos do leitor”.

Para o colunista, a surpresa maior com a morte do proprietário de O Povo registra-se “porque este era o momento dele”. Fábio Campos disse isso referindo-se à alegria do empresário com as comemorações e as homenagens que o grupo vinha recebendo por conta dos 80 anos de existência do jornal.

A morte do proprietário do jornal O Povo atraiu aos jardins da empresa, além dos funcionários, curiosos e políticos. O deputado Nelson Martins, líder do governo na Assembléia, também esteve presente e destacou a grande importância da empresa para o setor de comunicação no Estado do Ceará.“A forma de fazer jornalismo de Demócrito Dummar e a maneira como O Povo tratava as questões cotidianas da cidade não podem deixar de ser reconhecidas”, disse.


CONSTERNAÇÃO
Funcionários lamentam a perda

Na mais antiga empresa do grupo, o jornal O Povo — que este ano completou 80 anos — , o clima era de intensa tristeza na tarde ontem. Jornalistas admitidos há anos, na empresa e os recém-chegados ao O Povo, funcionários de diversos setores, políticos e alguns poucos curiosos se aglutinaram no pátio de entrada. A dimensão da perda daquele por muitos considerado “o comandante” de O Povo estava ali, indubitavelmente, retratada no semblante dos presentes.

Visivelmente abalado, o ombudsman de O Povo, Paulo Verlaine, admitiu que o corpo de jornalistas da empresa estava em estado de choque com a morte de Demócrito Dummar.“Ele foi uma pessoa que sempre estimulou o trabalho da gente, em todos os setores”, disse Paulo, lembrando que o cargo de ombudsman só existe no jornal por iniciativa de Demócrito Dummar. “Ele criou e fortaleceu o cargo”, ratificou, adiantando ainda, que o presidente da empresa não interferia em seu trabalho. “Fui eu que, em um momento, o alertei que iria criticar o editorial por considerá-lo muito elogioso e, noutro, quando fiz uma crítica durante a realização do Vida e Arte”, depõe Verlaine.

“Estamos transtornados”, disse, em tom de tristeza, Gualter Jorge, editor executivo de Conjuntura de O Povo. Segundo Gualter, o relacionamento de Demócrito Dummar com a redação era o melhor possível. “Ele trocava idéias, apresentava pautas”, comentou. Ao final, declarou: “Vamos tentar agora nos reorganizar”.

Repórter policial e um dos funcionários mais antigo, Landry Pedrosa referiu-se ao chefe, ou melhor “ao comandante”, como uma pessoa amiga. “Tomei conhecimento de sua morte às 14 horas. Foi uma surpresa, um choque”, enfatizou.


Mozarly Almeida, repórter (jornal Diário do Nordeste)


O QUE ELES PENSAM
O luto das personalidades

"É com pesar que o Governo do Estado se solidariza com a família Rocha Dummar nesse momento. A perda de Demócrito é irreparável pelo cidadão e profissional brilhante que sempre foi. Sua história deixa um legado de luta em defesa dos direitos e da liberdade de expressão, na construção de uma sociedade democrática. Que o Grupo O Povo consiga superar esse momento e continue sendo forte na construção de um Ceará mais verdadeiro."

Cid Gomes, governador do Estado


"Como prefeita e jornalista me solidarizo com a família Rocha Dummar e colaboradores d´O Povo. Demócrito foi grande líder e deixará a marca do seu trabalho. Em mais de 40 anos, assumiu a luta pela cidadania e desenvolvimento político, cultural e econômico de Fortaleza e do Ceará. Honrou a tradição de um Grupo de Comunicação que chega aos 80 anos, mister de um dos mais importantes capítulos do jornalismo, não só regional, mas brasileiro."

Luizianne Lins, prefeita de Fortaleza


"Estou muito abalada com a morte de Demócrito, tanto como presidente da ACI, entidade da qual ele participou ativamente, e também como profissional que trabalhou durante 25 anos no jornal O Povo. Tínhamos uma relação marcada pelo respeito e pelo afeto. Estou muito triste. Perdemos uma pessoa de muito valor, um homem que fez do jornal um veículo de comunicação que esteve sempre na vanguarda do jornalismo."

Ivonete Maia, presidente da ACI


"A imprensa brasileira está de luto. Demócrito foi um dos fundadores da ANJ e era um entusiasta das modernizações dos jornais brasileiros. Fez d´O Povo uma das mais vibrantes publicações do País. Era um homem generoso, que dentro da nossa entidade sempre batalhou pelas ações de caráter social, sobretudo na educação e melhoria da alfabetização brasileira. A ANJ perdeu um companheiro valoroso e eu perdi um amigo."

Nelson Sirotsky, presidente da ANJ


"Tomados pela perda de um de seus baluartes, os radiodifusores cearenses expressam imenso pesar por Demócrito Rocha Dummar. Ele marcou a história da radiodifusão pelo exemplo de empreendedorismo no setor da comunicação e como imbatível defensor da imprensa. Registra-se o profundo pesar dos radiodifusores cearenses à família Dummar. Sua partida deixa um espaço impreenchível na radiodifusão brasileira."

Edilmar Norões, presidente da ACERT


"É uma perda muito triste para mim, porque também é a perda de um amigo. Demócrito era uma pessoa que colocava amor e dedicação em tudo o que fazia. Buscava o diálogo, a troca de idéias que permitia um nível elaborado na cobertura jornalística. Como pessoa, era doce, otimista. Todos estão muito tristes com sua morte. Sinto essa perda como empresário e amigo da família. A ele rendo todas as homenagens."

Roberto Macedo, presidente da FIEC


É uma perda inestimável, não só para quem trabalhou e conviveu com ele, mas também para a empresa que ele conduzia. A imprensa brasileira e cearense hoje estão desfalcadas, num momento em que O Povo era glorificado pela sua história. Sua morte deixa uma lacuna, mas seu legado será continuado por muito tempo para que ainda possamos comemorar 100 anos de jornal, seu grande sonho.

Adísia Sá, jornalista


"Encerra-se um ciclo depois de perder-se Edson Queiroz, José Afonso Sancho e Venelouis Xavier. É uma perda irreparável. Demócrito era um homem de projetos arrojados. Suas idéias não tinham limites. Nunca se distanciava de suas bandeiras e seus sonhos. Solidarizo-me com os funcionários d´O Povo e com a família Rocha Dummar. O Povo era a menina dos olhos dele. Demócrito tinha um amor especial pelo jornal."

Deborah Lima, presidente do SINDJORCE


16 abril 2008

O ALÔ DA PERIFERIA

Pacto para (g)estarmos aqui



O discutido Plano Diretor de Fortaleza se traduz como momento ímpar no debate sobre as políticas públicas de regularização e ordenamento da cidade e seu modelo de desenvolvimento. A proposta apresentada para o debate é avançada, centrada na utilização social do solo, na preservação dos mangues e APAs, regulamentando os espaços de interesse social em sua essência e contrariando a lógica de apropriação e acumulação do capital que seguia livremente em nossa cidade, sem intervenção do poder público.

Para as comunidades da periferia de Fortaleza, o Plano vem como um freio ao apartheid que se instalou na quarta maior capital do País. Essas comunidades são recorrentemente varridas do mapa pelos empreendimentos imobiliários, muito deles chancelados e financiados com recursos públicos. Como exemplo, basta observar o que ocorre no entorno das vias expressas e a remoção das populações pobres e pretas das proximidades dos bairros mais estruturados, tais como Aldeota, Meireles e Dionísio Torres, revelando uma política de limpeza étnica e social.

As comunidades históricas de Fortaleza sofrem com um Racismo Ambiental que as impede de ter espaços para manifestar suas crenças locais. Vivenciam um exílio compulsório, sem nunca terem saído da cidade. Os grandes grupos econômicos não entendem que progresso algum paga os recursos naturais e o território, tão fundamentais para essa populações garantirem sua história, sua identidade, seus vínculos afetivos e a reprodução de sua intensa vida social e cultural.

Esse apartheid é o mesmo que garante a derrubada dos barracos e destrói a natureza para a construção de campos de golfe ou resorts. É financiado em dólar, promete progresso e emprego, no entanto os sinais de sua fatura não condizem com suas promessas. Quem duvida, basta constatar o que foi feito na conhecida Praia de Iracema, onde a comunidade local teve seu espaço ocupado pela intelectualidade emergente e, em seguida, pela burguesia ascendente, sobressaindo-se um discurso de progresso e de urbanização que foi expulsando os pobres, até restar somente o rastro de latinhas perfuradas — sinalizando que ali o crack que reside não é mais o da bola.

Defender um Plano Diretor comprometido com a natureza e com a maioria da população é enfrentar um modelo de desenvolvimento insustentável, que necessita de mais de 20 mil homens da segurança privada para poder transitar e que tem, como resultado, a existência de mais de 700 favelas, que polui e destrói os recursos naturais, impossibilitando, inclusive, o povo de desfrutar dos privilégios e serviços ambientais que a natureza oferece.

Mesmo com todos os indicadores da crise, quando se propõe a discutir uma cidade a partir de suas características locais, comprometida com as demandas ambientais e sociais de Fortaleza, grandes grupos econômicos se levantam para continuar garantindo a manutenção desse apartheid.

Um alerta fica para as comunidades do lado Leste da cidade, onde ainda restam alguns recursos naturais e a presença de pobres e pretos é ainda bem expressiva em bairros como Água Fria, Edson Queiroz, Sapiranga e Sabiaguaba.

É preciso neste Plano selar um pacto comprometendo os vários setores da sociedade, em particular a Prefeitura, com um novo projeto para Fortaleza. Caso contrário, na medida em que não se dividam as riquezas e se pense um modelo diferenciado da relação homem-meio ambiente-economia, estaremos todos condenados às tragédias sociais e aos castigos da natureza.



*Preto Zezé é coordenador da CUFA-Central Única das Favelas do Ceará e membro do Conselho de Leitores do jornal O Povo.


SAIBA MAIS

14 abril 2008

O GESTOR DO FUTURO

Vendas: novas configurações



Há algum tempo, o cenário do mercado de vendas era bem diferente deste que conhecemos hoje. Antigamente, o cliente não possuía informações sobre os produtos, havia poucas opções de escolha e ele não tinha consciência dos seus direitos. O cliente era tratado apenas como “mais um” e em alguns casos era um “mal necessário”. Hoje, já existe a consciência dos direitos do consumidor, e isso faz com que ele exija e tenha opções de produtos e serviços diferenciadas.

No passado, devido à elevada demanda e baixa concorrência, o setor de vendas atuava com profissionais pouco especializados. Não existia preocupação com a concorrência direta ou indireta e tampouco se faziam planejamentos estratégicos que projetassem a empresa no curto e médio prazos. A área de marketing — com o desafio de planejar, delinear e integrar — não existia. Era mero setor de propaganda, sendo necessária apenas alguma criatividade por parte dos seus profissionais.

Hoje, porém, as empresas devem estudar e conhecer profundamente a concorrência, partindo para a atuação cada vez mais focada em nichos e fugindo das commodities. Elas devem descobrir os pontos fracos e fortes da concorrência e, de posse dessas informações, traçar suas estratégias de atuação no mercado-alvo, preparando sua equipe de vendas.

Assim, o que se exigirá do vendedor no futuro é muito mais do que conhecer o produto: espera-se que o vendedor transforme a venda em uma experiência memorável para o cliente e consiga destacar o que realmente agregará valor para ele — "valor" não é o que o produto oferece, e sim o que o cliente percebe dele: este é o novo mundo, o das percepções.

Além disso, o vendedor deve ter elevada iniciativa, motivação, atenção, organização e atualização. No futuro, o vendedor deverá ser um gestor não só de seus resultados e carteira de clientes, mas também de sua capacidade produtiva, em todas as suas abordagens: certificações necessárias para atender determinado mercado, gestão de estoque, gestão ambiental e responsabilidade social, entre outros fatores que podem influenciar direta ou indiretamente o valor percebido pelo cliente em seu produto.

E para conhecer cada vez mais o produto da sua venda, a empresa deve investir em treinamento e desenvolvimento profissional. Para motivar seus profissionais de vendas, ela pode utilizar diversos recursos, inclusive a palestra — não aquela proferida por gurus hilariantes, e sim por profissionais comprometidos com a qualidade do conteúdo —, pois a palestra tem o papel de provocar e de estimular os profissionais a repensarem a forma e o conteúdo do seu trabalho, de fazê-los avaliar as necessidades de mudanças adaptando-se aos novos tempos.

A motivação deste gestor de vendas propiciará a busca incessante por novas oportunidades de negócios. Como disse Einstein: “Não há nada que seja maior evidência de insanidade do que fazer a mesma coisa, dia após dia, e esperar resultados diferentes”.

A avaliação desse profissional do futuro também deverá ser diferenciada. A empresa não deve avaliar somente o resultado financeiro ou o volume de suas vendas, mas também resultados como a retenção de clientes, a captação de clientes que geram mais rentabilidade, a venda de soluções completas ou a integração de mais produtos aos que já se vendiam a um determinado cliente e a efetividade, entre outros.

A empresa do futuro deverá ter o foco do cliente, e não no cliente, e o profissional de vendas deverá ter cada vez mais o exato perfil da empresa que representa, ou ainda mais: o exato perfil do produto que comercializa, deixando de ser um simples "tirador de pedidos" para tornar-se um gestor da unidade de negócio sob a sua responsabilidade, além de um consultor amplo e interessado para atender o cliente.

Mais: este futuro do qual venho falando é hoje, agora: é preciso começar já.



*Cláudio Tomanini é palestrante, consultor e professor de MBA na Fundação Getúlio Vargas, com mais de 20 anos de experiência nas áreas de Vendas e Marketing, tendo atuado em empresas como Johnson & Johnson, ADP Systems, Grupo Verdi e VR. Atualmente, é sócio diretor da New Marketing, empresa de estratégias e resultados de mercado. Tomanini possui uma peculiar visão do mercado, criando novos conceitos e desenvolvendo soluções, utilizadas e adaptadas por diversas empresas e outros consultores.


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