07 fevereiro 2012

RECEITA FUNDAMENTAL

Sexo, dinheiro e sucesso? Só lendo!*

Você é jovem? Mora no Brasil? Está lendo este artigo numa boa, sem soletrar palavra por palavra? Já leu mais de um livro inteirinho este ano? E, finalmente, entendeu tudo o que estava escrito no livro? Respondeu "sim" a estas perguntinhas?


Ufa! Que bom, parabéns, posso, então, ir direto ao ponto: primeiro, você faz parte de uma elite.


Segundo, você está com a faca e o queijo para conquistar tudo o que quiser na vida.


Terceiro, você precisa ler mais, muito mais.


Agora, antes que você pare de ler isto aqui, por achar que estou gozando com a sua cara, relaxe que eu explico.


O Brasil faz parte de uma lista horrorosa dos 12 países com mais analfabetos entre os 14 e os 21 anos. Pior que nós, apenas Paquistão, Indonésia, Nigéria e Etiópia — que raramente aparecem em boas notícias nos jornais.


Ah, você já sabia disto por que lê jornais também? 


Nesse caso, você é minoria superespecial mesmo: apenas 1 entre 100 mil jovens brasileiros dão uma espiada em jornais regularmente.  


E o restante, faz o quê? Exatamente: assiste televisão (não o noticiário, claro), ouve rádio (só os programas com músicas e brincadeirinhas para idiotas) ou fica caçando mulher pelada na internet.


Ainda está lendo este texto, e compreendendo tim-tim por tim-tim?


Então encha o peito de orgulho: você está fora de uma lista ainda mais nojenta que aquela lá de cima.


A UNESCO faz um teste que avalia alunos de 15 anos em 40 países sobre compreensão da linguagem escrita. Um teste mamata: ler uma historinha de poucas linhas e depois dizer o que entendeu. É bom lembrar que os testados têm, no mínimo, oito anos de bumbum na carteira da sala de aula.


Na grande avaliação deste ano, adivinhe quem tirou o último lugar? Coisa chata mesmo, bró: o adolescente brasileiro ficou com o troféu de mais burro do mundo.


Não disse que você era minoria das minorias?


Mas, sem querer pentelhar e já pentelhando, como diria o intelectual Chaves da televisão: existem quilômetros de livros para você devorar depois que entrar na facú, se quiser continuar fora da manada e não levar uma vida de gado.


Bastaria uma única providência: você não ser folgado lendo apenas trechinhos xerocados dos livros para passar nas provas. E seu professor tomar vergonha na cara e parar de fazer as famigeradas pastinhas para xerocar.


Isso está mais em suas mãos do que nas das faculdades, afinal já existem mais faculdades que saúvas no Brasil e boa parte é só caça-níqueis mesmo. Pense bem: já que são boas as chances de você sair com um canudo que o mercado de trabalho não respeita, que ao menos sua cabeça saia cheia da cultura maravilhosa dos livros.


Uma última tarracada na moleira: pesquisa recente indica que mais de 60% das professoras do ensino público, fundamental e médio, não possuem o hábito de ler jornais. Se alguém não se interessa nem por ler jornais, muito menos se ligará em um livro que, em geral, tem muito mais letrinhas impressas e exige mais raciocínio do que a última notícia sobre a boazuda do BBB. Você acha que elas irão incentivar a leitura em seus alunos?


Bem, o "titio" Ulisses já mordeu demais, mas agora assopra.


Vou, em poucas linhas, provar que, lendo bastante, você poderá ter rapidamente as 3 coisas que em geral jovens saudáveis e antenados desejam. Preparado? Então raciocine junto comigo:


SEXO! De maneira bem realista, se você é gêmeo do Gianecchini, clone do Brad Pitt ou até mesmo um rústico Alexandre Frota, esqueça o que vou dizer. Cabeças de anta em corpos de cisnes conseguem sexo (ficar, namorar ou qualquer variante) sem precisar ler nem o Pato Donald. Idem para as garotas. 


Mas sem uma boa dose de criatividade, imaginação e informação, não há cantada que resista. Seja ao vivo, nas baladas, ou nos chats. Aliás, escrever errado nos chats de paquera, ou na praga dos blogs (quem não tem um atualmente?), é pedir para ser deletado.


E só quem lê muito desenvolve a criatividade, amplia a imaginação e fica bem informado.


Quem só repete o que assistiu nas mesas-redondas sobre futebol, nem bêbado de boteco aguenta.


E uma cartinha bem escrita? Um poeminha inspirado e exclusivo para a musa ou muso, hein? Hein? Deu certo com o Cyrano de Bergerac (personagem do Victor Hugo), e olha que ele certamente era mais feio, narigudo, desengonçado e tímido que você.


Se sempre deu certo comigo também, que sou o próprio cão chupando manga, e ainda por cima velhinho e durango, imagine com você, que é jovem e esperto.


DINHEIRO! Adivinhei seu pensamento? Como é que você vai ler bastante para ganhar dinheiro no futuro, se lhe falta dinheiro para comprar livros no presente?


Falso dilema. As bibliotecas estão em toda parte, e você vai ver que barato, literalmente, é ir a uma delas sem a obrigação de fazer pesquisa escolar.


Faça pesquisa pessoal — isso sim, é muito bom! Leia o que gosta, o que interessa, por prazer de adquirir conhecimentos.


Ou vá pela Internet. A biblioteca do mundo está dentro dela, a um clique. E, para quem ainda não tem computador, uma hora de web em cafés virtuais, por exemplo, custa menos do que um cafezinho de coador.


Vou te dar um estímulo e tanto para você incluir a leitura imediatamente em sua formação profissional: quem não passa nas entrevistas dinâmicas que as empresas realizam hoje em dia é quem não lê. Nenhum empregador é besta de contratar outra besta. 

E mais: você já assistiu a algum daqueles programas O Aprendiz? Os selecionados para participar, todos, vieram de faculdades que receberam a trista nota "F" do Provão. Como é que eram tão competitivos, vindo de facús fundo-de-quintal?


Porque eram moços e moças que sabiam falar bem, se expressar com clareza — e isso só se obtém lendo muito.


Compare com os políticos, empresários, tesoureiros, aos quais você também assistiu recentemente depondo nas COIs do Congresso. Até os que tinham o título de "professor" tropeçavam nas frases, falavam errado pra caramba. 

Se não eram corruptos, ficou provado que não eram chegados na leitura e, quando professores, devem ter se formado num bordel, nunca numa escola decente.

Mas e o Lula?

É a exceção que confirma a regra! Ganhou prestígio, dinheiro, mas seus assessores ficam malucos, porque ele se recusa a ler qualquer documento com mais de duas páginas.


E, como ele mesmo tem afirmado, nunca sabe de nada.


SUCESSO! Para ser bem-sucedido, você não precisa, necessariamente, ter sexo, dinheiro e... sucesso em alta escala. Não precisa ser o "número um", a vida real não é assim.


Mas se você fizer a lição de casa direitinho, ou seja, lendo muito e lendo sempre, estará sempre sendo muito bem-sucedido.

Nas empresas, as promoções vão para os que tomam mais iniciativas e têm uma visão macro (para o mercado) e micro (para a empresa), desde o office-boy ao gerente.


Hoje não é só o diploma que conta pontos. Contam a sua inteligência, a sua cultura, a sua versatilidade etc.


Se você não é filho do dono da empresa nem nasceu com o rabo pra lua, os livros serão as suas verdadeiras universidades e cursos de aprimoramento profissional.


No dia a dia, os livros podem ajudar você a entender de culinária, de cuidar dos seus filhos e até de informática. 

Mesmo quando não ensina nada objetivamente, todo livro é um manual de auto-ajuda (ou você acha pouco espiar a alma feminina e a aflição masculina por dentro?).


Há algum tempo o Bill Gates, sim, apenas o homem mais bem-sucedido pelos padrões da sociedade materialista, deu uma palestra a jovens estudantes, de alguns minutos apenas, com um único conselho: “Respeite aquele CDF da sua escola, que vive com a cabeça enterrada nos livros. É certo que ele será o seu patrão no futuro.”


E o Dalai Lama, o homem mais bem-sucedido pelos padrões da sociedade espiritualista, resume sua dica a: “Antes de ser seu próprio Mestre, ouça, leia os outros Mestres”.


Sim, estude, estude sem preguiça. 

Estudar, meu bró, vem do Latim e nada mais significa do que ler




*Ulisses Tavares  é professor, escritor, dramaturgo, compositor,
roteirista, poeta, publicitário, jornalista, treinador de executivos
em criatividade, consultor de marketing e web business e, se
não fosse um leitor voraz, seria apenas mais um zé mané