06 abril 2006

DZE ROWLYSTONES

Formas de ouvir, ler e falar são o que são...


Recebi por e-mail um anúncio publicado em jornal de uma cidade do interior, oferecendo um pacote imperdível a quem quisesse assistir ao show dos "Rowlystones" na praia de Copacabana, em fevereiro passado. No título do anúncio estava assim mesmo: Row-lys-tones. Mais de um milhão e meio de pessoas reunidas para assistir ao show da mais importante banda de rock em atividade, os Rowlystones.

E as TVs falaram, os jornais cobriram, as rádios anunciaram... O evento do século. Quase duas horas de rock da melhor qualidade, músicas históricas e Mick Jagger e seus companheiros detonando, mesmo sexagenários (ou seria sexuagenários?), rock como não se faz mais.
Para mim, se alguém perguntar o que é rock’n’roll eu defino: Mick Jagger.

E a maioria vai indagar imediatamente:
- Míqui Jégue? O cantor do Rowlystones?
- Você conhece os Rowlystones? Canta uma música deles aí!
- Ai quem guéti nou. Sadisféc-chou!
Ouvi isso dezenas de vezes nas monótonas entrevistas pela TV e pelo rádio.
Pois é...

Tenho certeza de que 90% das pessoas que estavam em Copacabana ou acompanhando os Rolling Stones pela TV, não tinham a menor idéia do que um dia representaram aqueles senhores no palco. Afinal, hoje os Rolling Stones são os “Rowlystones”, uma megabanda voltada ao entretenimento puro, sem a mensagem de rebeldia dos anos 60. E que gira por ano quase US$ 200 milhões...
Que tristeza...

Ninguém prestou atenção na letra de Sympathy for the devil. Ninguém sabe o que quer dizer Brown sugar. Ninguém lembra da porrada que foi Gimme shelter em pleno Vietnã... E o que se viu foi mais uma vez a vitória da forma sobre o conteúdo. Se naquele palco estivesse o Iu Tchu ou a Banda Calypso, seria a mesma coisa... Afinal, tudo o que é preciso é de uma celebridade, um pouco de histeria da mídia, luzes, som alto e... Um rebanho.

E o show foi fantástico. A reação do público inesquecível. A energia de Mick Jagger impressionante. As luzes encantadoras. O som perfeito. Um megashow, com direito a ter a transmissão bruscamente interrompida pela Globo, que precisava faturar.
Tudo perfeito.
Como deve ser um xou de roque.


SAIBA MAIS

sobre o colunista Luciano Pires acessando
www.lucianopires.com.br

CAVALEIRO DO CORDEL

Edição traz em versos a saga do Quixote


O que tem a Europa Medieval a haver com o Nordeste brasileiro? Tudo! Basta dizer que personagens como o imperador Carlos Magno e os 12 Pares de França, o navegador João de Calais, a sábia Donzela Teodora, a Imperatriz Porcina, Camões, Dom Sebastião, Pedro Malazartes e tantos outros que vieram na mala dos nossos colonizadores se mantêm vivos e influentes no cotidiano da gente nordestina.

Desta perspectiva, podemos afirmar com galhardia que o picaresco Dom Quixote está finalmente voltando às suas origens e raízes européias. Pois, ao finalizar este trabalho que o leitor agora tem em mãos, o poeta e ilustrador Antônio Klévisson Viana prima por realinhar a fantástica narrativa de Cervantes à literatura popular medieval.

Em As aventuras de Dom Quixote em versos de cordel o autor, despido da ingênua pretensão de querer "atualizar" ou "modernizar" ou "adaptar" a verve do grande sonhador de Alcalá de Henares, arma-se não obstante da mesma coragem, disposição, iniciativa e despojamento que os personagens que caracteriza para envergar as asas do bardo canindeense em que se transfigura, desbravando novos e iluminados horizontes.

E assim nos brinda com uma primorosa releitura, em sextilhas, do mito sempre atual, embora criado há cerca de 400 anos, do cavaleiro andante que ama a justiça e é fiel à mulher perfeita, inatingível, que lhe inspira os feitos mais banais. Por suas burlescas empreitadas nosso herói tornar-se-ia o "Cavaleiro da Triste Figura", a representar metaforicamente o gênero humano, enquanto o texto de Cervantes segue rompendo os séculos e sacudindo as letras.

E assim vamos encontrando todos os elementos necessários a que alcem vôo o pensamento e a imaginação — desde o humor fino aos delicados traços que emolduram os bem-amanhados heptassílabos cunhados por Klévisson —, que tornam esta obra altamente recomendável aos leitores em qualquer idade.

Mais especialmente ainda àqueles que, por estarem em época escolar e na busca por nutrirem-se de adequada informação sobre as coisas do mundo, vão encontrar no Quixote a fábula das artimanhas e tradições dos homens, propondo, além disso, entretenimento sadio de alta qualidade, capaz de permitir-lhes sonhar com um mundo melhor. Leiam, divirtam-se, recomendem e aprendam as lições que nos chegam desde há séculos pelas peripécias de Dom Quixote, um apelo à mente e ao coração.


ADQUIRA
As aventuras de Dom Quixote em versos de cordel
adaptação livre de Klévisson Viana - 45 páginas - Preço: R$ 20,00
Editora Tupynanquim - pedidos para
kleviana@ig.com.br

TEMPERATURA DOS VINHOS

Critérios para desfrutar uma boa taça


Sou cético quanto a regras “imutáveis” que alguns entendidos ou enólogos apregoam em relação aos vinhos, simplesmente porque quebrando estas mesmas regras é que outros tantos corajosos nos mostraram a possibilidade de prazeres indescritíveis — como a descoberta da harmonização perfeita entre o Pinot Noir e o salmão, rompendo a velha parceria de “somente vinhos brancos com peixes”, ou unindo vinhos brancos doces e foie gras (fígado de ganso), contrariando o princípio de que vinhos doces só combinam com sobremesas.

Não obstante, algumas regras parecem válidas, na maioria das vezes. Duas delas: a de servir vinhos tintos na temperatura entre 14ºC e 18ºC (temperatura ambiente na Europa) e a de beber vinhos brancos resfriados entre 6ºC e 10ºC. Na dúvida, pegue uma garrafa de um tinto qualquer e ponha-a na geladeira, duas ou três horas antes do jantar, ou então sirva um Chardonnay (branco) abrindo a garrafa sem nenhuma refrigeração anterior. Ao primeiro gole, você irá constatar que os tintos gelados perdem aroma e, em conseqüência, muito do seu sabor. E que os brancos sem refrigeração se tornam pesados, faltando aquele frescor que esperamos de um bom branco.
Mas qual a precisão destas temperaturas?

A resposta divide os amantes do vinho, mas diríamos que:
* Aos 18ºC, servem-se os melhores tintos, os mais encorpados (de Bordeaux, de Bourgogne ou da Toscana). Aos16ºC, os tintos menos encorpados e, na faixa dos 14ºC, tintos mais leves, como os Beaujolais.
* Na faixa dos 9ºC, servem-se os brancos mais secos. Já os brancos mais suaves têm sua temperatura ideal de serviço em torno de 6ºC.
* Espumantes ficam ótimos se servidos à temperatura próxima de 4ºC.
Há controvérsias quanto a estes valores, que são apenas referência: você é quem deverá escolher as temperaturas nas quais os vinhos mais lhe agradam.
Para tanto, é apenas necessário portar um termômetro aonde você for degustar um vinho.
* Ponha seus vinhos brancos na geladeira e sirva-os à temperatura em que sairem. Como o vinho vai se aquecendo ao ser servido nos copos, escolha a temperatura em que ele ficou mais agradável e use-a como guia para futuros serviços. Pessoalmente, acho que meia-hora fora da geladeira ou 15 minutos fora do balde de gelo traz a maioria dos vinhos brancos secos à temperatura ideal.
* Guarde seus tintos fora da geladeira e sirva-os à temperatura ambiente. Se estiver muito quente, ou se for um tinto leve (como um Beaujolais), considere a hipótese de pô-lo meia hora na geladeira, para resfriá-lo ligeiramente. E se você, por acaso, baixar demasiadamente a temperatura, alguns minutos fora da refrigeração farão o vinho voltar à temperatura ideal.

Pronto. Bebamos os vinhos nas temperaturas que mais favorecem sua apreciação, com grandes benefícios organolépticos, principalmente aos aromas característicos de cada um. Falta apenas escolher boas companhias para estes momentos sublimes da degustação de um vinho.
Um brinde a todos os leitores, com um bom vinho, na sua temperatura correta de serviço. Saúde!!!


TROQUE UMA IDÉIA

com o enólogo Jorge Cals Coelho:
calscoelho@uol.com.br

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