01 outubro 2010

CONSUMO GLOBAL

Como e para onde vamos?*


O Instituto Akatu pelo consumo consciente e o WWI-Worldwatch Institute lançaram uma versão em Português do relatório Estado do Mundo 2010. Produzido pelo WWI, este relatório faz anualmente um balanço com números atualizados e reflexões sobre as questões ambientais.

Entre os muitos dados que mais chamam a atenção, há um que aponta que apenas um sexto da humanidade consome 78% de tudo que é produzido no mundo (!). E mais: segundo o relatório, na última década a humanidade aumentou seu consumo de bens e serviços em 28%. Óbvio que, para produzir tantos bens, é preciso usar cada vez mais recursos naturais.

Assim, entre 1950 e 2005 a produção de metais cresceu seis vezes, o consumo de petróleo subiu oito vezes e o de gás natural, 14 vezes. Atualmente, um europeu consome em média 43 quilos em recursos naturais diariamente -– enquanto um americano consome 88 quilos, mais do que o próprio peso da maior parte da população.

Além de excessivo, o consumo é desigual. Em 2006, os 65 países com maior renda, que somam 16% da população mundial, foram responsáveis por 78% dos gastos em bens e serviços. Somente os americanos, com apenas 5% da população mundial, abocanharam uma fatia de 32% do consumo global.

Ora, se todos vivessem como os americanos, o planeta só comportaria uma população de 1,4 bilhão de pessoas. Atualmente, somos quase sete bilhões, e projetam-se nove bilhões para 2050. A pior notícia é quem nem mesmo um padrão de consumo médio, equivalente ao de países como Tailândia, seria suficiente para atender todos os habitantes do planeta.

A conclusão do relatório não deixa dúvidas: sem uma mudança cultural que valorize a sustentabilidade e não o consumismo, não haverá esforços governamentais ou avanços tecnológicos capazes de salvar a humanidade dos riscos ambientais e de mudanças climáticas.

Ainda segundo o relatório, a mídia é um forte indutor do processo do consumismo insustentável. Por meio de ações publicitárias globais, o setor de água engarrafada, por exemplo, ajudou a criar a impressão de que água na garrafinha é mais saudável, mais saborosa e está mais na moda do que a boa e velha água "torneiral", mesmo quando estudos demonstram que algumas marcas de água engarrafada são menos seguras do que água da rede e custam de 240 a 10 mil vezes mais.
Por fim, a indústria de água engarrafada movimenta hoje US$ 60 bilhões e vendeu 241 bilhões de litros de água em 2008, mais que o dobro da quantidade vendida em 2000. Convém observar o relatório e seguir o que o Akatu recomenda: refletir sobre o consumo consciente.


*o jornalista Edgard Patrício assina a coluna Ecologia no jornal O Povo
de Fortaleza/CE

LEIA MAIS

http://portal.opovo.com.br/app/colunas/ecologia/2010/07/10/inter_ecologia,2018551/estado-do-consumismo-no-mundo.shtml

www.akatu.org.br/consumo_consciente/dicas

www.worldwatch.org.br/estado_2010.pdf