28 agosto 2012

FIO DE ARIADNE

Brasileiros constroem 
"biblioteca borgiana" 



Dois artistas brasileiros criaram uma biblioteca em forma de labirinto, inspirada no escritor argentino Jorge Luís Borges. 

 Marcos Saboya e Gualter Pupo empilharam 250 mil livros na obra aMAZEme, que está exposta no Southbank Centre (Waterloo Bridge) em Londres. 

Uma equipe de 50 voluntários trabalhou por cinco dias e noites para terminar a instalação baseada numa impressão digital de Borges, misturando em Inglês os termos "encante-me" e "labirinto".

"Perder-se no labirinto" aqui significa apenas "apanhar outro livro para ler", num exercício sem fim. 

Saboya diz que Borges é seu escritor favorito e que tem suas obras completas na mesa ao lado da cama. 

"Ele tinha uma biblioteca inteira dentro de si e dizia que sua ideia de paraíso era uma espécie de biblioteca", afirmou. 

 Segundo o artista, o objetivo da instalação é colocar as pessoas em contato com bons livros. 

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 (imagens em www.madeinslant.com)


27 agosto 2012

KUARUP 2012

Xingu, a aldeia global*



Índios do Parque Nacional do Xingu descobriram o Facebook. Procure lá por 

Ikpeng, Juruna, Yawalapiti, Kuikuro, Mehinaku, Kalapalo, Kamaiurá… Quase 

todos os índios jovens da reserva de 27 mil quilômetros quadrados, a maior 

do mundo, possuem um perfil na rede social, embora vivam praticamente igual 

ao que era 51 anos atrás, quando o parque foi criado: em ocas comunitárias 

e alimentando-se basicamente de peixe assado e beiju de tapioca


Quase todos os índios jovens da reserva de 27 mil quilômetros
quadrados, a maior do mundo, possuem perfil na rede social


À primeira vista, parece que o tempo não passou por ali. O chão de terra batida, crianças correndo peladinhas, mulheres agachadas preparando o beiju. Aí você repara melhor e vê algumas antenas parabólicas, placas de energia solar, volta e meia uma motocicleta circulando. O contraste entre o ancestral e o moderno faz pensar que o Xingu encarna literalmente a “aldeia global” que previu Marshall McLuhan nos anos 1960, justo quando a reserva estava sendo criada.
Estamos na aldeia Yawalapiti, uma das 16 etnias que habitam o parque, onde aconteceu no último fim-de-semana o kuarup (cerimônia fúnebre) em homenagem ao antropólogo, escritor e político Darcy Ribeiro, que completaria 90 anos em 2012. Nas ocas, tem energia elétrica e televisão, mas não tem telefone nem pega celular. Com 300 habitantes, a aldeia é abastecida por geradores elétricos, mas um sistema de captação de energia solar está sendo implantado com a ajuda da Fundação Darcy Ribeiro. As primeiras placas estão em fase de teste e moradores são treinados para fazer a manutenção do equipamento. Se der certo, a ideia será replicada em outras aldeias do Xingu.
Embora as crianças da aldeia estejam desnudas como sempre, durante a festa alguns dos homens adultos preferem usar cueca por baixo da (pouca) roupa. As índias jovens já não têm tantos filhos quanto suas mães, com oito, nove rebentos. Muitas meninas são mães em tenra idade, mas têm apenas uma criança. Contam usar pílula anticoncepcional. Em vez de andarem despidas, preferem usar vestido de elastex tomara-que-caia. Todas usam o mesmo modelo de vestido, prático na hora de amamentar os filhos.
No ponto de cultura Yawalapiti, onde é possível conectar-se à internet, é que os índios conversam no facebook com gente de todo o País. Como em qualquer parte, há entre os jovens um certo fetiche pelos gadgets eletrônicos. Mesmo sem sinal para fazer ligações, os celulares são utilizados para fazer fotos. No Kuarup, Munuri, vestido a caráter para a festa, não larga de seu tablet. “Sempre gostei de aparelhos, mas de qualidade boa. Não gosto de coisa ruim. Fotografo, filmo, escrevo textos. Faço tudo aqui no meu tablet”, diz Munuri, que transmite o que aprendeu às crianças da aldeia.

O índio-cinegrafista Collor, que ganhou o
nome em homenagem ao ex-presidente

Pela primeira vez um kuarup foi inteiramente documentado pelo Iphan (Instituto de Patrimônio Histórico Nacional), desde o começo da preparação, dez meses atrás. Dos pequis sendo colhidos para a bebida fermentada que é distribuída na cerimônia, até as centenas de quilos de polvilho que são acumulados durante o ano para o beiju que será consumido no kuarup, tudo foi filmado por uma equipe com o apoio do índio cinegrafista Collor –isso mesmo, ele ganhou o nome em homenagem ao ex-presidente. Nasceu há 22 anos, quando o futuro “impichado” por corrupção acabara de tomar posse.
Além de filmar, Collor também dança e luta huka-huka, a batalha que na manhã do domingo 19 levará cerca de mil guerreiros de várias tribos do Xingu ao centro da aldeia. Ele se diz autodidata: aprendeu a filmar observando. A câmera, ganhou de “um francês”. Grava todas as festas mais importantes entre os Yawalapiti e guarda tudo em seu notebook. Pergunto onde gostaria de trabalhar. “Eu queria ficar aqui, registrando nossa cultura. Nunca pensei em sair”, diz Collor. A mesma frase é repetida por outros jovens índios. Querem sair só para estudar e voltar à aldeia.
Na tarde do sábado, Collor está sentado detrás do local onde foram colocados os três troncos representando as almas dos homenageados do kuarup – além de Darcy, duas índias. “Até na morte Darcy está rodeado de mulheres”, alguém brinca. Todos receberam adornos e são pintados com tintura de jenipapo e urucum para a festa. Os guerreiros que vão lutar o huka-huka fazem a sangria: têm os braços raspados por um instrumento rudimentar, a arranhadeira, feito com dentes de peixe-cachorra, para ganhar coragem.
As mulheres são mais tímidas e não falam bem o Português, mas sim uma mistura de dialetos, como a maioria dos índios do Xingu. Entre os Yawalapiti, apenas 12 pessoas falam a língua original da etnia. Existe um projeto para reviver a língua ao qual a ministra da Cultura, presente ao Kuarup, promete empenho. Ana de Hollanda, porém, causa constrangimento geral ao se recusar a receber o documento preparado pelos índios em protesto contra a usina de Belo Monte e repúdio à portaria 303 da AGU (Advocacia Geral da União) sobre o uso de terras indígenas. O cacique Aritana, chefe dos Yawalapiti e considerado a maior liderança do Xingu, protestou na hora, mas, pacificador, preferiu não criticar a ministra publicamente.

Índios usam celulares para fazer fotos









Enquanto cânticos eram entoados, familiares dos mortos choravam em volta dos troncos enfeitados, durante toda a noite. A família de Darcy Ribeiro, que não teve filhos, compareceu em peso: 46 pessoas, entre sobrinhos e sobrinhos-netos do antropólogo, vindas em sua maioria da terra natal do antropólogo, Montes Claros (MG), se revezavam a cada 40 minutos ao redor de sua “alma”. Sobrinho de Darcy, Paulo Ribeiro lembrava que, ao lado dos irmãos Villas-Boas, ele foi um dos idealizadores do parque. “Darcy e o antropólogo Eduardo Galvão fizeram todo o levantamento da área”, explicou Paulo.
Observando a cerimônia sob o inacreditável manto de estrelas, o índio Kamalurré Mehinaku assombrava os brancos com lendas sobre o Kuarup. “Esses troncos são perigosos. Não pode olhar muito. Se olhar e ver gente nele, passando três dias, morre. O pai de Aritana viu e morreu. Teve outro que ouviu o tronco respirar, chorou aos pés dele, mas não adiantou. Dois dias depois morreu. É por isso que o pajé sopra fumaça do cigarro no tronco, para acalmar o espírito.”
No final da tarde de domingo, os troncos-almas são levados para o rio Xingu. É a última parte do Kuarup. Significa que o luto acabou e daqui para a frente todos podem sorrir novamente. As fotos já estão no Facebook.


*a jornalista Cynara Menezes já escreveu em
 Jornal da Bahia, Folha de S. Paulo, Estadão, Veja VIP
 este texto e fotos foram publicados na revista Carta Capital


24 agosto 2012

FRENCH ROCK (?)

Bangs!

Bangs! se intitula uma "banda francesa de rock" , integrada pela cantora Eve e pelo guitarman Tony. Têm quatro músicas no Myspace, sem menção a quem os acompanha na bateria, baixo e efeitos. Misteriosos...

Uma delas é esta "Mais rápido ou Nunca!", em que Eve "conversa" com o personagem "Tommy" (?) e explica pontos de vista sobre música e algumas outras coisas... o destaque vai para a qualidade da distorção dos riffs alternados com dinâmicas entre os vocais, tudo permeado por efeitos eletrônicos e frases bem humoradas que o Tony extrai da sua Telecaster...

Segundo seu lacônico release, Bangs! produz suas canções em Massilia -- nome de Marselha (Marseille) ao tempo de Julius Caesar -- que, conforme a dupla de músicos, é uma cidade "caracterizada por sua forte identidade e senso de independência e inconformismo", definição que Bangs! "gostaria de aplicar à música que compõe"...

Interessante é que houve um Bang ativo no rock da Flórida na década de 1970 (que relançou material em CDs em 2011), houve um grupo de punk rock chamado Bangs que começou a carreira em 1997 em Olympia, Washington (EUA) com mulheres na guitarra e no baixo, houve mais um outro The Bangs em  Manchester (Grã-Bretanha) fazendo o gênero grunge, existe um The Bangs que faz black rap com duas vocalistas e ainda há The Bangs Family em Ottawa (Canadá), no qual duas irmãs tocam fiddle e sapateiam e o pai as acompanha ao violão, participando até do espetáculo Quidam com a troupe do Cirque du Soleil... ufa!

Aquele das meninas punk, conforme a Wikipedia, acabou (reuniram-se em 2010 para alguns shows), e o britânico, também com vocais femininos, fez seu último login no Myspace em setembro de 2010 -- onde estreou em 2007. 



Vale mencionar que há muitas acepções e significados emprestados ao termo "bangs", que não vamos incluir aqui mas que vêm enriquecer ainda mais a simbologia de toda essa história, sem sabermos o quanto disso se alinha à intenção destes músicos ao elegerem tal nome para a sua autodenominação.

Enfim, na cena musical indie, a nota final quem pode dar são os ouvidos... no caso da Bangs! francesa, dá pra conferir agora também o vídeo.


18 agosto 2012

TUDO É MUDANÇA


Lição do Taoísmo*


Diz a sabedoria popular: “Não há bem que dure para sempre, nem mal que nunca acabe”. Na vida, tudo passa. As próprias estações do ano mostram que tudo está em constante mutação, que tudo é transitório. 

Mas as estações também ensinam algo importante: que as coisas sempre acontecem em ciclos, que há um movimento maior por trás da transitoriedade. Isto é algo essencial: aprender a perceber a vida em uma perspectiva maior.

Existe uma frase que resume tudo isso: “Os anos ensinam coisas que os dias desconhecem”. Ou seja, de nada vale ficar observando os dias, que são pequenos e transitórios. Para compreender a vida, é necessário olhar os anos, os grandes ciclos.

O sábio chinês Lao-Tsé ensina, no seu extraordinário livro Tao-Te-Ching: “Poupem as palavras,/ e tudo mudará por si mesmo. / Um ciclone não dura a manhã inteira./ Um aguaceiro não dura todo um dia./ E quem os produz?/ O céu e a terra./ Se o céu e a terra nada podem fazer de durável,/ muito menos o pode o homem”.

É preciso compreender que a vida vai muito além do que se convencionou chamar de "bem" e de "mal". Certo dia, um mestre descobre que seu único cavalo desaparecera. E os vizinhos falaram: “Que coisa ruim”. O sábio, disse, porém: “É ruim, mas também é uma coisa boa”. 

Os vizinhos não entenderam o que poderia haver de bom naquilo. Só que, dias depois, o animal volta, trazendo consigo outro cavalo que o acompanhou pelo caminho. E vieram os vizinhos: “Que coisa boa, você agora tem dois cavalos”. O velho respondeu: “É bom, mas também é uma coisa ruim”. 

Novamente, ninguém o entendeu. Passa-se mais um tempo, o filho do velho tenta domar o cavalo selvagem, mas é derrubado e quebra a perna. Mais uma vez dizem os vizinhos: “Que coisa ruim”. E o sábio: “É ruim, mas também é uma coisa boa”. Desta vez, o povo fica indignado, chamando o velho de insensível. 

Aconteceu porém, logo depois, a deflagração de um grande conflito na região, e todos os jovens foram convocados para a guerra, com exceção dos deficientes e dos feridos. Aí chegam os vizinhos: “Que coisa boa, seu filho não vai para a guerra”. Ao que o mestre respondeu: “É bom, mas também é uma coisa ruim”. Essa história não termina nunca.

Na verdade, não há uma coisa exclusiva que se chame causa, nem uma coisa isolada que se chame efeito. Tudo é causa e tudo é efeito de algo. O problema é quando se olha apenas para um aspecto da realidade. Daí, a coisa vai ser boa ou vai ser ruim mesmo. Mas quando se tem uma visão panorâmica, quebrar a perna é só quebrar a perna, perder o cavalo é só perder o cavalo. Não é bom e não é ruim, apenas é.

A sabedoria está em ver o contexto maior da vida, percebendo que, na realidade, nada é isto ou é aquilo; tudo é processo de mudança. Para cada face da realidade, existe um oposto. 

Qualquer evento é parte de uma mudança natural, que está em constante transição. É assim que o sábio vê a vida, e é assim que se deve vê-la.



*professor de Filosofia, escritor e poeta, Edilson Santana Gonçalves 
é titular da 8.ª Promotoria de Justiça Cível da Comarca de Fortaleza
(fonte: jornal O Povo de 19/08/12; imagem em www.asiaticos.org)

09 agosto 2012

HORA DE BRIO

Nosso lugar no pódio*



Escrevo emocionado do estádio de Wembley, uma das grandes catedrais do mundo, como a de Notre-Dame ou a de São Pedro. Até uma anta futebolística como eu sente o peso do lugar, que, mesmo reformado como o Maracanã, será sempre o histórico Wembley.

Tudo numa Olimpíada é carregado de significado. A glória e a derrota: entramos na história e saímos dela, em fração de segundos.

Ver Michael Phelps conquistar a 18.ª medalha de ouro é estar num momento do século que não passará. E há muito de shakespeariano no choro de Rebecca Adlington [nadadora britânica que faturou dois ouros nos Olympic Games de 2008, nos 400 m e nos 800 m, quebrando um recorde  estabelecido há 19 anos por Janet Evans nos 800 m (N. do Ed.)], de quem a Inglaterra esperava mais ouro neste ano e que terá de remoer seus bronzes pela vida inteira. 

A trama era digna de Glória Perez: a feia e simpática inglesa disputando com uma italiana sensual que posou nua para a Vogue. Só que Lady Gold virou as costas para as duas favoritas, num enredo superado apenas por Carminha e Nina.

Esporte é novela, teledramaturgia pura, reality show de alto nível.

Rezo apenas para que o Brasil -- nosso povo, nossos governantes em todos os níveis, nossos empresários grandes, médios e pequenos -- entenda que agora é a nossa hora.

A mais difícil e a mais bela. Como diria Churchill, "our finest hour".

Terei 56 anos na nossa Copa e 58 na Olimpíada. Os dois eventos formam oportunidade única de o Brasil assumir o lugar que já é dele. A questão desses tempos é ser e não ser. Não basta ser, você tem de ser percebido.

O Brasil melhorou muito nos últimos três governos. Mas nossa história não pode ser contada pelos mercados e por seus interesses. Ela tem de ser contada por nós, "we, the people", como lindamente escreve a Carta americana.

Temos de cuidar de nossos interesses e de como nossos filhos, nossas empresas, nossos produtos, nossos livros e nossa arte são percebidos no mundo neste século. E este século pode ser nosso.

Digo isso não por megalomania. Não precisamos dominar o mundo, mas podemos encantá-lo. O Brasil tem tudo para ser a potência soft do século. O que não pode acontecer agora é a montanha parir um rato. Nestes próximos quatro anos, todos os olhos do mundo estarão voltados para nós. Não é hora de fazer forfait. É hora de brio, de amor próprio, de sangue nos olhos.

É preciso ter senso de história. A velhinha inglesa que se despede de nós depois de um dia de sol e de um anoitecer gelado tem isso no seu dedicado sorriso de voluntária da Olimpíada. A Inglaterra, que de história entende bem, até escalou sua rainha de 86 anos para brilhar como "Bond girl" neste mundo midiático.

A discussão sobre ser o dinheiro da Copa ou da Olimpíada mais bem usado na saúde ou na educação é uma discussão mal posta. Dinheiro mal usado é mal usado em qualquer lugar. Se usarmos esse dinheiro apenas para sediar dois eventos, sem dúvida o custo será maior que o benefício. Mas o Rio de Janeiro, o Estado e a cidade, já está usando a Olimpíada para se posicionar como marca, lugar de negócios, sociedade e destino.

Estou em Londres a convite de um dos patrocinadores da Olimpíada, a revista Fortune, que realizou um dos muitos eventos empresariais paralelos. Tudo foi bancado com o dinheiro chinês da municipalidade de Changdun, onde ocorrerá o próximo fórum global da revista, com a presença do líder chinês e dos maiores empresários do mundo, ou seja, enquanto a bola ou o cronômetro correm, a grana corre também.

É um jogo grande, e o Brasil entrou nele por conta própria. Volto feliz do evento sob a lua cheia de Londres, e o dean da Harvard Business School, que participou do fórum da Fortune, com sorriso maroto e cabeça brilhante, me diz: "It's you guys, in four years", e todos os olhos do ônibus se dirigem a mim.

Meus amigos e inimigos, ninguém mais é uma pessoa. Agora somos todos um País. Se um de nós em Santa Catarina ou na Bahia atropelar um ciclista francês, o Brasil terá atropelado um ciclista francês. Os olhos do mundo estarão postos em nós. Cheios de curiosidade, de preconceito e de inveja.

Não é hora de amarelar nem de ser soberbo. Nem de vir com burrice, achando que se trata de jogo de futebol ou de vôlei. O que está em jogo é a evolução do País, das commodities para o valor agregado.



*o publicitário baiano Nizan Guanaes comanda o Grupo ABC
e
escreve na Folha de S.Paulo quinzenalmente, às terças-feiras.

(imagem: Thiago Pereira com a medalha de ouro após a prova dos 200 metros
medley, nos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara, México [19/10/2011],
em
 http://veja.abril.com.br 
 / Mike Ehrmann / Getty Images)