24 julho 2008

ÉS O QUE COMES, ZÉ!

Propaganda sugere má alimentação



Uma pesquisa realizada pelo Departamento de Nutrição da Universidade de Brasília (UnB) constatou que 72% das propagandas de alimentos veiculam mensagens para o consumo de produtos que fazem mal à saúde. A maioria desses produtos contém altos teores de gordura, açúcar e sal.

As cinco categorias mais veiculadas de produtos que afetam a saúde são 1) os fast-food; 2) guloseimas e sorvetes; 3) refrigerantes e sucos artificiais; 4) salgadinhos de pacote; 5) biscoitos e bolos. Estes alimentos contribuem para o aumento de doenças crônicas — como obesidade, hipertensão e diabetes.

A pesquisa revelou ainda que, entre canais de televisão abertos e fechados, 44% do total das propagandas de alimentos são direcionados para a persuasão das crianças. Abaixo, em entrevista concedida à Radioagência Notícias do Planalto, o presidente da ABJC-Associação Brasileira de Jornalismo Científico, Wilson Bueno, afirma que seria necessário haver uma restrição a essas propagandas, já que as publicidades que utilizam o depoimento (testemunho) de artistas induzem as crianças a um consumo não saudável.

Radioagência NP: Como você avalia as propagandas sobre alimentos no Brasil?
Wilson Bueno: Temos um problema sério. A propaganda de alimentos, sobretudo aquela voltada para o público infantil, tem realmente um efeito danoso. Não adianta as indústrias e muitas vezes as agências negarem. Falar que as crianças e as pessoas têm condições, elas próprias, de decidir o que é bom ou é ruim. Ou que não há esse tipo de influência, no sentido de conduzir a uma má nutrição, obesidade, aumento de colesterol, porque a propaganda é feita e é paga para funcionar. E se ela funciona, o efeito que causa é o de conduzir as pessoas, em particular as crianças, para a péssima alimentação.

RNP: As propagandas devem sofrer restrições?
WB: Sim. Deve haver restrições, como no caso do tabaco. Devem existir restrições às bebidas e às propagandas de medicamentos em geral. Não dá para acreditar na auto-regulação. Não devemos deixar esse tipo de coisa nas mãos das entidades que representam as empresas — as agências e os anunciantes — porque certamente eles trabalharão em causa própria.

RNP: Existem políticas públicas voltadas para uma boa alimentação? O que pode ser feito?
WB: Não, mas existem as pesquisas e um trabalho que está sendo muito condenado, mas na maior parte das vezes é bem feito é o da ANVISA-Agência Nacional de Vigilância Sanitária, no sentido de indicar, sobretudo, para a propaganda de alimentos, de bebidas e de medicamentos, abusos inaceitáveis que influenciam a postura e comportamentos dos cidadãos. Institutos como o IDEC-Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor e o Instituto Ethos poderiam trabalhar, de maneira que não seja truculenta, formas de discutir e restringir tais práticas. Não é possível deixar celebridades e artistas de televisão, em programas de horário infantil, induzirem as crianças ao consumo não saudável.

RNP: Como você avalia os hábitos alimentares do brasileiro?
WB: Muito ruins. Certamente não só influenciados pela propaganda, mas por uma educação que não contempla esse tipo de informação nas escolas. Há o problema da falta de vigilância nas escolas em relação ao uso de produtos não saudáveis, como por exemplo nas cantinas. E há um papel não-assumido de maneira adequada pela escola, pela família e pela sociedade como um todo.

RNP: É saudável o consumo de alimentos transgênicos?
WB: Devemos ter precaução. Devemos exigir rotulagem dos transgênicos. Tenho o direito de escolha de consumir ou não o transgênico. Esse direito não pode ser negado. Há esforço e um lobby poderoso de empresas de biotecnologia, no sentido de fazer com que a gente substitua culturas tradicionais que são importantes, sobretudo no caso do Brasil. Essa mudança para os transgênicos nos leva a uma perigosa dependência tecnológica, no caso específico das sementes de soja ou de algodão. Acho que falta discussão e observação de pesquisas que mostram os impactos ambientais e os problemas que esses produtos trazem para a saúde humana. Devemos ficar atentos, porque há interesses econômicos.

*por Desirèe Luíse, da Radioagência NP em São Paulo/SP


AGROECOLOGIA VERSUS ALTA DE PREÇOS DOS ALIMENTOS
Paralelamente a estas preocupações, integrantes de movimentos sociais brasileiros e representantes de países latinos estão reunidos desde quarta-feira (23 de julho), para debater formas alternativas para a produção de alimentos.

A VII Jornada de Agroecologia acontece em Cascavel, interior do Paraná, discutindo a reforma agrária, a alta do preço dos alimentos e a viabilidade de outros modelos de agricultura para produção de alimentos sem agrotóxicos e sem uso de sementes transgênicas — geneticamente modificadas. Durante o encontro, os camponeses irão trocar experiências bem-sucedidas de produção agroecológica.

Segundo o coordenador da Via Campesina — entidade que reúne movimentos do campo sediados nos quatro continentes — José Maria Tardin, as discussões ao redor da Agroecologia são importantes não só pela questão essencial da produção de alimentos saudáveis, mas também pela autonomia tecnológica que estas práticas podem gerar. “Essa autonomia tecnológica significa uma ruptura total da relação do camponês com a indústria da agricultura, porque sua base é organizar na produção os processos ecológicos da vida, o que se dá de forma totalmente desvinculada dos atuais processos industriais.”

Tardin afirma ainda que esta ruptura é um fator essencial atualmente, diante da crise gerada pela alta no preço dos alimentos. Na verdade, a crise está relacionada com a produção e distribuição de alimentos que são controladas por empresas transnacionais. Nesse contexto, a agricultura camponesa ainda é responsável por 70% dos alimentos que são consumidos pela população brasileira.

O coordenador da Via Campesina avalia que, como resultado desejável, a VII Jornada deverá pautar a reivindicação de políticas governamentais visando desvincular a distribuição destes alimentos do domínio das grandes empresas.

*por Juliano Domingues, da Radioagência NP em São Paulo/SP


SAIBA MAIS
www.radioagencianp.com.br

www.coopenbh.com.br/projetos%20pedagogicos%20-%202007/alimentacao_saudavel.htm

www.viacampesina.org

http://pt.wikipedia.org/wiki/Via_Campesina

23 julho 2008

ENTRONCAMENTO DE MÍDIAS

Cartografia Web Literária



O SESC-Serviço Social do Comércio e o Portal de Literatura e Arte Cronópios põem em discussão as revistas eletrônicas e os rumos da Literatura face ao advento da Web.

O evento contará com debates e performances multimídia e será transmitido em tempo real pela Internet. O Portal Cronópios disponibilizará também um chat para que os interessados enviem suas perguntas ao mediador de cada mesa-redonda, também em tempo real.

Na programação, constam:

12/agosto (terça-feira), 19h
As zonas de exclusão do mercado literário e o papel da Internet
com Heloísa Buarque de Holanda * Fabrício Carpinejar * Carlos Emílio Corrêa Lima * Vicente Franz Cecim * Raimundo Carrero
Moderador: Edson Cruz (Portal Cronópios)
(leitura de textos inéditos com os escritores)

13/agosto (quarta-feira), 19h
Publicação e distribuição da literatura em tempos digitais
com Clara Averbuck * Ana Paula Maia * Cardoso (André Czarnobai) * Artur Rogério * Lima Trindade Moderador: Fabrício Carpinejar
(Leitura de textos e discotecagem com DJ Malásia)

14/agosto (quinta-feira), 19h
Interfaces da literatura na Web
com André Vallias * Pipol * Mardônio França * Fábio Oliveira Nunes
Moderador: Lúcio Agra
(Apresentação de André Vallias com vídeo-poema intermeado por traduções de obras de Hölderlin, Khlèbnikov, Gottfried Benn, Mandelstam e Trakl, entre outros)

15/agosto (sexta-feira), 19h
Apreciação/crítica dos conteúdos de literatura veiculados na Internet
com Ivan Marques * Paulo Franchetti * Márcio-André * Linaldo Guedes * Floriano Martins
Moderador: Leda Tenório da Motta
(Márcio-André apresenta uma roldana de palavras -poesia-máquina de desautomatizar munido de vozes, violino e outros objetos sonoros)

16/agosto (sábado), 15h
Sarau Cartográfico
com a participação de autores, blogueiros, editores de sites de literatura, poetas, performers, DJ e convidados do evento. Leituras de textos e apresentações de performances literárias
(Especial: performance de Lúcio Agra)


VÁ LÁ
SESC Consolação
Rua Dr. Vilanova, 245 - Vila Buarque - São Paulo/SP
Tels.: 3234-3000 / 3256-2281 / 0800-11-8220
www.sescsp.org.br

ACOMPANHE PELA TV CRONÓPIOS
www.cronopios.com.br

A seguir, trecho escrito pelo poeta Márcio-André — da revista bimestral de arte e literatura Confraria — que integra o texto Por que expulsar de vez o poeta (disponível na íntegra no Portal Cronópios):

"O poeta nunca deve ser maior que a poesia que escreve. Deve sumir diante dela e restar na ordinária condição de indivíduo — aquele que vai à padaria, que assiste filme ruim na Tela Quente, que nunca foi o preferido da professora, que não ostenta essa ou aquela condição, que não é melhor ou pior em relação a qualquer outro —de tal forma que falar de aspectos de sua vida não venha a ser mais importante que a poesia contida nela.

"Em verdade, já não haverá diferença entre vida e poesia, ao contrário dos exemplos citados no início do ensaio, onde a poesia não passa de um recurso retórico tendo em vista a canonização do autor — não é a vida que se impõe à poesia, mas a poesia que gera a própria possibilidade da vida.

"O poeta deve ser, consequentemente, aquele que se interessa pelas pessoas, poderosas ou não, que se ocupa de todo aquele que não tenha nada a lhe oferecer. Somente assim, lutando em pensamento e ação por uma ética da escrita, a poesia poderá ser, como já foi na Antiguidade e, em casos muito recentes, a arma mais incisiva e poderosa contra as incoerências da realidade.

"Ser ético é, portanto, escapar ao próprio ego e engajar-se na quântica das palavras. Essa é a dimensão da qual o poeta não pode abrir mão. Se ele for complacente com o sistema, quem mais deixará de ser? Somente sua simplicidade e renúncia o podem redimir, muito além das ilusões criadas para suportar sua real insignificância social.

"O cinismo só se torna válido quando duvidamos de nós mesmos. O artista que tem medo de duvidar, seja de si, seja do mundo que o aceita, tem medo de deixar de ser como é, pois ainda se admira como o sujeito de uma realidade objetivadamente imutável, e não como centelha de um universo mutável. Este ainda não está pronto para a caminhada. Sua viagem se limita em ir até a esquina e voltar."

18 julho 2008

TEMPO E ENERGIA

Descubra o seu talento!



Todos nós fomos dotados de dons especiais — chamados “talentos” — que, se adequadamente desenvolvidos, podem representar a diferença entre o sucesso e o fracasso na vida profissional e pessoal. No entanto, grande parte dos profissionais não sabe o que fazer de suas potencialidades e o que seria uma marca registrada de seu talento pode desaparecer no tempo, se não for exercitada adequadamente.

Para que você possa alcançar patamares mais elevados de realização e ação em sua vida profissional e pessoal, preparamos algumas questões capazes de lhe proporcionar um exercício valioso de reflexão rumo ao sucesso. São as seguintes:

a) PENSE DIFERENTE – O mundo está cada vez mais igual. Repare nas características dos bens de consumo do varejo e verá que a diferença, hoje, é mínima. Estamos na era da “commoditização”, ou seja, a praticidade e a evolução de produtos e marcas alcançaram patamares onde a diferença é quase nenhuma entre eles. O que sobra, então, para você? Diferenciar-se pelo pensamento criativo ou, expressando-me melhor, fazer algo realmente diferente.

Se isto for muito difícil para você, vale fazer algo comum de forma diferente. Olhe ao seu redor e enumere, pelo menos, cinco atividades que você poderia estar fazendo de forma inusitada, tornando-as mais eficientes, econômicas e prazerosas. Certamente você vai resistir, no início, achando que é difícil ou mesmo impossível descobrir novos usos/utilidades para as suas tarefas, mas, aos poucos, vai encontrar situações onde a realidade posta começará a se transformar e, com determinação, esta terceira via começará a se tornar a solução ideal;

b) LANCE NOVAS IDÉIAS – Uma vez constatado que a sua idéia é autêntica, selecione e envolva as pessoas certas para a divulgação, formalização e implantação da mesma. Muitas idéias que poderiam revolucionar processos se perdem pela simples falta de alguém que possa capitalizar as novas idéias geradas, provocando desperdícios diários nas empresas.

Quem não já ouviu a frase “a idéia é boa, mas depois a gente conversa sobre este assunto”? Neste caso e em muitos outros, não deixe a burocracia, o pessimismo e a falta de ânimo de outrem sufocarem o seu talento. Se você for autônomo(a), garanta os recursos para concretizar um produto ou prestar um serviço da melhor forma possível, sem abandonar sua idéia;

c) JULGUE-SE UM TALENTO – Se você não tinha pensado antes nisso, acredite seriamente! A auto-análise positiva é o primeiro passo para realizarmos algo diferenciado e novo em nossas vidas. Esta nova percepção nos alimenta e "energiza" para grandes realizações futuras;

d) ENVOLVIMENTO EMOCIONAL – Só vamos realizar algo realmente diferente se nos envolvermos “de corpo e alma” nos projetos, trabalho e causa que abraçarmos. A ambição somente pelo dinheiro não é suficiente para perenizar o sucesso. Portanto, comprometa-se incansavelmente pelas coisas em que acredita e verá que o seu talento florescerá naturalmente;

e) INVISTA EM SI MESMO(A) – Antes de você descobrir qualquer coisa, primeiro descubra-se. Eleve seus pontos fortes e trabalhe aquelas características em que você não está tão bem, se comparado(a) a outro(a)s profissionais do mesmo nível que você. Agindo desta forma e trabalhando um plano de ação coerente e consistente, os pontos fracos serão amenizados e novas forças e armas vitais capazes de agregar valor ao seu talento lhe serão acrescidas.

*o colunista Luís Antonio Rabelo Cunha é Mestre em Administração de Recursos Humanos, consultor e professor universitário, administrador de empresas, diretor da FAMETRO-Faculdade Metropolitana de Fortaleza/CE e presidente da RECENS-Rede Católica de Ensino Superior
luisrabelo@terra.com.br

*imagem e outras info pertinentes no blog de Paulo Alves (Porto, Portugal) http://carambasproblog.wordpress.com/2008/04/11/receita-para-o-regresso-ao-trabalho

09 julho 2008

NA OMELETE QUEBRAM-SE OVOS

O supermercado é político


Falar que o “supermercado é político” é dizer que o mais privado dos atos — o de buscar alimento e garantir necessidades primárias — não se encerra na hora de pagar a conta. A escolha do produto até pode dar-se por razões econômicas, busca de qualidade ou, ainda, ideologia.

Contudo, ao escolher um produto também se escolhe, querendo ou não, uma forma de produção, um tipo de relação de trabalho, um determinado impacto ambiental.

Em suma, comprar algo é trazer para casa, além do produto, a sua cadeia de fabricação e as conseqüências. Ignorar esses fatores é se proteger de duas conseqüências do conhecimento: liberdade e responsabilidade.

Dados de recentes pesquisas demonstraram que produtos orgânicos possuem mais nutrientes que os alimentos da produção linear. Ou seja, não é apenas uma questão de quantidade, mas de qualidade. Pode até ser que a agricultura orgânica não produza tanto quanto a linear, mas alimenta mais.

O artigo Comparação da qualidade nutricional de frutas, hortaliças e grãos orgânicos e convencionais, publicado no Jornal de Medicina Alternativa, relata que produtos orgânicos contêm, em média, 29,3% mais magnésio, 27% mais vitamina C, 21% mais ferro, 26% mais cálcio, 11% mais cobre, 42% mais manganês, 9% mais potássio e 15% menos nitratos.

Indo mais além, conforme relatório do Environmental Group, atualmente, ao completar um ano de vida uma criança já recebeu, por conta do consumo de alimentos convencionais, a dosagem máxima aceitável pela OMS-Organização Mundial de Saúde de oito pesticidas altamente carcinogênicos para uma vida inteira.

Para além das questões nutricionais, alimentos orgânicos e de agricultura familiar contribuem para a empregabilidade no campo. O que evita o êxodo rural, e, por conseqüência, o aumento de favelas em centros urbanos.Um outro dado importante é que quem produz alimento para o brasileiro não é a produção convencional ou linear ou o agronegócio, mas a agricultura familiar e orgânica.

Mais da metade do feijão vem da produção familiar. No caso do arroz, mais de um terço e, da mandioca, 90%. Estas são algumas informações que demonstram a importância do setor na economia brasileira — um setor responsável por uma média de 10% do PIB-Produto Interno Bruto nacional, conforme dados da FIPE-Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas. E, mais, o que realmente alimenta é a produção de grãos, vegetais e hortaliças.

A carne de suínos, aves e bovinos não é o alimento mais completo em nutrientes ou que vai estar na mesa de todos os brasileiros. O Brasil é campeão de exportações. E Santa Catarina orgulha-se dos seus números. No entanto, ao exportar a carne produzida por aqui também se exportam a água potável, os milhões de hectares utilizados para alimentar os animais, as florestas queimadas.

A única coisa que fica são os resíduos. A EPAGRI-Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina S/A revela que as fezes dos 5,6 milhões de suínos que existem no Estado produzem 9,7 toneladas de dióxido de carbono por dia. Para 1 kg produzido de carne de suíno ou bovino, gera-se o equivalente a 8 kg de excremento. Imagine levar tudo isso para casa ao comprar um inocente pacotinho de presunto para o sanduíche?

Não levamos. Desde 2005, no Brasil, há mais bois e vacas que homens e mulheres: 200 milhões de bovinos ocupam um espaço três vezes maior do que toda a área cultivada no País e consomem quatro vezes mais água. Se for uma questão de aumento da riqueza nacional e de estratégia para matar a fome dos brasileiros, a nossa matemática não está bem certa.

Afinal, o agronegócio nem emprega tanta gente assim e os custos ambientais com a poluição de rios, solo, mananciais e emissão de metano são revertidos ou para o preço final do produto ou para o Estado, que terá mais gastos com saúde e políticas para despoluição. Aí, quem paga a conta somos todos nós, querendo ou não, sabendo ou não.

Foi-se o tempo em que comprar mandioquinha, feijão ou ovos era só comprar mandioquinha, feijão ou ovos. Quando se leva ovo para casa, o da produção convencional, se está chancelando, incentivando e financiando um processo que trata animais como coisas, que ignora que sentem dor e que possuem uma forma própria de viver a vida.

Além disso, este processo os faz viver de forma confinada, sendo alimentados com uma ração que contém tantos aditivos que os transforma mais em uma pasta química do que em seres vivos. Nem o peitinho de frango se salva.

Ir ao supermercado é, sim, fazer política. É fazer escolhas. É dizer que tipo de produção de alimentos queremos e que tipo de empregos queremos financiar. O ato de escolher e comprar o que se vai consumir pode ser silencioso, mas é muito poderoso.

*Samantha Buglione (foto) é jurista e professora de Teoria do Direito e Bioética. Coordena o CLADEM-Brasil (Comitê Latinoamericano e do Caribe para Defesa dos Direitos da Mulher)

SAIBA MAIS
www.cladem.org

VOVÓS METRALHA

Chapeuzinho Vermelho reloaded?


Pois é, a cada dia que passa e que vivo, cada vez mais me espanto com as coisas do Brasil. Leio recentemente pelos jornais que foi desarticulada uma bem-organizada quadrilha de vovós — todas de aparência tão inofensiva quanto um beija-flor, mas que eram, na verdade, um geriátrico bando de exímias meliantes. As espertas macróbias integravam uma gangue especializada em furtos a lojas, shoppings e igrejas dos nossos chamados "bairros nobres", agindo em Fortaleza e em capitais de outros Estados.

As velhinhas atacavam as incautas vítimas com uma perícia de veteranas profissionais. Pelo que se vê, apesar dos discursos ufanistas de nossos bem-intencionados governantes, nosso torrão natal transformou-se num paraíso de gatunos de todos os calibres, de todas as espécies, de todas as idades. Até as idosas estão abraçando (dedicadas com intimorato afinco) a carreira do crime, especializando-se em vários ramos da bandidagem — inclusive o lucrativo tráfico de drogas nacional e internacional.

Do jeito que marcha a carruagem, não duvido de que, em breve, teremos vovós pistoleiras profissionais. Em quem agora podemos confiar, ao caminharmos não mais despreocupadamente pelas ruas da cidade? E se alguma velhinha, de rostinho simpático, faces rosadas, andarzinho trôpego, me pedir para ajudá-la a atravessar uma rua?

Quem me garante que ela não me vai bater a carteira com a maestria de um um punguista peruano? De agora em diante, não se contará jamais a história da Chapeuzinho Vermelho, porque, sabe-se lá se o verdadeiro fato não foi um seqüestro de conluio com o lobo mau? E aquela velhinha ao seu lado no caixa-eletrônico, o que estará tramando contra você?

Tristes tempos vivemos no Brasil de hoje, em que se perdeu até a confiança nas vovós e a velhice nos mete medo como se fosse um pivete, um assaltante armado até os dentes, o sujeito que nos segue quando saímos de um banco com um minguado dinheirinho que significa a nossa sobrevivência.

Que desgraçado País é este, em que a simples visão de uma cabeça aureolada de cabelos brancos não nos impõe mais respeito e sim, um laivo de medo? Sim, as vovós-metralha estão à solta e eu, capiongo e gravebundo, me pergunto: o que virá depois?


*O médico psiquiatra e escritor cearense Airton Monte é um atento cronista de sua época. A imagem retrata The Beagle Family (a Família Metralha), da obra de Walt Disney

08 julho 2008

O PREÇO DE SER LOURA

Pra fazer a cabeça tem hora



Quando se trata de alcançar um bem maior, sacrifícios devem ser feitos. Este é um jargão facilmente aplicável às mulheres, quando o assunto inclui "beleza" e "estética". É que, seguindo as tendências para a próxima estação, muitas se anteciparam ao Verão 2008/2009 e aderiram aos tons de cabelos claros — como castanhos leves, mel, acobreados — e louros.

Mas qual o preço que a mulher paga para ser loura? Segundo o hairstylist Falks, do salão Yes localizado nos Jardins, em São Paulo, tornar-se loura não é fácil e depende da cor natural do cabelo. "O primeiro passo é analisar qual é esse tom, porque ele determinará o resultado final. Isso não significa que mulheres de cabelos mais escuros não possam tornar-se blondie girls, mas que, quanto mais escura a cor natural dos cabelos, menos loura a mulher será", explica Falks.

Outro segredo para um louro perfeito está no modo como a tintura é aplicada. "O ideal é que comece do fim do cabelo à raiz, pois nas pontas os cabelos sofrem mais as agressões da luz do sol e de produtos químicos, o que dificulta a absorção da tintura. Em média, são gastos entre 35 a 45 minutos para se chegar ao resultado desejado", calcula o especialista.

Bem, o cabelo ficou loiro. E agora? Hidratar os cabelos é um fator quase tão importante quanto a tintura: são necessários certos cuidados, para garantir a reposição dos nutrientes, a manutenção do brilho, a maciez e a tonalidade das madeixas. “É preciso lavar e hidratar os cabelos com xampús e condicionadores especiais. Para os cuidados domésticos, recomendo produtos próprios para cabelos louros, como Kerastase, Poken, Osmose e uma bela hidratação no salão, após o processo químico", enfatiza o hairstylist.

Engana-se quem pensa ter acabado por aí. A cada 20 dias — e em, no máximo, 30 — é preciso fazer o retoque na raiz, para disfarçar a cor natural e garantir a longevidade loura. "A partir do terceiro mês, oriento as clientes a puxarem luzes, mantendo viva a tonalidade dos cabelos. Dá para fazer um tratamento em casa com clareadores, atualmente existem no mercado uma infinidade de marcas", finaliza Falks.

E no bolso? Uma mulher com cabelos longos que for seguir todas estas recomendações em busca de um louro perfeito vai desembolsar, em média, R$ 405,00 por mês, com o pacote completo —tintura, hidratação e luzes, mais a mão-de-obra (indispensável) do profissional. É que não adianta fazer o investimento apenas uma vez: para manter, tem que gastar.

O salão de cabeleireiros Yes, sediado nos Jardins e em Alphaville, em São Paulo, oferece os mais talentosos profissionais com serviços de beleza e estética. Cortes, maquiagem, penteados, depilação, manicures artesanais, bronzeamento e massoterapia são algumas das possibilidades oferecidas ao(à)s clientes.

No salão transitam artistas e celebridades que reconhecem o cabeleireiro como referência. O agradável ambiente é cheio de requinte, charme e conforto para todo(a)s. Aliás, este é um padrão de serviços do qual as mulheres — louras ou morenas — não abrem mão. Você abriria? Negra Li e Cindy (da série Antônia da Rede Globo), Sheila Mello, Sabrina Parlatore e Bárbara Paz são algumas das beldades que se entregam aos cuidados dos profissionais do Yes.



SAIBA MAIS
Yes Cabeleireiros Jardins – Rua da Consolação, 2767

Tel.: (11) 3086-3444

Yes Cabeleireiros Alphaville – Alameda Araguaia, 762 - lj. 63s - Shopping Flamingo

Tels.: (11) 4191-5203 / 4191-6977