30 junho 2011

REGENERAÇÃO DE GAIA

Planeta desolação*





1349 300x200 Os solos que olhavam as cabras

O aumento dos rebanhos de bovinos, ovinos e caprinos está transformando extensas áreas de terra de pastagem em desertos. Depois de criada a Terra, o solo se formou lentamente ao longo das eras geológicas, a partir da erosão das rochas. 

Manteve os primeiros organismos vegetais, que o protegeram e enriqueceram para que pudesse sustentar a diversidade de plantas e animais que conhecemos hoje. Agora está se degradando, e um indicador que nos ajuda a avaliar a saúde das terras de pastagem são as mudanças na população de cabras em relação às de ovinos e bovinos.
Com a deterioração dessas terras, a pastagem é substituída por arbustos típicos de paisagens desérticas. Em um ambiente assim, bovinos e ovinos não prosperam. Mas as cabras revolvem entre os arbustos. 

Sobrevivem, especialmente ali, porque suas patas são de um tipo que pulveriza a camada protetora do solo, que se forma a partir das chuvas e que naturalmente freia a erosão causada pelo vento. Entre 1970 e 2009, a população pecuária mundial aumentou 28%, e a quantidade de ovelhas se manteve relativamente estática. Enquanto isso, a de cabras mais que duplicou.
O aumento das populações de cabras é particularmente drástico em alguns países em desenvolvimento. Enquanto os rebanhos de gado no Paquistão duplicaram entre 1961 e 2009, e a quantidade de ovelhas quase triplicou, a de cabras aumentou mais de seis vezes, e agora é aproximadamente igual à soma das populações bovina e ovina. 

Ao pastarem, esses animais desnudam o país de sua vegetação que contém a água da chuva, o que contribuiu para as enormes inundações que devastaram o Paquistão no verão do ano passado.
Um terreno semidesértico gigante agora se forma ao Sul do Saara, na região africana do Sahel, graças, em parte, à pastagem excessiva. Na Nigéria, o país mais povoado da África, perde-se a cada ano mais de 350 mil hectares de pastagens e terras agrícolas devido à desertificação. 

Na medida em que crescem as populações humanas e de gado, criadores e agricultores competem por áreas cada vez menores para cada pessoa e animal. A população de cabras, em particular, disparou a erosão do solo. Se a população de seres humanos e de gado na Nigéria continuar crescendo ao ritmo atual, a degradação do solo acabará prejudicando as atividades agropecuárias.
Um segundo terreno semidesértico gigante se desenvolve ao Norte e no Ocidente da China, no Ocidente da Mongólia e na Ásia Central. Depois que as reformas econômicas de 1978 retiraram a responsabilidade da agricultura de grandes equipes de produção organizadas pelo Estado para colocá-las nas mãos de famílias agrícolas individuais, as populações pecuárias da China começaram a crescer. 

A quantidade de cabras continua aumentando conforme a terra é despojada de vegetação e os ventos ajudam a remover o solo para transformar pastagem em deserto.
Pode-se comparar a situação da China com a dos Estados Unidos, que têm uma capacidade de pastagem comparável. Embora os dois países tenham uma quantidade semelhante de gado, a população combinada de ovelhas e cabras dos Estados Unidos, que somam nove milhões de cabeças, é ínfima comparada com os 281 milhões que a China possui. Lamentavelmente, todo tipo de gado degrada os solos ao eliminar a vegetação e pisotear a terra.
A rotação do gado, a produção agrícola combinada com a pecuária, e outras práticas agrícolas sustentáveis podem reduzir a erosão do solo, aumentar a produtividade das terras agrícolas e conduzir a uma quantidade maior de carbono e umidade no solo. 

Em algumas situações, pode-se criar pequenas quantidades de animais em áreas restritas e lhes fornecer forragem, como ocorre no modelo de cooperativas lácteas da Índia. Mas, no final, a única maneira viável de eliminar a pastagem em excesso é equilibrar a dimensão dos rebanhos com a capacidade da natureza se regenerar. 
* Lester R. Bron, fundador e presidente do Earth Policy Institute, destaca neste artigo dados apresentados em seu livro “World on the Edge: How to Prevente Environmental and  Economic Collapse” (O Mundo no Limite: como Prevenir o Colapso Ambiental e Econômico), Nova York: W.W. Norton, 2011.
Veja em www.earth-police.org/books/wote


ARTE SEQUENCIAL


A batalha de Oliveiros com Ferrabrás:
cordel clássico em quadrinhos


O cearense Klévisson Viana, autor das excelentes HQs Lampião... Era o cavalo do tempo atrás da besta da vida e A Moça que namorou com o Bode, acaba de lançar mais uma novidade unindo os quadrinhos e a literatura de cordel.

Trata-se do álbum A batalha de Oliveiros com Ferrabrás (formato 21 x 28 cm, 48 páginas em preto e branco, R$ 30,00, já com frete incluso), no qual Klévisson desenha, com arte-final de Eduardo Azevedo, o texto do poeta paraibano Leandro Gomes de Barros (1865-1918).

Esta é a primeira vez que este clássico do cordel, publicado pela primeira vez no Século 18 e que versa sobre um embate ocorrido na época das Cruzadas, é adaptado para os quadrinhos.

A trama, traduzida em heptassílabos por Leandro Gomes de Barros, revive um episódio que alude à tradicional História de Carlos Magno e os Doze Pares de França, romance de cavalaria do padre e médico militar português Jerônimo Moreira de Carvalho.

Na história, Oliveiros, um dos 12 cavaleiros liderados por Roldão (Roland, em francês), enfrenta Ferrabrás, o líder das hordas turcas, que, após saquear Roma e apossar-se de relíquias cristãs, desafia os paladinos de Carlos Magno para um combate. A partir daí, acontece uma árdua peleja entre estes cavaleiros, que são também cavalheiros.

O álbum, patrocinado pela Secretaria de Cultura do Ceará, tem prefácio do escritor baiano Marco Haurélio, edição de texto do jornalista Max Krichanã e produção cultural de Bruno Monteiro.

A batalha de Oliveiros com Ferrabrás, que já conquistou o Prêmio Luiz Sá de Quadrinhos, promovido pela Secretaria de Cultura do Ceará, pode ser adquirido pelo e-mail tupynanquim_editora@ibest.com.br.




Fonte: Universo HQ