23 julho 2008

ENTRONCAMENTO DE MÍDIAS

Cartografia Web Literária



O SESC-Serviço Social do Comércio e o Portal de Literatura e Arte Cronópios põem em discussão as revistas eletrônicas e os rumos da Literatura face ao advento da Web.

O evento contará com debates e performances multimídia e será transmitido em tempo real pela Internet. O Portal Cronópios disponibilizará também um chat para que os interessados enviem suas perguntas ao mediador de cada mesa-redonda, também em tempo real.

Na programação, constam:

12/agosto (terça-feira), 19h
As zonas de exclusão do mercado literário e o papel da Internet
com Heloísa Buarque de Holanda * Fabrício Carpinejar * Carlos Emílio Corrêa Lima * Vicente Franz Cecim * Raimundo Carrero
Moderador: Edson Cruz (Portal Cronópios)
(leitura de textos inéditos com os escritores)

13/agosto (quarta-feira), 19h
Publicação e distribuição da literatura em tempos digitais
com Clara Averbuck * Ana Paula Maia * Cardoso (André Czarnobai) * Artur Rogério * Lima Trindade Moderador: Fabrício Carpinejar
(Leitura de textos e discotecagem com DJ Malásia)

14/agosto (quinta-feira), 19h
Interfaces da literatura na Web
com André Vallias * Pipol * Mardônio França * Fábio Oliveira Nunes
Moderador: Lúcio Agra
(Apresentação de André Vallias com vídeo-poema intermeado por traduções de obras de Hölderlin, Khlèbnikov, Gottfried Benn, Mandelstam e Trakl, entre outros)

15/agosto (sexta-feira), 19h
Apreciação/crítica dos conteúdos de literatura veiculados na Internet
com Ivan Marques * Paulo Franchetti * Márcio-André * Linaldo Guedes * Floriano Martins
Moderador: Leda Tenório da Motta
(Márcio-André apresenta uma roldana de palavras -poesia-máquina de desautomatizar munido de vozes, violino e outros objetos sonoros)

16/agosto (sábado), 15h
Sarau Cartográfico
com a participação de autores, blogueiros, editores de sites de literatura, poetas, performers, DJ e convidados do evento. Leituras de textos e apresentações de performances literárias
(Especial: performance de Lúcio Agra)


VÁ LÁ
SESC Consolação
Rua Dr. Vilanova, 245 - Vila Buarque - São Paulo/SP
Tels.: 3234-3000 / 3256-2281 / 0800-11-8220
www.sescsp.org.br

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www.cronopios.com.br

A seguir, trecho escrito pelo poeta Márcio-André — da revista bimestral de arte e literatura Confraria — que integra o texto Por que expulsar de vez o poeta (disponível na íntegra no Portal Cronópios):

"O poeta nunca deve ser maior que a poesia que escreve. Deve sumir diante dela e restar na ordinária condição de indivíduo — aquele que vai à padaria, que assiste filme ruim na Tela Quente, que nunca foi o preferido da professora, que não ostenta essa ou aquela condição, que não é melhor ou pior em relação a qualquer outro —de tal forma que falar de aspectos de sua vida não venha a ser mais importante que a poesia contida nela.

"Em verdade, já não haverá diferença entre vida e poesia, ao contrário dos exemplos citados no início do ensaio, onde a poesia não passa de um recurso retórico tendo em vista a canonização do autor — não é a vida que se impõe à poesia, mas a poesia que gera a própria possibilidade da vida.

"O poeta deve ser, consequentemente, aquele que se interessa pelas pessoas, poderosas ou não, que se ocupa de todo aquele que não tenha nada a lhe oferecer. Somente assim, lutando em pensamento e ação por uma ética da escrita, a poesia poderá ser, como já foi na Antiguidade e, em casos muito recentes, a arma mais incisiva e poderosa contra as incoerências da realidade.

"Ser ético é, portanto, escapar ao próprio ego e engajar-se na quântica das palavras. Essa é a dimensão da qual o poeta não pode abrir mão. Se ele for complacente com o sistema, quem mais deixará de ser? Somente sua simplicidade e renúncia o podem redimir, muito além das ilusões criadas para suportar sua real insignificância social.

"O cinismo só se torna válido quando duvidamos de nós mesmos. O artista que tem medo de duvidar, seja de si, seja do mundo que o aceita, tem medo de deixar de ser como é, pois ainda se admira como o sujeito de uma realidade objetivadamente imutável, e não como centelha de um universo mutável. Este ainda não está pronto para a caminhada. Sua viagem se limita em ir até a esquina e voltar."