27 novembro 2013

XISTO NÃO !!!


Deputados e MPF
pedem retirada de xisto*



Gasodutos na Pensilvânia, nos EUA,
construídos para exploração de gás de xisto

A Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados aprovou hoje, por unanimidade, requerimento que pede que a ANP (Agência Nacional de Petróleo e Gás Natural) exclua o gás de xisto da consulta pública que será realizada nos próximos dois dias.

Serão leiloados 240 blocos com potencial exploratório de petróleo e gás natural. O edital da 12a Rodada de Concessão prevê o exercício das atividades de exploração convencionais que também podem evoluir para produção de recursos não convencionais, também conhecidos no Brasil como gás de xisto.

Trata-se de um gás natural encontrado em formações de folhelho — xisto — e que para ser extraído precisa que as rochas sejam fraturadas. O processo utiliza mais de 600 produtos químicos (!), areia e outros elementos pouco testados — como bário e arsênio. Além de precisar de uso intensivo de água cujo destino final, após ter entrado em contato com os químicos, ainda é desconhecido.

A Comissão pediu uma moratória de cinco anos devido aos riscos que essa técnica apresenta ao meio ambiente e para que, dessa forma, os impactos socioambientais possas ser estudados. Segundo o deputado Sarney Filho, o gás de xisto reconhecidamente produz poluição nos aquíferos e fazer um leilão sem que se tenha noção dos estudos realizados é perigoso. 

O Ministério Público Federal também manifestou suas preocupações à ANP. Em parecer técnico afirmou que existem áreas a serem licitadas que atravessam reservas indígenas, áreas próximas à mananciais de água e reservas florestais. O MPF ressaltou a necessidade de que seja feita uma Avaliação Ambiental Estratégica para que sejam esclarecidos os riscos e impactos ambientais relacionados à exploração de gás de xisto.

Diante de tantas dúvidas a maior e que permanece é: diante de tantos pedidos para que a exploração de gás de xisto seja, ao menos, adiada no País, o que será que a ANP fará?


*conteúdo postado por Marina Yamaoka em www.greenpeace.org
imagem: 
Les Stone / Greenpeace

26 novembro 2013

VERDE ANIDROBIÓTICO


Técnica propõe cultivo
de plantações a seco*


Anidrobiose viabilizará a otimização
do uso de água em períodos de seca

Pesquisa realizada pela bióloga Cláudia Carolina Silva Evangelista, aluna de pós-graduação do Programa de Genética da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP-Universidade de São Paulo, propõe uma inovação na forma como os recursos hídricos são aplicados ao solo. 

O estudo “visa à otimização do uso das águas em períodos de secas”. Claudia e seu orientador, Tiago Campos Pereira, do Departamento de Biologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP, acreditam ter vislumbrado “uma estratégia sem precedentes: a preservação de plantações por intermédio da anidrobiose [vida sem água]”.

A previsão, segundo eles, é que os recursos hídricos possam ser redirecionados e preferencialmente investidos no consumo humano, animal e produção de energia. Não haveria necessidade, portanto, de se utilizar volumes incalculáveis de água para irrigar as grandes extensões de terra em uso agrícola, uma vez que estas plantas poderiam ser reversivelmente preservadas a seco pelo processo de anidrobiose.

Com esse cenário em mente, Cláudia e seu orientador trabalharam na identificação de genes associados ao processo de anidrobiose em uma espécie modelo. Foi realizada uma triagem funcional (via RNAi) de aproximadamente 100 genes possivelmente associados à anidrobiose.

O professor  Pereira explica que se trata de uma abordagem inédita no mundo, em que foram identificadas algumas das principais etapas no processo de anidrobiose. Adianta ainda que os estudos continuam e, em breve, os resultados estarão publicados, para compreender as bases moleculares da anidrobiose e, segundo o orientador, possibilitar o uso da engenharia anidrobiótica na agricultura.

Prêmio Jovem Cientista
Reduzindo drasticamente nossa dependência de água na agricultura através da anidrobiose, título do trabalho de Cláudia, ficou com o segundo lugar no Prêmio Jovem Cientista 2013 – Tema Água – Desafios da Sociedade, categoria Mestre e Doutor.

“O trabalho aborda a gestão inovadora dos recursos hídricos aplicados ao uso do solo e a gestão ambiental”, afirma o orientador de Claudia. A pesquisa contou com o financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Fapesp) e da CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

O Prêmio Jovem Cientista é considerado um dos principais no campo das ciências no Brasil e será entregue pessoalmente pela Presidente da República, Dilma Rousseff, no Palácio do Planalto, no dia 16 de dezembro. Cláudia receberá o prêmio no valor de R$ 20 mil e uma bolsa de estudos do CNPq (nível doutorado).

A premiação é inédita no Departamento de Biologia e também na própria FFCLRP. Em 32 anos de existência, o Jovem Cientista havia premiado somente outras duas vezes o campus da USP de Ribeirão Preto.

“Participar de um Prêmio Jovem Cientista é uma jornada muito laboriosa. Exige-se muito tempo para redigir todo o ensaio, literalmente parando todas as atividades de um laboratório tão pequeno quanto o nosso. Acreditávamos que nosso trabalho seria de alguma forma reconhecido, mas foi acima do esperado”, comemora o professor.


*conteúdo publicado  por Tauana Boemer, 
do Serviço de Comunicação Social da Prefeitura USP 
do Campus de Ribeirão Preto, em www.usp.br 

 foto: Marcos Santos / USP Imagens
SAIBA MAIS 
tiagocampospereira@ffclrp.usp.br
ccsevangelista@gmail.com
imprensa.rp@usp.br

14 novembro 2013

IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS


O alto preço da 
extração de xisto*

Entidades questionam extração de xisto

Os impactos socioambientais da exploração do gás de xisto no Brasil foram postos em xeque em debate em São Paulo, promovido por Ibase,  Greenpeace,  Instituto SocioAmbiental, Centro de Trabalho Indigenista e Fase. Ao fim do evento, que transcorreu ontem em São Paulo/SP, as entidades presentes tomaram uma posição por consenso.

"Nossa posição é de que não se realize a  12.a rodada de leilões da Agência Nacional de Petróleo, no próximo dia 29 (quando a ANP vai colocar à disposição 240 blocos exploratórios terrestres distribuídos em 12 estados do País). Defendemos também que não haja qualquer exploração de xisto no Brasil, enquanto não sejam feitos estudos e debates juntos à sociedade civil para avaliar se esse processo de extração deve ser banido do País", afirmou Carlos Bittencourt, pesquisador do Ibase, acrescentando que, além das entidades organizadores do debate, outras seguiram a decisão, como a Comissão da Pastoral da Terra, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e o Movimento dos Sem-Terra.

Entidades questionam extração de xisto
No debate, ficaram claros os riscos desse tipo de exploração. O professor Jailson de Andrade (SBPC), por exemplo, afirmou que o xisto, um gás não convencional, é muito mais difícil de se extrair, pois na extração há a necessidade de se ultrapassar o lençol freático de uma dada região, já que o gás, na maioria das vezes, fica sempre sob o lençol, que pode ser contaminado por produtos químicos utilizados na operação.

"Há que se levar em conta também que as maiores reservas de xisto estão onde há uma grande quantidade de água, e esse tipo de extração usa muito os recursos hídricos. E o cenário nacional é de que há pouca disponibilidade de água para a população", disse Andrade.

Para Ricardo Baitelo, do Greenpeace, a extração de xisto não vale a pena, levando-se em conta os riscos ao meio ambiente e à saúde da população: "Apesar do gás convencional ser menos impactante ambientalmente do que, por exemplo, a geração de energia termoelétrica, a extração de gás de xisto, através do fraturamento hidráulico, pode lançar metano na atmosfera, que contribui muito mais do que o CO2 para o aquecimento global, e ainda pode contaminar os corpos d’água. Para nós, isso deveria inviabilizar a utilização desse tipo de energia”.

As organizações presentes ao evento vão lançar uma nota na próxima semana, apresentando suas posições quanto à 12.a rodada e pretendem organizar uma mobilização a fim de impedir a realização do leilão.


*conteúdo publicado por www.canalibase.org.br