24 janeiro 2014

CONHECER, DECIDIR, AGIR


Conhecendo os
nossos potenciais*


Capacidade de desenvolver, habilidade e condição de realizar, força disponível para ser utilizada. Todas essas definições falam sobre a habilidade ou força disponível para realizar algo, mas elas, por si sós, não garantem essa tal realização. 

Carros de corrida têm o potencial de atingir velocidades de até 340 km/h, celulares têm o potencial de fazer ligações para qualquer lugar do mundo, geladeiras têm o potencial de refrigerar os alimentos, mas isso não necessariamente acontece. Potencial é ter a condição de fazer algo, mas isto não é suficiente para alcançar a realização.

Carro de corrida, por exemplo, é preciso que seja ligado, abastecido e acelerado, senão pode ficar parado para sempre, mesmo tendo o potencial de correr. Quando nos limitamos ao “ter potencial” ou ao “ter a capacidade para”, não saímos do lugar. Diferente de quando unimos o potencial para algo com o que precisa ser feito para ativar ou exercer tal potencial.

Vivemos anos e anos nos contentando com ter o potencial de conquistar os nossos sonhos, de ter a saúde e o corpo que queremos, de batermos nossas metas, de vivermos um ano melhor, de lermos mais, de sermos o que sabemos, o que podemos e queremos ser. 

Enfim, eu poderia escrever muito mais opções aqui, mas ninguém melhor do que nós mesmo(a)s para sabermos quais as nossas famosas “potencialidades”.

Não consigo achar uma palavra melhor para definir a situação de querer e poder realizar algo, mas não fazer o que precisa ser feito para isso; se não, desperdício. Ou seja, um gasto inútil. De tempo, energia, recursos, atividades, sonhos, vida.

Como passar de potencialidades para realizações? 
Acredito que isso se dá através de três passos: conhecimento, decisão e disciplina.

Muitas vezes não conhecemos os nossos potenciais e, por isso, vivemos com muito menos do que poderíamos. Conheço um casal que foi passar a lua-de-mel no melhor e mais caro hotel da cidade. Eles passaram os seus dias lá, sendo muito cuidadosos com os gastos, porque, claro, que no final iriam pagar por tudo. 

Na hora do check-out descobriram que todos os seus dias de hospedagem, gastos e muito mais, que haviam sido poupados, tinham sido pagos como presente de casamento por uma pessoa amiga. Enquanto eles contavam a história, diziam “Ahhh, se eu soubesse! Teria aproveitado muito mais”. 

O que quero dizer com isso é que devemos parar de ser, viver e realizar menos do que temos condição, por simplesmente não sabermos que podíamos. Conheça!

Normalmente já sabemos que temos potencial, pois nossas metas são relacionadas a isso. É aquilo que sabemos que podemos melhorar, é aquilo que sabemos que podemos conquistar, é aquilo que as pessoas que nos amam insistem que deveríamos fazer. 

Quando já sabemos qual o nosso potencial, precisamos decidir superar a preguiça, o medo, o comodismo, as desculpas, as pessoas e tudo o mais que nos impede. Precisamos decidir e agir!

E finalmente, precisamos de disciplina. É comum nos iludirmos procurando métodos mágicos, receitas instantâneas e atalhos, mas o que precisamos entender é que não há melhor atalho do que "fazer o que precisa ser feito".

 Me ajuda pensar que minhas escolhas são sementes que ninguém, além de mim mesma, vai colher depois. A cada dia nos é dada uma porção de sementes e cabe a nós usá-las com sabedoria.

Que este ano seja diferente. Ter e conhecer o nosso potencial é o primeiro passo, mas se não decidirmos e nos disciplinarmos, vai ser só mais um ano em que “poderíamos ter sido o nosso melhor”.

Este ano tem o potencial de ser o mais produtivo, o de melhores escolhas, o ano em que você realizará todas as suas metas, o ano em que você se alimentará bem e se exercitará regularmente, o ano em que você se aproximará de Deus e conhecerá a vida que Ele já “pagou” na cruz para você, o ano de parar de adiar os seus sonhos.

Cabe a cada um(a) de nós decidirmos exercer o potencial que há em nós.



*Alana Benevides é membro da Comunidade Cristã
Videira e aluna do Hillsong College em Sidney, Austrália.

06 janeiro 2014

NÃO NO GIBI, MAS AO REDOR DE NÓS


Os X-Men*




E num DVD em homenagem a Stevie Ray Vaughan, um dos maiores guitarristas da história, um depoimento de outro gênio, chama a atenção. Eric Clapton diz mais ou menos assim:

- Quando toco guitarra, penso no próximo acorde de acordo com o resultado que quero obter. Levo uma fração de segundo, que é aquele momento em que, racionalmente, penso para construir o acorde. Stevie Ray não fazia isso. Quando tocava, um acorde seguia o outro naturalmente. Ele não precisava pensar para tocar. Era como se a guitarra fosse extensão de seu corpo.

Conversei a respeito com meu amigo Nuno Mindelis, outro guitarrista de primeira linha, e ele disse algo que também chamou a atenção.

- Quando subo no palco e começo a tocar, saio da realidade e entro em outro mundo. Passo a pensar diferente. É uma espécie de autismo.

Steve Ray com a guitarra nas mãos era um autista. Nuno também é.

Recentemente meu amigo Luis Tejon publicou um artigo em que afirmava que Lionel Messi, o maior jogador de futebol da atualidade, é autista. Tejon escreveu assim: “Messi tem Síndrome de Asperger, um autismo leve que o dota de um impressionante talento de foco e de concentração na repetição do que deve ser feito para obter êxito nas jogadas do futebol. 

Ele tem o olhar que não olha, mas que foca no objetivo de maneira completa. Em função do autismo também busca escapar das pressões das entrevistas, das badalações sociais e mesmo na propaganda consegue pronunciar a palavra "listo" (pronto) meio sem-jeito… mas com todo o jeito no foco de sua arte esportiva.”

Lionel Messi, com a bola nos pés, é um autista.

Se você reparar bem nos indivíduos que têm alguma habilidade especial muito acima da média, no limiar da genialidade, notará que a maioria deles é “gente esquisita”. Olham diferente, falam diferente, movimentam-se diferente, tomam decisões diferentes. São gente diferente da gente.

Pois começa a ganhar força uma tese dando conta de que esses indivíduos, vivendo vários tipos diferentes de síndromes ligadas ao complexo “autismo”, ou até mesmo dislexia, já seriam os primeiros exemplares do que será o ser humano no futuro. Esses atributos “diferentes”, que muitos julgam defeitos, seriam mutações, evoluções, na direção de um novo ser humano capaz de feitos inimagináveis para nós, os “normais”. 

São como os X-Men dos gibis e do cinema, com habilidades sobre-humanas que hoje achamos esquisitas, pois implicam num comportamento social que não compreendemos. 

Eles realizam feitos inacreditáveis, têm memória incrível, saem tocando piano aos quatro anos de idade, leem quando outros bebês nem mesmo balbuciam palavras, anteveem jogadas brilhantes, são capazes de visualizar padrões onde só vemos confusão. Seres humanos do futuro, hiper sensíveis, com habilidades que ainda não compreendemos.

E a novidade é que a quantidade de crianças com vários graus de autismo está crescendo ano a ano. Os X-Men estão chegando e a sociedade vai ter de se adaptar a eles. 

Não sei se isso é assustador ou maravilhoso, mas algo me diz que é o futuro. 


*Luciano Pires é jornalista. 
Conteúdo publicado em www.portalcafebrasil.com.br