14 novembro 2009

SOM COM NOME PRÓPRIO

Cristiano Pinho



O guitarrista cearense Cristiano Pinho lança Cortejo (Ellemento / 2009), seu segundo álbum instrumental solo, em show no Anfiteatro do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (Rua Dragão do Mar, 81 – Praia de Iracema – Tel.: (85) 3488-8600), em Fortaleza, no dia 21 de novembro, sábado, às 21 horas.

O show contará com as participações especiais da cantora e compositora Kátia Freitas e do Maracatu Az de Ouro. Ao lado do artista, a banda formada pelos músicos cearenses Denilson Lopes (bateria), Miquéias dos Santos (baixo), Marcus Vinnie (teclados) e Jones Cabó (percussão).

A iluminação tem a assinatura do light designer Marcio Barreto, responsável pela iluminação de shows de artistas como Marisa Monte, Adriana Calcanhoto, Raimundo Fagner, Gilberto Gil, Simone, Tim Maia, Cazuza e Elba Ramalho, entre outros.

O repertório do show traz composições do CD Cortejo e inclui músicas do primeiro álbum do artista, Pessoa (1997 / Independente), como Deserto e Amolando Faca, ambas de autoria de Cristiano, além de uma releitura para A Volta da Asa Branca (Zé Dantas / Luiz Gonzaga).

Antes, na quinta-feira, 19, Cristiano Pinho estará em noite de autógrafos na loja Desafinado (Av. Dom Luiz, 655 – Aldeota – Tel.: (85) 3224-3853), em Fortaleza. O evento acontecerá de 18h30 às 21h.

Cortejo faz o ouvinte passear, enternecida e vigorosamente, por baiões, maracatu, baladas e blues, executados com guitarras, rabeca, violões e viola portuguesa, numa espécie de síntese da experiência artística do guitarrista, misturando as influências mais remotas do menino do interior às suas vivências musicais urbanas.

O álbum teve as participações especiais dos cantores Raimundo Fagner e Kátia Freitas, além dos percussionistas do Maracatu Az de Ouro. O CD Cortejo contou com o patrocínio do Banco do Nordeste do Brasil (BNB) e com o apoio do Ministério da Cultura, através da Lei Federal de Incentivo à Cultura.

Guitarrista, compositor, arranjador e produtor musical, Cristiano Pinho (foto: Larissa Freitas) é mais uma estrela entre os talentosos, criativos e versáteis guitarristas do Brasil. Natural de Viçosa do Ceará, Cristiano Pinho começou a tocar com 12 anos de idade. Graduou-se em Música na Universidade Estadual do Ceará e, em 1988, estudou Harmonia e Improvisação na Escola Ian Guest de Aperfeiçoamento Musical, no Rio de Janeiro.

De lá para cá, seu talento ganhou reconhecimento nacional, ao enriquecer os discos e shows de cantores e compositores como Raimundo Fagner, Kátia Freitas e Fausto Nilo, entre outros. Multi-instrumentista, compositor, arranjador e produtor musical, Cristiano lançou em 1997 seu primeiro álbum instrumental solo, Pessoa (Independente).

Desde então, participou de diversos festivais de música instrumental, entre eles o Festival de Jazz & Blues de Guaramiranga e o Festival Música na Ibiapaba -- neste último sendo convidado também como professor. Em 2004, tocou como músico convidado com a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, sob a regência do maestro Roberto Minczuk, na Sala São Paulo.

Desde 1997, integra a banda do cantor e compositor Raimundo Fagner em seus discos, DVDs e turnês. Cristiano foi o responsável pela direção musical do álbum do artista, intitulado Fortaleza, lançado em 2008 pela gravadora Som Livre. Em outubro de 2009, Cristiano Pinho fez show de lançamento do CD Cortejo no Teatro de Cultura Popular Chico Daniel, em Natal (RN), abrindo a programação do IV Festival BNB da Música Instrumental.

Algumas produções:
- 2009 – Cortejo (Cristiano Pinho / Ellemento), como produtor e arranjador
- 2008 – Fausto Nilo (Fausto Nilo / Pão e Poesia), como arranjador e diretor musical
- 2007 – Fortaleza (Fagner / Som Livre), como arranjador e diretor musical
- 2003 – Casa Tudo Azul (Fausto Nilo / Pão e Poesia), como arranjador e diretor musical
- 2002 – Próximo (Kátia Freitas), como produtor, arranjador e diretor musical
- 1997 – Pessoa (Cristiano Pinho), como produtor e arranjador
- 1995 – Kátia Freitas (Kátia Freitas), como coprodutor, arranjador e diretor musical.

SERVIÇO
Show Cortejo, com Cristiano Pinho
Data: 21 de novembro (sábado)
Hora: 21 horas
Local: Anfiteatro do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (rua Dragão do Mar, 81 – Praia de Iracema – Tel.: (85) 3488-8600)
Entrada: R$ 10,00 (inteira) e R$ 5,00 (meia)
Informações: (85) 9915-4585


MAIS AINDA
Patrocínio: Banco do Nordeste do Brasil (BNB)
Parceria: Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura e Serviarm
Apoio Institucional: Governo Federal e Governo do Estado do Ceará
Promoção: Rádio Universitária FM 107.9 MHz
Realização: Kamafeu Produções de Arte

CD à venda nas lojas Desafinado (Av. Dom Luiz, 655 e Shopping Del Paseo – 3.º Piso), em Fortaleza e pelo e-mail
atendimento@desafinado.com.br

TRAÇOS, ESBOÇOS

Imagens das Segundas



Acendo mais um cigarro dentro da noite veloz, como quem conversa com um velho amigo e lhe faz confidências que não mais faria a ninguém. Faz pouco, fui beber um gole de café e a xícara escapou-me das mãos e espatifou-se dentro da pia.

Por incrível que pareça, quase na mesma hora lembrei-me de um verso de Carlos Drummond de Andrade, poeta que venho relendo com uma certa frequência: "Os cacos da vida, colados / Formam uma estranha xícara / Sem uso / Ela nos espia do aparador".

Creio que a minha vida anda assim, um tanto quanto parecida com esta xícara de café que acabei de quebrar por puro descuido.

Escrevo numa segunda-feira, seis horas da noite e as segundas-feiras para mim são um arremedo de dia, uma infeliz brincadeira de mau-gosto do tempo. Eu sei que elas jamais podem deixar de existir e que sempre seriam segundas-feiras, mesmo que lhes mudássemos o nome.

"As segundas-feiras estão atravancadas de pormenores inúteis / a vida parece um romance malfeito", como bem o disse o poeta Mário Quintana.

Não faz muito, um bom amigo telefonou para saber como está meu pai e me fala, em tom carinhoso, que todos estão muito preocupados comigo, se estou comendo direito, dormindo direito. Respondo que não há motivo para preocupações e que a vida segue seu curso.

Ando meio triste, devo confessar, contudo não estou tão desesperado ainda. Simplesmente continuo, prossigo vivendo do jeito que dá e que posso. Claro que deixei, por esses dias, de ser aquele sujeito brincalhão, sempre fazendo brincadeiras, com a gargalhada prestes a ser desatada a qualquer piada.

Mas também não ando chorando pelos cantos, exibindo com ar funéreo as minhas penas. Há dias melhores, há dias piores no carrossel do meu existir. Por vezes, penso que estou vivendo um pesadelo do qual despertarei em qualquer próxima manhã radiante de sol, perfumada de flores e de pássaros.

Giovanni Papini costumava dizer que a vida não é sonho, mas a urdidura dos sonhos pode iluminar e embelezar a trama da vida. E eu concordo completamente com ele.

Somos tão frágeis, tão fracos, tão egoístas que só conseguimos pensar em torno do nosso mundinho como se as outras pessoas também não tivessem lá a sua cota de sofrimentos e pesares.

Não sou o único a seguir o meu solitário Calvário. Pego da caneta e escrevo o que ainda consigo escrever. Ah, como eu gostaria que fossem palavras bonitas, frases irretocáveis. No entanto, só me saem estes garranchos espinhosos e urtigas.


*O cronista Airton Monte, que é nas horas vagas psiquiatra, redige impressões do viver para o Jornal da Praia desde a década de 1980

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http://opovo.uol.com.br/opovo/colunas/airtonmonte