28 março 2013

SALVE O VERDE!


Árvores podem ajudar a reduzir

o crime nas grandes cidades*




Um estudo da Universidade de Temple, nos EUA, indica que, além de melhorar a qualidade do ar e deixar a paisagem urbana mais agradável, as árvores também podem combater a criminalidade nas grandes cidades -- reduzindo, principalmente, o número de casos de agressão, furto e roubo.

Segundo os cientistas da Universidade, localizada na Pensilvânia, árvores, arbustos, praças e parques com a vegetação bem cuidada incentivam a interação social e a ocupação da comunidade nos espaços públicos, coibindo práticas violentas. Além disso, as áreas verdes costumam transmitir calma à maior parte das pessoas, eliminando comportamentos que poderiam levá-las à violência ou a práticas criminosas.

Porém, nem todo mundo acredita que a pesquisa seja viável. Muitas pessoas não consideram as áreas verdes das metrópoles como locais seguros, uma vez que existe a ideia de que a vegetação possa encobrir e aumentar o consumo e o tráfico de drogas, além de propiciar atividades criminosas como estupros e homicídios.

Para as pessoas que não acreditam na pesquisa serem contrariadas, as autoridades responsáveis devem investir não apenas na segurança destas áreas de convivência, mas também nas condições da vegetação, que precisa de estudos e planejamentos que levem em conta os aspectos geográficos e sociais de cada região.

“Isso só vem reiterar a necessidade das autoridades públicas levarem mais a sério o paisagismo urbano. O aumento de áreas de vegetação nas cidades não só melhora os indicadores ambientais e a qualidade de vida, como também pode ajudar a reduzir os níveis de criminalidade”, afirma Jeremy Mennis, professor associado de estudos de Geografia Urbana da Universidade de Temple. 

(*conteúdo publicado em http://ciclovivo.com.br)

11 março 2013

SUSTENTABILIDADE BRAZUCA


Brasil desenvolve 
plástico solar*


Mediante uma técnica já existente, as células orgânicas solares,
mas graças à sua própria fórmula secreta, cientistas 

brasileiros criaram painéis fotovoltaicos plásticos


Tiago Maranhão Alves mostra um pedaço de plástico solar

Pesquisadores brasileiros desenvolveram painéis plásticos capazes de gerar eletricidade a partir da luz do Sol. A descoberta é parte de uma tendência em alta no Brasil: o desenvolvimento e a inserção de tecnologias verdes. O plástico é fino e flexível, com aparência bastante comum, mas trata-se de um painel de geração de energia fotovoltaica. 

O material, que em nada se parece com as pesadas e caras placas de silício que imaginamos ao pensar nesta fonte de eletricidade, foi criado por cientistas do CSEM Brasil, instituto com sede em Minas Gerais. A sigla é da empresa Centre Suisse d'Electronique et de Microtechnique S.A.

Composto por polímeros comuns, aos quais são incorporadas células fotovoltaicas orgânicas, este material é transparente, com pequenas faixas nas quais estão impressos os polímeros orgânicos à base de carbono. 

A tecnologia para produzir estas células já era conhecida na Europa e nos Estados Unidos, e agora também o é no Brasil. O “plástico solar” pode representar, afirmaram seus inventores, uma pequena revolução na forma de gerar energia limpa a partir do Sol.

“Embora a capacidade de geração seja bastante parecida, por seu pequeno tamanho pode ter usos quase impossíveis para as placas de silício”, disse o presidente do CSEM Brasil, Tiago Maranhão Alves, engenheiro físico que participou diretamente das pesquisas. 

Esta técnica pode ser empregada para fazer funcionar componentes elétricos dos automóveis, em dispositivos eletrônicos como telefones celulares, mouses de computadores e teclados sem fio.

Porém, os brasileiros estão concentrados em desenvolver painéis solares, que podem revestir superfícies mais ou menos extensas, como janelas. “Um painel de dois ou três metros quadrados pode ser suficiente para gerar energia em uma casa onde vive uma família de quatro pessoas”, explicou Alves. 

“Como a relação custo-benefício é boa, pode ser uma opção para levar energia a áreas remotas que não têm serviço elétrico. No Brasil, com mais de 192 milhões de habitantes, há cerca de um milhão de lugares nessas condições”, acrescentou o cientista.

A facilidade do transporte é sua principal vantagem em relação às placas de silício. “Como é simples transportá-las, os custos logísticos são baixos. Além disso, a pessoa pode levar com ela quando mudar de casa”, destacou Alves. 

O plástico pode ser usado ainda para revestir prédios e recintos como aeroportos ou estádios esportivos, evitando a necessidade de reservar uma área para instalar os painéis solares.

Para alcançar a fórmula que tem o material brasileiro, foram investidos US$ 10 milhões e se prevê que o investimento duplicará no próximo ano. “Agora vamos estudar a melhor forma de dar escala ao produto. No estado atual já é possível comercializá-lo, mas o preço deve ser analisado caso a caso”, explicou Alves. 

Os recursos investidos, que também possibilitaram a criação do CSEM Brasil, procedem de uma sociedade entre a administradora de investimentos FIR Capital e o Centre Suisse d’Electronique et de Microtechnique. Além disso, o projeto obteve apoio da Fundação de Fomento à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG).

O projeto ainda é mantido reservado, pois está sujeito a segredo comercial. “Este é um mercado de milhares de milhões de dólares, e muitos centros estão atrás desta tecnologia”, pontuou o engenheiro. O anúncio dos pesquisadores de Minas faz parte de uma tendência crescente no Brasil: os investimentos em tecnologias limpas. 

A Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), empresa estatal vinculada do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, implantou no ano passado o Programa Brasil Sustentável, que distribuirá o equivalente a US$ 10 milhões em linhas de crédito para iniciativas que considerarem a preservação dos recursos naturais.

Segundo a Finep, o programa responde a uma demanda percebida pela instituição, que nos últimos anos destinou US$ 2,3 milhões a 480 projetos com alguma característica verde, 25% deles concebidos para geração de energias limpas. 

Para o professor e Doutor em Administração de Empresas André Pereira de Carvalho, o aumento de recursos para este tipo de pesquisa se deve a que tanto os fundos privados de investimento como as instituições públicas perceberam que esta é uma área lucrativa.

“Estas organizações avaliam principalmente se o produto é bom, possui uma fórmula difícil de ser copiada e tem potencial para ser produzido em escala. Isto vale para qualquer versão, seja uma empresa de tecnologias da informação ou de tecnologias verdes”, explicou Carvalho, que coordena estudos sobre inovação para a sustentabilidade.

No entanto, se comparado com Estados Unidos, Japão ou Alemanha, o Brasil está nas fraldas em matéria de negócios verdes, mas promete aprender a caminhar a grande velocidade. “Há alguns anos, o empreendedor que queria investir neste setor encontrava muitas dificuldades. Hoje ainda existe a desconfiança de olhá-lo como um mercado mais caro e de nicho, mas já é mais simples obter financiamento”, ressaltou Carvalho. 


* por Alice Marcondes, correspondente do IPS-Inter Press Service. 

(conteúdo publicado em http://envolverde.com.br)
(foto: 
CSEM Brasil / Rafael Motta / Agência Nitro)



06 março 2013

PROBLEMA GLOBAL

Relatório da ONU diz que 
substâncias psicoativas 
ameaçam saúde pública*

Segundo a JIFE-Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes, 
o problema pode ser visto em emergências de hospitais; somente na 
Europa, uma nova substância é descoberta a cada semana



Informação à população e preparo de pessoal da área médica são paliativos recomendados


As chamadas "drogas legais" ou "designer drugs" estão representando crescente e impactante ameaça à saúde pública. A constatação é de um relatório das Nações Unidas, divulgado nesta terça-feira (05/03) em Viena, na Áustria

De acordo com um estudo da JIFE-Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes, realizado em 2012, o mundo está sofrendo com a proliferação de substâncias psicoativas, que têm levado a um aumento do número de ocorrências em emergências hospitalares e outros centros de tratamento.

Tranquilizantes
A JIFE também ressalta o que chamou de "abuso de medicamentos e farmacêuticos", como tranquilizantes e estimulantes. Somente na Europa, uma nova substância é descoberta a cada semana. A compra é facilmente realizada pela internet, e o número de sites que vendem psicoativos mais que quadruplicou em dois anos na União Europeia.

De acordo com a JIFE, os países precisam estruturar uma ação coordenada para impedir a produção, uso e tráfico dessas substâncias.

Em entrevista à Rádio ONU, da Costa Rica, o especialista da Agência Mundial Antidoping (WADA) no Brasil, Eduardo de Rose, falou sobre o envolvimento das policias federais e ministérios de Saúde no controle de vendas pela internet:

"O risco é de saúde pública. Deve haver um controle pelo Estado da venda desse tipo de substâncias para a população. A venda pela internet é de área internacional, ilegal e deve estar controlada pelo Estado. Como para pessoas físicas ou instituições de Direito não governamental é muito difícil fazer o controle desse tipo de venda, às vezes a questão  também entra numa área de drogas sociais proibidas", referiu Rose.

De acordo com o relatório, em alguns países pesquisados mais de 6% de alunos do Segundo Grau já tomaram tranquilizantes. Para a JIFE, é preciso agir preparando pessoal da área médica e informando a população sobre os perigos que este tipo de droga representa.


Inexiste controle efetivo sobre a venda de diversas substâncias 


Riscos
Os riscos são variados, incluindo doenças como HIV e hepatites B e C, no caso de uso de drogas injetáveis.

O titular da JIFE, Raymond Yans, disse que este é um problema global, que deve ser combatido de forma partilhada pela comunidade internacional. Segundo ele, é hora de agir em todos os níveis, incluindo o comunitário, para reduzir o sofrimento de todos.

Ao abordar a situação das drogas por regiões, o estudo da JIFE lembra que, na América do Sul, o consumo de cocaína, por exemplo, se manteve estável, com uma média de consumo por adultos de 0,7%. Já no Brasil, esta média é mais do que o dobro, atingindo 2%.

México, 60 mil mortos
O tráfico de drogas também está afetando a segurança regional, com o aumento da violência relacionada à distribuição ilegal de várias substâncias.

No México, por exemplo, mais de 60 mil pessoas foram assassinadas desde 2006 por causa do tráfico de drogas.

A América do Norte continua sendo o maior mercado de drogas ilícitas no mundo. Uma em cada 20 mortes de pessoas entre 15 e 64 anos na América do Norte tem a ver com o abuso de drogas.

Brasil
Segundo o relatório, o Brasil -- ao lado de outros países como Argentina, Índia, Grã-Bretanha e Paquistão -- teria perdido o prazo de entrega dos dados estatísticos sobre substâncias psicotrópicas em 2011. Os especialistas lembraram que esses países são importantes produtores, exportadores e importadores de drogas.


Cocaína apreendida


Cocaína apreendida
Ainda em 2011, nove das grandes 14 apreensões de cocaína foram feitas no oeste da África. Quase metade da cocaína escondida em contêineres, transportados pelo mar, era proveniente do Brasil.

Segundo a JIFE, devido à posição geográfica com um litoral extenso, o Brasil tem dificuldade para implementar e fortalecer as leis contra o tráfico de drogas. Porém, a entidade aponta que o governo brasileiro tem se esforçado para combater o tráfico, utilizando aeronaves de segurança, contêineres e scanners.

Reabilitação
Os especialistas da ONU notaram ainda os esforços brasileiros para prevenir o uso de entorpecentes e estabelecer redes de reabilitação e tratamento. A Junta afirmou que os programas devem ser levados também ao sistema prisional. E lembrou que o País tem um problema grave com o abuso do crack.

As apreensões no Brasil da chamada cannabis herbácea aumentaram 12% no ano passado, se comparadas às operações de 2011. No total, foram 174 toneladas.

Já as apreensões de cocaína, em forma de sais, caíram em vários países sul-americanos, incluindo o Brasil.  A polícia brasileira apreendeu no ano passado 24,5 toneladas de cocaína em forma de sais e base, e mais da metade vinha da vizinha Bolívia. No geral, a prevalência do uso de cocaína na América do Sul permaneceu estável, em torno de 0,7%. Já no Brasil, esta média sobe para 2%.


Combate ao tráfico ilegal de drogas

Drogas Sintéticas
O UNODC (United Nations Office on Drugs and Crime) está preocupado com o aumento de drogas sintéticas em toda a América do Sul. Somente no ano passado, o Brasil apreendeu 259 mil comprimidos de ecstasy, 170 mil anfetaminas e 48 mil metanfetaminas.

O abuso de produtos farmacêuticos, tipo tranquilizantes e estimulantes, é classificado como um problema pelos especialistas. Uma pesquisa da Universidade Federal de São Paulo mostra que 7% dos brasileiros entre 19 e 59 anos já fumou maconha pelo menos uma vez, e mais de 60% deles antes de completarem 18 anos. 

Dos usuários de cannabis, 37% são considerados viciados. A legalização da maconha continua recebendo a oposição de três quartos da população brasileira.

Ainda na região, a JIFE mostrou-se preocupada com a notícia veiculada em agosto passado, de que o governo do Uruguai havia apresentado um projeto de lei ao Congresso para legalizar a produção e venda de cannabis no país, e o governo, neste caso, se encarregaria de regular as atividades de produção, venda e importação.

*por Mônica Villela Grayley, da Rádio ONU em Nova York


(apresentação de áudio: Edgard Júnior)
(fotos: UNODC; PNUD /Brain Sokol)
(conteúdo publicado em www.unmultimedia.org)