26 agosto 2010

PRA NÃO DESANIMAR

Solitária marcha*



Não, de jeito nenhum, caríssimo(a)s leitore(a)s meu(minha)s. De forma alguma, que não sou homem pra desanimar fácil, de recolher as velas à menor mudança de ventos ou prenúncio de tempestade.

Sim, eu bem sei, há tempos em que tudo dá certo e logo depois, sem que se espere, dá tudo errado, no chamado revertério. Mas e daí?

Se a vida é assim mesmo, com dias ruins, com dias bons, o importante mesmo é jamais desistir de brigar pelo que se quer, até que não reste uma gota mais por que valha a pena lutar. Todo o resto não passa de desculpas furadas ou pura covardia.

Uns querem demais da vida e estão absolutamente certos, porque não há quereres demais em se tratando de viver. O diabo é que a vida não nos dá nadinha de graça, nem sequer a infância -- existe sempre um preço a pagar por nossas promissórias existenciais.

Se é caro ou barato, depende do quanto você é capaz de arriscar, nessa sutil roleta vital de perdas e danos. Por vezes, penso cá com os meus botões se aprender a viver não seria aprender a suportar os perderes em troca de outros ganhares -- que nem sempre sabemos se nos deixarão satisfeito(a)s.

E assim lá vamos nós, levantando e caindo, caindo e levantando, porque pra frente é que se anda ou então se desiste da empreitada, seja ela qual for.

E por falar em perder e ganhar, ao que parece o brasileiro, este ilustre desconhecido, está mais sozinho do que bem-acompanhado em matéria de amor, digamos assim: não sei se isso é verdade ou se a fonte é fidedigna, porém afirmam existir no País perto de dezessete milhões de patrícios sem mulher, junto a uns quatorze milhões de mulheres sem homem.

A continuar por tal e tamanha solitária marcha, daqui a pouco ou cairemos forçosamente na castidade total ou, então, nos perderemos na galinhagem universal. Até que ponto chegamos em termos de cultura e de civilização!

Sofisticamos de tal modo a solidão compulsória que, para nós, o Outro tornou-se uma mera abstração virtual na tela de um computador.

Até onde chegaremos (se é que chegaremos a algum lugar que não seja o precipício) com esse nosso desenfreado narcisismo?

Não sei e nem quero saber. Quero mais é saber de mim mesmo e do Outro -- ou melhor, da outra, que me completa e me eterniza.


*Médico-psiquiatra e escritor, colunista do Jornal da Praia desde a década de 1980, Antônio Airton Machado Monte é um cronista de sua época


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ECOLOGIA E MISSÃO

Jogos de palavras*


A ecologia ambiental carece de maior fôlego. Não se trata de salvar “o meio ambiente”, mas o ambiente inteiro. Com esse jogo de palavras, arrancamos o olhar pequeno do sitiante que protege seu rincão: está em jogo o ser humano enquanto ser inserido na sociedade.

Os cuidados pessoais necessários e primeiros não bastam. Vivemos numa sociedade cada vez mais complexa. Soluções individuais não dão conta dos problemas.

Entra em questão a modificação de nossa concepção. E salta-nos aos olhos o fato de que os dois extremos da sociedade – os mais ricos e os mais pobres – degradam a natureza.

Os primeiros, pelo consumismo desvairado, pelo desperdício insano, sugam-na até à exaustão; os outros a contaminam, por falta de condições humanas de viver.

Ao invés de horrorizar-nos, fascina-nos a abundância de bens que shoppings quilométricos exibem. Nem nos passa pela cabeça o que significa tal esbanjamento de objetos em termos de gasto de energia, de destruição da natureza, de extração de minérios e materiais não-renováveis.
Os ecologistas denunciam sem cessar a inviabilidade total da expansão desse alto nível de consumo para as gigantescas massas asiáticas. E, em grau menor, também para as nossas.

Basta imaginar cidades como Beinjing, México e São Paulo, se cada família tiver dois ou mais automóveis saindo à rua. Tudo para.

Só a gigantesca injustiça social consegue manter as massas pobres longe do consumo conspícuo, abundante, dos ricos.

Do seu lado, os pobres destroem a vida por serem forçados a viver na precariedade: falta de saneamento básico, de assistência à saúde e de outras condições dignas de sobrevivência. Moram em lugares inadequados e perigosos, devem conviver com mais doenças e até com o lixo.

De novo, a injustiça social os mantêm em situação de morte e de semeadores de morte. Só uma ecologia social traz resposta a tal situação.


*J. B. Libanio, sj, originalmente no semanário O Domingo, publicado pela Pia Sociedade de São Paulo (Paulus), num Ano C (verde). Image by Susan at Photobucket

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