15 novembro 2009

DAPRAIA FUNNY PAGES

Tiras siarences



Eita, mundo animal!














por Guabiras


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Eu, por mim mesmo e mais ninguém, em "Modelo Vivo"




















por Denilson Albano


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Mungu - o palhacinho féla, em "Diga 'não' às drogas"











por Jefferson Portela


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14 novembro 2009

SOM COM NOME PRÓPRIO

Cristiano Pinho



O guitarrista cearense Cristiano Pinho lança Cortejo (Ellemento / 2009), seu segundo álbum instrumental solo, em show no Anfiteatro do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (Rua Dragão do Mar, 81 – Praia de Iracema – Tel.: (85) 3488-8600), em Fortaleza, no dia 21 de novembro, sábado, às 21 horas.

O show contará com as participações especiais da cantora e compositora Kátia Freitas e do Maracatu Az de Ouro. Ao lado do artista, a banda formada pelos músicos cearenses Denilson Lopes (bateria), Miquéias dos Santos (baixo), Marcus Vinnie (teclados) e Jones Cabó (percussão).

A iluminação tem a assinatura do light designer Marcio Barreto, responsável pela iluminação de shows de artistas como Marisa Monte, Adriana Calcanhoto, Raimundo Fagner, Gilberto Gil, Simone, Tim Maia, Cazuza e Elba Ramalho, entre outros.

O repertório do show traz composições do CD Cortejo e inclui músicas do primeiro álbum do artista, Pessoa (1997 / Independente), como Deserto e Amolando Faca, ambas de autoria de Cristiano, além de uma releitura para A Volta da Asa Branca (Zé Dantas / Luiz Gonzaga).

Antes, na quinta-feira, 19, Cristiano Pinho estará em noite de autógrafos na loja Desafinado (Av. Dom Luiz, 655 – Aldeota – Tel.: (85) 3224-3853), em Fortaleza. O evento acontecerá de 18h30 às 21h.

Cortejo faz o ouvinte passear, enternecida e vigorosamente, por baiões, maracatu, baladas e blues, executados com guitarras, rabeca, violões e viola portuguesa, numa espécie de síntese da experiência artística do guitarrista, misturando as influências mais remotas do menino do interior às suas vivências musicais urbanas.

O álbum teve as participações especiais dos cantores Raimundo Fagner e Kátia Freitas, além dos percussionistas do Maracatu Az de Ouro. O CD Cortejo contou com o patrocínio do Banco do Nordeste do Brasil (BNB) e com o apoio do Ministério da Cultura, através da Lei Federal de Incentivo à Cultura.

Guitarrista, compositor, arranjador e produtor musical, Cristiano Pinho (foto: Larissa Freitas) é mais uma estrela entre os talentosos, criativos e versáteis guitarristas do Brasil. Natural de Viçosa do Ceará, Cristiano Pinho começou a tocar com 12 anos de idade. Graduou-se em Música na Universidade Estadual do Ceará e, em 1988, estudou Harmonia e Improvisação na Escola Ian Guest de Aperfeiçoamento Musical, no Rio de Janeiro.

De lá para cá, seu talento ganhou reconhecimento nacional, ao enriquecer os discos e shows de cantores e compositores como Raimundo Fagner, Kátia Freitas e Fausto Nilo, entre outros. Multi-instrumentista, compositor, arranjador e produtor musical, Cristiano lançou em 1997 seu primeiro álbum instrumental solo, Pessoa (Independente).

Desde então, participou de diversos festivais de música instrumental, entre eles o Festival de Jazz & Blues de Guaramiranga e o Festival Música na Ibiapaba -- neste último sendo convidado também como professor. Em 2004, tocou como músico convidado com a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, sob a regência do maestro Roberto Minczuk, na Sala São Paulo.

Desde 1997, integra a banda do cantor e compositor Raimundo Fagner em seus discos, DVDs e turnês. Cristiano foi o responsável pela direção musical do álbum do artista, intitulado Fortaleza, lançado em 2008 pela gravadora Som Livre. Em outubro de 2009, Cristiano Pinho fez show de lançamento do CD Cortejo no Teatro de Cultura Popular Chico Daniel, em Natal (RN), abrindo a programação do IV Festival BNB da Música Instrumental.

Algumas produções:
- 2009 – Cortejo (Cristiano Pinho / Ellemento), como produtor e arranjador
- 2008 – Fausto Nilo (Fausto Nilo / Pão e Poesia), como arranjador e diretor musical
- 2007 – Fortaleza (Fagner / Som Livre), como arranjador e diretor musical
- 2003 – Casa Tudo Azul (Fausto Nilo / Pão e Poesia), como arranjador e diretor musical
- 2002 – Próximo (Kátia Freitas), como produtor, arranjador e diretor musical
- 1997 – Pessoa (Cristiano Pinho), como produtor e arranjador
- 1995 – Kátia Freitas (Kátia Freitas), como coprodutor, arranjador e diretor musical.

SERVIÇO
Show Cortejo, com Cristiano Pinho
Data: 21 de novembro (sábado)
Hora: 21 horas
Local: Anfiteatro do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (rua Dragão do Mar, 81 – Praia de Iracema – Tel.: (85) 3488-8600)
Entrada: R$ 10,00 (inteira) e R$ 5,00 (meia)
Informações: (85) 9915-4585


MAIS AINDA
Patrocínio: Banco do Nordeste do Brasil (BNB)
Parceria: Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura e Serviarm
Apoio Institucional: Governo Federal e Governo do Estado do Ceará
Promoção: Rádio Universitária FM 107.9 MHz
Realização: Kamafeu Produções de Arte

CD à venda nas lojas Desafinado (Av. Dom Luiz, 655 e Shopping Del Paseo – 3.º Piso), em Fortaleza e pelo e-mail
atendimento@desafinado.com.br

TRAÇOS, ESBOÇOS

Imagens das Segundas



Acendo mais um cigarro dentro da noite veloz, como quem conversa com um velho amigo e lhe faz confidências que não mais faria a ninguém. Faz pouco, fui beber um gole de café e a xícara escapou-me das mãos e espatifou-se dentro da pia.

Por incrível que pareça, quase na mesma hora lembrei-me de um verso de Carlos Drummond de Andrade, poeta que venho relendo com uma certa frequência: "Os cacos da vida, colados / Formam uma estranha xícara / Sem uso / Ela nos espia do aparador".

Creio que a minha vida anda assim, um tanto quanto parecida com esta xícara de café que acabei de quebrar por puro descuido.

Escrevo numa segunda-feira, seis horas da noite e as segundas-feiras para mim são um arremedo de dia, uma infeliz brincadeira de mau-gosto do tempo. Eu sei que elas jamais podem deixar de existir e que sempre seriam segundas-feiras, mesmo que lhes mudássemos o nome.

"As segundas-feiras estão atravancadas de pormenores inúteis / a vida parece um romance malfeito", como bem o disse o poeta Mário Quintana.

Não faz muito, um bom amigo telefonou para saber como está meu pai e me fala, em tom carinhoso, que todos estão muito preocupados comigo, se estou comendo direito, dormindo direito. Respondo que não há motivo para preocupações e que a vida segue seu curso.

Ando meio triste, devo confessar, contudo não estou tão desesperado ainda. Simplesmente continuo, prossigo vivendo do jeito que dá e que posso. Claro que deixei, por esses dias, de ser aquele sujeito brincalhão, sempre fazendo brincadeiras, com a gargalhada prestes a ser desatada a qualquer piada.

Mas também não ando chorando pelos cantos, exibindo com ar funéreo as minhas penas. Há dias melhores, há dias piores no carrossel do meu existir. Por vezes, penso que estou vivendo um pesadelo do qual despertarei em qualquer próxima manhã radiante de sol, perfumada de flores e de pássaros.

Giovanni Papini costumava dizer que a vida não é sonho, mas a urdidura dos sonhos pode iluminar e embelezar a trama da vida. E eu concordo completamente com ele.

Somos tão frágeis, tão fracos, tão egoístas que só conseguimos pensar em torno do nosso mundinho como se as outras pessoas também não tivessem lá a sua cota de sofrimentos e pesares.

Não sou o único a seguir o meu solitário Calvário. Pego da caneta e escrevo o que ainda consigo escrever. Ah, como eu gostaria que fossem palavras bonitas, frases irretocáveis. No entanto, só me saem estes garranchos espinhosos e urtigas.


*O cronista Airton Monte, que é nas horas vagas psiquiatra, redige impressões do viver para o Jornal da Praia desde a década de 1980

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http://opovo.uol.com.br/opovo/colunas/airtonmonte

13 novembro 2009

EUFEMISMO INDIGESTO

"Abate humanitário"?!?!?



Conforme certa definição, "abate humanitário" é o "conjunto de procedimentos" que "garantem o bem-estar dos animais que serão abatidos", desde o embarque na propriedade rural até a operação de sangria no matadouro-frigorífico.

"Humanitário" . . . "bem-estar" . . . são palavras muito fortes, que não refletem o que realmente querem dizer. Termos como “humanitário” e “bem-estar” deveriam ser aplicados apenas nos casos em que buscamos o bem do indivíduo, e não para as situações em que procuramos matá-lo de alguma forma.

Quando enviamos ajuda humanitária à Africa, não estamos enviando recursos para que os africanos possam se matar de uma forma mais rápida e menos dolorosa. Não estamos pensando: “Bem, aquele continente vive na miséria, cheio de fome, doenças e guerras, vamos resolver isso matando-os”. Ajuda humanitária significa alimentos, água, remédios, cobertores — ou seja, intervenções realmente em benefício daqueles indivíduos.

Quando falamos em "bem-estar social", "bem-estar do idoso", "bem-estar da criança", não estamos pensando em outra coisa senão proporcionar o bem a essas pessoas. Jamais pensamos em métodos de "matá-los com menos sofrimento", porque isso seria o contrário de bem-estar, seria o contrário do que consideramos humanitário.

Por isso, quando escutamos alguém falar em “abate humanitário”, isso soa como um contrassenso. A primeira palavra representa algo que vai contra os interesses do indivíduo e a segunda encerra um significado que atende aos seus interesses.

Igualmente, a idéia de “bem-estar de animais de produção” é um contrassenso, pois a preocupação com o bem-estar implica em preocupar-se com a vida, e não visar sua morte ou exploração de alguma forma.

Essas duas ideias — "abate" e "humanitário" — só se harmonizam quando a morte do animal atende aos seus próprios interesses, como no caso em que o animal padece de uma enfermidade grave e incurável e a continuidade de sua vida representa um sofrimento. Nesses casos a eutanásia, ou dar fim a uma vida seguindo uma técnica menos dolorosa, pode ser classificada como humanitária, e uma preocupação com o bem-estar.

As organizações e campanhas que pregam pelo "abate humanitário" alegam que esse é "um modo de evitar o sofrimento desnecessário dos animais que precisam ser abatidos". Mas o que é o “sofrimento necessário” e o que diz que animais “precisam ser abatidos”?

O abate de animais para consumo não é, de forma alguma, uma necessidade. As pessoas podem até comer carne porque querem, porque gostam ou porque sentem ser necessário, mas ninguém pode alegar que isso seja uma necessidade orgânica do ser humano.

Porém, se comer carne é hoje uma opção, não comê-la também o é. Se uma pessoa sinceramente sente que animais não devem sofrer para servir de alimento para os seres humanos, seria mais lógico que essa pessoa adotasse o vegetarianismo, ao invés de ficar inventando subterfúgios para continuar comendo animais sob a alegação de que esses não sofreram.

A insensibilização que antecede o abate não assegura que o processo todo seja livre de crueldades, especialmente porque o sofrimento não pode ser quantificado com base em contusões e mugidos de dor. Qualquer que seja o método, os animais perdem a vida e isso por si só já é cruel.

Caso todo o problema inerente ao abate de uma criatura sensível se resumisse à dor perceptível, matar um ser humano por essa mesma técnica não deveria ser considerado um crime. Caso o conceito de "abate humanitário" fizesse sentido, atordoar um ser humano com uma marretada na cabeça antes de sangrá-lo e desmembrá-lo não seria um crime — e menos ainda matá-lo com um tiro certeiro na cabeça.

Está claro que a idéia de "abate humanitário" não cabe, e nem atende aos interesses dos animais. Mas se não atende aos interesses dos animais, ao interesse de quem ela atende?

A questão é bastante complexa, porque envolve ideologias, forças do mercado, psicologia do consumidor e política, entre outras facetas. O conceito de "abate humanitário" atende aos interesses de diferentes grupos (pecuaristas, grupos auto-intitulados “protetores de animais”, políticos etc.), não necessariamente integrados entre si.

Pecuaristas têm interesse no chamado "abate humanitário" porque ele não implica em gastos para o produtor, mas investimentos que se revertem em lucros. A carne de animais abatidos “humanitariamente” tem um valor agregado. O consumidor paga um preço diferenciado por acreditar que está consumindo um produto diferenciado.

Possuir um selo de “humanidade” em sua carne significa acesso a mercados mais exigentes, como o europeu. Além disso, verificou-se cientificamente que o manejo menos truculento dos animais reflete positivamente na qualidade do produto final, e, portanto, mudanças nesse manejo atendem aos interesses do pecuarista pois melhoram a produção e agregam valor ao produto.

Os chamados protetores de animais têm interesses no abate humanitário, mas não porque este é condizente com o interesse dos animais. Em verdade, esses “protetores“ não se preocupam com animais — talvez, sim, com cães e gatos, mas não com animais ditos “de produção”. Esses “protetores de animais” não os protegem: eles os criam, depois os matam e depois os comem. Eles podem não criá-los nem matá-los, mas certamente os comem e mesmo quando não o fazem por algum motivo, não se opõem a que outros o façam.

“Protetores de animais” lucram com o conceito de "abate humanitário", pois isso lhes rende a possibilidade de fazerem parte do mercado. Há entidades de “proteção” animal que se especializaram em matar animais. Sob a pretensão de estarem ajudando aos animais, elas mantêm fazendas-modelo onde pecuaristas podem aprender de que forma melhorar sua produção de carne, leite e ovos e de que forma matar animais de uma maneira mais aceitável pelo ponto de vista do consumidor comum. Podem também lucrar, servindo como consultores em frigoríficos.

Simultaneamente, essas entidades fazem propaganda no sentido de convencer o consumidor de que todo o problema relacionado ao consumo de carne encontra-se na procedência da carne, na forma como os animais são mortos, e não no fato de que eles são mortos em si. A fórmula é muito bem-sucedida, pois essas entidades acabam gozando de bom prestígio entre pecuaristas e consumidores comuns, não se opondo a quase ninguém. Políticos vêem na aliança com essas entidades a certeza de reeleição, e por isso elas contam também com seu apoio.

Exercendo seu poder para educar as pessoas ao “consumo responsável” de carne, essas entidades não pedem que as pessoas façam nada diferente do que já faziam. Elas não propõem uma mudança, de fato, em favor dos animais, pois os padrões de consumo da população mantêm-se os mesmos e os animais continuam a ser explorados.

A diferença está no fato de que essas campanhas colocam a entidade em evidência: a tal entidade se promove, deixando a impressão de que faz algo de realmente importante em nome de uma boa causa. Dessa forma, as pessoas realizam doações e manifestam seu apoio, ainda que sem saberem ao certo o que estão apoiando.

Com a carne abatida de forma “humanitária”, o consumidor se sente mais à vontade para continuar consumindo carne, pois o incômodo gerado pela ideia de que é errado matar animais para comer é encoberta pela idéia de que, naqueles casos, os animais "não sofreram para morrer". E o pecuarista lucra mais, porque pode cobrar um preço maior por seus produtos, bem como colocar seus produtos em mercados mais exigentes.

De toda forma, os interesses desses grupos não coincidem com os interesses dos animais, e por esse motivo não faz sentido que esses grupos utilizem nomenclaturas tais como como "bem-estar" e "humanitário", que podem vir a dar essa impressão.

Entidades que promovem o "abate humanitário" não protegem animais, mas sim promovem sua exploração. Elas estão alinhadas com os setores produtivos, que exploram os animais, e não com os animais. Se elas protegessem animais, trabalhariam pelo melhor de seus interesses. Seriam, eles mesmos, vegetarianos — e não consumidores de carne. No entanto, adotando sua postura e sua retórica, não desagradam a praticamente ninguém, e dessa maneira enriquecem e ganham influência.

Entidades que realmente promovem o bem dos animais esforçam-se em ensinar às pessoas que animais jamais devem ser usados para atender às nossas vontades. Elas devem se posicionar de forma clara a mostrar que comer animais não é uma opção ética, e que não importa que métodos utilizemos de criação e abate, isso não mudará a realidade de que animais não são produtos e que o problema de sua exploração não se limita à forma como o fazemos.

Ainda que uma campanha pelo vegetarianismo provavelmente conte com menos popularidade e menor adesão da população, até porque isso demanda uma mudança verdadeira na vida das pessoas, certamente uma campanha nesse sentido atende ao interesse real dos animais.

Ainda que reconhecendo que abater animais com menos crueldade é menos ruim do que abatê-los com mais crueldade, repudiamos que o abate que envolve menor crueldade seja objeto de incentivo. Esses "métodos" não deveriam ser incentivados, premiados, promovidos ou elogiados, porque "um pouco menos cruel" não é sinônimo de "sem crueldade", e só porque é algo um pouco mais controlado não quer dizer que seja certo ou correto.


* O biólogo da UNICAMP Sérgio Greif é mestre em Alimentos e Nutrição, co-autor do livro "A Verdadeira Face da Experimentação Animal: A sua saúde em perigo" e autor de "Alternativas ao Uso de Animais Vivos na Educação: pela ciência responsável".


O AUTOR
sergio_greif@yahoo.com

SAIBA MAIS
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www.anda.jor.br/?p=3086

10 novembro 2009

CRIMINÍNDIOS DESTERRADOS

Cancelamento de reserva



Uma proposta apresentada na Câmara dos Deputados prevê o cancelamento da propriedade de terras indígenas onde ocorrerem crimes ambientais — como venda ilegal de madeira ou tráfico de animais. A ideia, segundo o autor do projeto, o deputado Dr. Ubiali (Marco Aurélio Ubiali, do PSB-SP), é que os próprios índios se fiscalizem. “O objetivo maior não é puni-los, mas que eles sejam responsabilizados por atividades para as quais hoje se faz vista grossa”, afirma o parlamentar.

Pelo projeto de lei, qualquer condenação em última instância — depois que são apresentados todos os recursos — por um crime ambiental cometido em uma terra indígena faria com que essa reserva fosse cancelada, e todas as pessoas que morassem ali perdessem o direito de viver no local. “Se você tiver uma exploração ilegal em uma área de uma determinada tribo, é quase certo que isso é do conhecimento de todos, e se eles ignoram, são coniventes”, diz Ubiali.

Um mapa do Imazon mostra as terras indígenas (em laranja) e pontos da devastação ocorrida em setembro (em vermelho). Segundo o instituto, apenas 3% do desmatamento desse período ocorreu dentro de reservas indígenas, apesar delas ocuparem 21,6% da Amazônia.

Puorém, para a advogada Paula Souto Maior, do ISA-Instituto Socioambiental, o projeto fere a Constituição, pois estabelece uma punição coletiva aos indígenas. “A pena não pode passar para a família da pessoa que cometeu o ato ilegal”, afirma.

Segundo Ubiali, contudo, a punição à comunidade toda pode ser aplicada no caso dos índios. “É uma punição coletiva porque o crime é coletivo. Na tribo, você não tem um indivíduo cometendo um ilícito. Não há a figura do indivíduo dentro de uma tribo. A tribo tem um comportamento como um todo”, argumenta o deputado.

O líder indígena Aílton Krenak, conhecido por defender a Amazônia junto com Chico Mendes na década de 1980, discorda do deputado. Segundo ele, cada pessoa deve ser tratada separadamente e a própria legislação brasileira já prevê punição individual para índios que cometem crimes. “Como se pode dizer que crianças, velhos e outras pessoas da comunidade devam responder por quem cometeu um crime?”, questiona.

No conjunto dos fatos, apesar de haver problemas ambientais dentro de terras indígenas, esse é o tipo de reserva em que há menos desmatamento. Segundo os dados de devastação de setembro de 2009, publicados pela ONG Imazon-Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia, houve 216 km² de desmatamento nesse mês e apenas 5 km² (3%) teriam ocorrido dentro de terras indígenas — apesar desses territórios ocuparem 21,6% da Amazônia brasileira. Os parques e reservas estaduais, por sua vez, sofreram 15 km² de desmatamento, e ocupam 20% da Amazônia.

“As terras indígenas têm se mostrado mais eficazes para a conservação da floresta do que as unidades de conservação — parques e reservas — que se beneficiam do aparato do Ibama, das secretarias de meio ambiente dos estados, e que têm gente trabalhando fazendo a manutenção e monitoramento dessas unidades”, aponta Krenak.

Questionado sobre a possibilidade de seu projeto ser aplicado também a propriedades privadas, Ubiali afirma que pretende apresentar uma emenda para que donos de terra também possam perder suas fazendas. De acordo com ele, a ideia será apresentada durante as discussões na Câmara para alterar o Código Florestal — lei que define, entre outras coisas, o quanto deve ser preservado dentro de cada terreno rural.

A proposta sobre terras indígenas tramita na Comissão de Meio Ambiente e, caso seja aprovada por essa e outras comissões, não precisará ir para votação no plenário para seguir ao Senado.

Desmatamentos, queimadas e notícias sobre toda a Amazônia Legal podem ser encontradas no mapa interativo Amazônia.vc, que também possibilita aos internautas protestar contra a destruição da floresta. O aplicativo Amazônia.vc foi desenvolvido em parceria com o INPE-Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, pelo programa Fantástico e Globo.com e traz mapa interativo com queimadas e desmatamento da região, permitindo a sua participação. Participe.

*por Iberê Thenório, em www.portaldomeioambiente.org.br (imagem: alguns Karitiana em pib.socioambiental.org)


VEJA MAPAS
www.imazon.org.br