20 março 2007

A MAGIA DE OZ

Cantando a aventura de Dorothy


Nestes (chuvosos) dias finais de março, Fortaleza recebe no estacionamento do Shopping Iguatemi, sob um toldo climatizado, a montagem nacional do musical O mágico de Oz, dirigida por Billy Bond. Após excursionar por Argentina, Chile, Peru e diversas cidades brasileiras, O mágico de Oz também foi visto no centro de convenções do Casa Grande Hotel, no Guarujá.

Os números são grandes: assistida por mais de 900 mil pessoas, a superprodução já foi apresentada mais de 1.200 vezes no Brasil e em toda a América do Sul. A montagem — que conta a grande viagem da garota Dorothy e de seu cachorro Totó —, envolve cerca de 200 profissionais, entre atores, bailarinos e músicos, em cena e nos bastidores e mais de 28 toneladas de material, distribuídas entre cenários e equipamentos.

"O espetáculo apresenta recursos de produção de alta tecnologia, com deslumbrantes efeitos visuais", adianta Bond, diretor de outras montagens nacionais de produções da Broadway como Les miserables, Rent e O beijo da mulher-aranha e a pré-produção de A bela e a fera.

No mais, a história de O mágico de Oz atravessa forte onda de renascimento em todo o mundo: nos EUA, cerca de US$ 860 milhões foram investidos na criação de um parque temático no Kansas e a música-tema Somewhere over the rainbow foi regravada por artistas como o guitarrista Eric Clapton.

Aqui, o espetáculo O mágico de Oz, além de ter sido premiado como “Melhor Musical” de 2003 e aparecer 4 vezes na capa da revista Veja, inspirou a Secretaria Municipal de Educação da cidade de São Paulo a criar o "Projeto Mágico de Oz", que prevê a criação de comissões de prevenção à violência nas escolas usando a dramatização da peça. E o livro infantil O mágico de Oz vendeu mais de 3 milhões de exemplares de 2003 para cá no Brasil. Nada mau para um texto que comemora 107 anos de idade!

Resumindo: a menina Dorothy quer voltar para casa, o Espantalho quer possuir inteligência, o Leão busca coragem e o Homem de Lata quer ganhar um coração. Será que o Mágico de Oz vai atender a seus desejos? Tudo começou no final do século XIX, quando escritores e produtores de livros infantis da Europa lideraram um movimento propondo histórias menos violentas e sanguinárias. Ao mesmo tempo, defendiam que duendes, gênios e fadas já não tinham o poder de despertar tanto interesse nas crianças.

O escritor norte-americano Lyman Baum também achava isso. Para ele, o conto-de-fadas "moderno" devia conservar apenas a novidade e o bom-humor, descartando tristezas e pesadelos. Se as crianças precisavam de morais severas, que as aprendessem em casa ou na escola. Histórias eram para divertir.

Assim, em maio de 1900, Lyman lançou com sucesso sua obra-prima, O maravilhoso mágico de Oz, ricamente ilustrado por W.W. Denslow. Considerado o primeiro grande romance da literatura de fantasia norte-americana, vendeu mais de 100 mil exemplares em apenas 10 meses.

O livro empolgou crianças de todas as idades com as fabulosas aventuras de Dorothy, a menina do Kansas levada por um ciclone para uma terra mágica — aonde encontraria personagens incríveis como o Espantalho, o Homem de Lata, o Leão Covarde e o Mágico de Oz.

Em 1902 Lyman produziu, em Chicago, um musical inspirado no livro. O êxito foi tanto que logo foi para a Broadway, o centro teatral de Nova York. Em 1925 virou um filme mudo, hoje lembrado por ter Oliver Hardy, da dupla O gordo e o magro, como o Homem de Lata.

Depois, em 1939, a Metro produziu o grande musical estrelado por Judy Garland. Foi o filme mais visto de todos os tempos no cinema e na televisão, com mais de um bilhão de espectadores.

Em Fortaleza, as apresentações da montagem começaram dia 22 de março (quinta-feira), com apoio do Sistema Verdes Mares. Quem realiza a superprodução na "terrinha" é a Free Lancer — que também está trazendo à capital cearense o show de Chico Buarque em abril.


SERVIÇO
O mágico de Oz, a partir de 22 de março no estacionamento do Shopping Iguatemi
Horários: quintas e sextas, às 9h, 15h e 20h e aos sábados e domingos, às 15h, 18h e 20h
Ingressos: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia)


SAIBA MAIS
http://pt.wikipedia.org/wiki/O_Maravilhoso_M%C3%A1gico_de_Oz

LEIA UM TRECHO DO LIVRO
http://recantodasletras.uol.com.br/juvenil/19318

FAÇA DOWNLOAD DO TEXTO INTEGRAL
www.omagicodeoz.blogspot.com

15 março 2007

PELOTÃO CULTURAL

Lançamento na Praça da Sé


Centenas de pessoas compareceram em um sábado desses à Praça da Sé — o marco zero da capital paulista —, para prestigiar e engrossar o Pelotão de Choque Cultural Contra a Mesmice e a Burrice Nacionais, idealizado pelo jornalista paraibano Assis Ângelo.
Assis é um incansável divulgador da mais legítima cultura popular, agitando em vários suportes — jornal, livro, rádio, TV, internet — e, agora, levando diretamente às pessoas o seu vasto conhecimento nesse campo.
Ele aproveitou a ocasião para lançar (literalmente) ao público o seu mais novo livro, o Dicionário Gonzagueano — de A a Z. O volume é riquíssimo documento sobre a vida e obra do "rei do baião" Luiz Gonzaga, contendo entrevistas, fotos e completa discografia do grande
sanfoneiro, cantor e compositor.
O "Dicionário do Lua" saiu dia 13 de dezembro também para marcar o Dia Nacional do Forró — uma idéia genial do Assis que se tornou realidade a partir de projeto da deputada federal Luiza Erundina —, criado em 2005 para homenagear este imortal fenômeno da música brasileira.

Na praça, cantaram e dançaram com Assis ao som de forró, baião, toada e outros ritmos musicais todos que compareceram à festa, ou ato político-cultural — que começou por volta do meio-dia e se estendeu por quase 3 horas.
Subiram ao palco artistas como Joel Marques e Carlos Randall, interpretando Paraíba, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira; a rainha do forró, Anastácia; Lino de França e Grupo, acompanhando Janaina Pereira; e mais Valdeck de Garanhuns, Cacá Lopes, Nininho de Uauá, Costa Senna, Roberto Melo, os grupos musicais Banda de Pífanos de Caruaru, Trio Sabiá e ainda os poetas repentistas Sebastião Marinho e Luzivan Matias. O cordelista Marco Haurélio declamou trechos do folheto Foi voando nas asas da Asa Branca /Que Gonzaga escreveu a sua história, também lançado ao público na ocasião.
O Pelotão de Choque Cultural — que, conforme o seu idealizador, foi criado para discutir os rumos da cultura popular brasileira nos meios de comunicação —, integrou a programação comemorativa dos 60 anos da primeira gravação de Asa Branca, o “hino dos nordestinos”, registrada na saudosa voz de Luiz Gonzaga (no dia 3 de março de 1947 no Rio de Janeiro).

A programação começou na Praça da Sé e seguiu pela Praça Benedito Calixto (Pinheiros), terminando na madrugada de domingo 4, na casa de espetáculos Remelexo Brasil, naquele bairro (Zona Oeste de São Paulo).
Ao fim da festiva jornada, Assis Ângelo admitiu estar bem satisfeito pelo sucesso do evento, que foi coordenado pela produtora Andrea Lago. Tem mais: tudo foi gravado pela equipe do programa Tão Brasil, da TV Aberta e da AllTV, para posterior edição de um CD e de um DVD.
E o seu Dicionário Gonzagueano... é ótimo de se ler: só mesmo esse "cabra bão" para juntar, em mais de 220 páginas, tantas deliciosas revelações sobre a carreira do "mestre Lua", acompanhando tudo com depoimentos reveladores de Dominguinhos, Sivuca, Hermeto Pascoal, Oswaldinho do Acordeon, Anastácia e Carmélia Alves, a Rainha do Baião.

Uêba: agora você também pode cantar Asa Branca
Quando oiei a terra ardendo
Qua fogueira de São João
Eu perguntei a Deus do céu, uai:
Por que tamanha judiação?
Que braseiro, que fornaia!
Nem um pé de prantação
Por farta d'água, perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão
Inté mêmo a asa branca
Bateu asas do sertão
Entonce eu disse: adeus, Rosinha!
Guarda contigo meu coração!
Hoje longe muitas légua
Numa triste solidão,
Espero a chuva cair de novo
Pra eu voltar pro meu sertão
Quando o verde dos teus óio
Se espaiá na prantação
Eu ti asseguro: não chore não, viu?
Que eu voltarei, viu? Meu coração.

A produtora Andréa Lago coordenou a iniciativa na esplanada da Sé paulista dia 3 de março

VEJA MAIS

09 março 2007

O POETA CARTOLA

Uma espécie rara de filme



Cartola, carioca do Catete, nasceu em 11 de outubro de 1908 — mesmo ano em que morreu outro gênio da arte nacional, Machado de Assis. Depois de viver por 3 anos em Laranjeiras, saiu da Zona Sul e foi morar na Mangueira aos 11 anos. O bairro classe-média e o morro deram régua e compasso para os versos e as canções do compositor.

Desde menino, o sambista participava de festas de rua. Aprendeu a tocar cavaquinho com o pai e se apresentava no rancho Arrepiados, em Laranjeiras, e nos desfiles do Dia de Reis. Até 15 anos, Cartola viveu com a família e freqüentou escolas de ensino clássicas. Com a morte da mãe, deixou as duas instituições e passou a ter lições de boemia.

O apelido Cartola de Angenor de Oliveira nasceu no canteiro de obra. Como pedreiro, o compositor usava sempre um chapéu para impedir que o cimento lhe sujasse a cabeça. Longe da rotina de pó e poeira, o pedreiro criava a base para uma das principais escolas de samba do País. Fundou em 1925, com seu amigo Carlos Cachaça, o Bloco dos Arengueiros. Era a semente da G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira, que surgiu em 28 de abril de 1928 da fusão desse e de outros blocos da região. O próprio Cartola escolheu o nome e as cores da agremiação.

A estréia da verde-e-rosa na avenida foi embalada pelo primeiro samba com a assinatura de Angenor de Oliveira. Era Chega de demanda, composto em 1928 (mas só gravado por Cartola em 1974, no LP História das escolas de samba: Mangueira). Em 1931, o nome do compositor chega a outros territórios: à época, era comum o artista do asfalto subir o morro para comprar música. Assim fez Mário Reis, que, com um punhado de dinheiro, adquiriu os direitos de gravação de Que infeliz sorte. Porém, a voz de Reis não se adaptou ao samba de Cartola. Quem acabou gravando foi Francisco Alves, que virou freguês das composições do mangueirense.

A relação, porém, mudou e Cartola passou a ceder apenas os direitos sobre a vendagem de discos, mantendo a autoria. Neste rol estão Não faz, amor (em parceria com Noel Rosa, em 1932), Qual foi o mal que eu te fiz? (1932) e Divina dama (1933). Neste período, as criações de Cartola ganharam outras vozes — como Tenho um novo amor (1932), gravado por Carmen Miranda e Na floresta, interpretado pelo parceiro da composição, Sílvio Caldas.

Os sambas da Estação primeira completavam a projeção além-Mangueira. Com o primeiro, em parceria com Carlos Cachaça, Pudesse meu ideal, a escola foi campeã do desfile promovido pelo jornal O mundo esportivo. Já Não quero mais (com Carlos Cachaça e Zé da Zilda, de 1936) deu outro prêmio à agremiação: a música, depois gravada por Araci de Almeida (1937), ganhou em 1973 nova interpretação e título de Paulinho da Viola, tornando-se Não quero mais amar a ninguém.

O início da década de 40 cristalizou o talento de Cartola entre a elite musical e também no seio da população mais simples. Ao lado de Donga, Pixinguinha e João da Baiana, o poeta participou, em 1940, de gravações com o maestro Leopoldo Stokowski. O repertório de MPB deu origem a dois álbuns de 4 discos, lançados nos EUA. No rádio, o compositor atuou como cantor, com músicas próprias e de outros autores populares. Naquele ano criou, com Paulo da Portela, o programa A voz do morro na Rádio Cruzeiro do Sul, no qual a dupla apresentava sambas inéditos de vários autores. Em 1941, formou o Conjunto Carioca, com Paulo da Portela e Heitor dos Prazeres, com o qual participou de programas da Rádio Cosmos, em São Paulo.

Os anos seguintes foram de ostracismo para o sambista. Cartola desapareceu do ambiente musical e muitos viveram a ilusão da morte do poeta. Alguns compuseram sambas em sua homenagem. Mas em 1948, a Mangueira o manteve vivo com o samba-enredo Vale do São Francisco (de Cartola e Carlos Cachaça) e conquistou o campeonato daquele ano.

Cartola só foi redescoberto pela mídia em 1956, quando o cronista Sérgio Porto o reencontrou. Eram tempos difíceis e o compositor vivia de bicos. De dia, lavando carros em uma garagem de Ipanema e, à noite, trabalhando como vigia de edifícios. Sérgio abriu caminho para o compositor cantar na Rádio Mayrinck Veiga. Logo depois, conseguiu-lhe, com ajuda de Jota Efegê, um emprego no jornal Diário carioca.

A década de 60 foi mais suave para o compositor. Já vivendo com Eusébia Silva do Nascimento — a Dona Zica —, eles fizeram uma pequena “revolução” gastronômica e musical na cidade: primeiro, o lar do casal tornou-se ponto de encontro de compositores. Depois, em 1964, a matriz do samba mudou de endereço — agora o point era o restaurante Zicartola, na Rua da Carioca. A casa fez história com a cozinha comandada por Zica, que com seus quitutes ajudava na inspiração de grandes sambistas do morro e de jovens compositores da geração pós bossa-nova.

Só na Terceira Idade, aos 66 anos, o mestre gravou seu primeiro LP — Cartola. O disco conquistou vários prêmios. Dois anos depois, lançou o segundo com o mesmo título do anterior. Naquele ano (1966), o cantor fez o seu primeiro show individual, acompanhado pelo conjunto Galo Preto. Um sucesso de público que ficou em cartaz no Teatro da Galeria, no Catete, por 4 meses.

O sambista ganhou destaque na TV em 1977: a Rede Globo exibiu um programa Brasil especial dedicado a Cartola. A audiência era crescente na tela e no palco. Em setembro do mesmo ano, participou do Projeto Pixinguinha, acompanhado por João Nogueira. O espetáculo começou no Rio e a ótima bilheteria carioca levou o show para São Paulo, Curitiba e Porto Alegre. No mês seguinte, lançou o terceiro disco-solo: Cartola – Verde que te quero rosa.

Aos 70 anos, Cartola deixou a Mangueira e foi viver na tranqüila Jacarepaguá de 1978, quando estreou o segundo show individual. O quarto LP (Cartola – 70 anos) chegou ao mercado em 1979. Nesse período foi diagnosticado um câncer no compositor. Cartola morreu vítima da doença, em 30 de novembro de 1980.

Os lançamentos seguem após a morte do sambista: a Funarte editou e lançou, em 1983, o livro Cartola, os tempos idos, de Marília T. Barboza da Silva e Arthur Oliveira Filho, e, em 1984, o LP Cartola, entre amigos. A Editora Globo pôs nas bancas, em 1997, o CD e o fascículo Cartola, na coleção MPB Compositores (n.° 12). Entre composições próprias e de parceiras, Cartola deixou mais de 500 obras.

CARTOLA
É um filme simples e sofisticado como o próprio Angenor de Oliveira. Tem a ousadia de ser simples, cronológico, sofisticado e poético. Aproxima o espectador do seu principal objeto, o compositor e sambista que, sem ser letrado, fez canções e versos dignos de um imortal.

O filme revive o poeta Cartola, artista do subúrbio carioca cuja obra é uma verdadeira ponte cultural que liga um País dividido socialmente, emprestando sua biografia para os diretores Hilton Lacerda e Lírio Ferreira contarem, sob um ângulo original, parte da história da Mangueira, do Rio de Janeiro e da nossa música do século passado.

SINOPSE
A história de um dos compositores mais importantes da música brasileira. A história do samba a partir de um dos seus expoentes mais nobres. Utilizando linguagem fragmentada, Cartola traça um painel da formação cultural do Brasil, convidando a uma reflexão na construção da memória deste País. O retrato de um homem que se reconstruía com seu tempo.

Na construção deste discurso, os diretores refazem ambientes, captam depoimentos e costuram imagens com ficção, documentários e material jornalístico de arquivo. O testemunhal traz as pessoas que conviveram com Cartola e outras que vivem o cotidiano da comunidade da Mangueira — além de críticos, historiadores, cantores, músicos e compositores de seu tempo.

As imagens de arquivos resgatam longas-metragens, reportagens e entrevistas nas quais o sambista e o samba são os focos. Os filmes escolhidos são, na maioria, musicais das chanchadas das décadas de 40 e 50 e do cinema novo. Hilton Lacerda e Lírio Ferreira completam a assinatura com cenas que criam e recriam o espírito poético da narrativa.

A montagem e a seleção desse vasto material desenham o perfil do compositor e sua descoberta por uma MPB que evoluiu a partir do contato com os morros e seus sambistas. Produzido por Clélia Bessa e Paola Vieira (Raccord Produções), o filme começa com o enterro de Cartola e já o define como o narrador de sua própria vida.

O tom de ficção inicial atravessa todo o longa-metragem. Para ilustrar a compra e a venda de composições, por exemplo, Lacerda e Ferreira misturam cenas de ficção (Rio 40 graus, de Nelson Pereira dos Santos) que narram o drama de compositores de aluguel a imagens reais de Carlos Cachaça, principal parceiro de Cartola. Em off, os dois artistas relembram fatos do comércio de sambas na primeira metade do século XX.

A marca de Cartola imprime-se também nas cenas desenvolvidas para alinhavar com o material de pesquisa. Hilton e Lírio trazem para o filme a geografia musical do sambista e de suas composições. Estão lá a Mangueira, a Lapa, a Carioca e a Central, fotografadas por Aloysio Raolino. A dupla de criadores ainda coloca cerejas sobre o longa e refilma parte da história do personagem perdida no tempo.

A soma de todos esses elementos, editados e montados por Mair Tavares e pelos dois diretores, resulta numa unidade de linguagem que dá a Cartola características que o levam para bem além de um simples documentário. O filme surpreende, emociona e informa sobre o espírito de um dos principais criadores da Música Popular Brasileira.



SERVIÇO
Cartola — filme de Lírio Ferreira e Hilton Lacerda
Festival do Rio 2006 - Mostra Competitiva – Documentários


EQUIPE TÉCNICA
Direção e Roteiro: LÍRIO FERREIRA e HILTON LACERDA
Produção Executiva: CLÉLIA BESSA
Direção de Fotografia: ALOYSIO RAOLINO
Montagem: MAIR TAVARES
Direção de Arte: CLAUDIO DO AMARAL PEIXOTO
Figurino: RÔ NASCIMENTO
Som Direto: VALÉRIA FERRO (Ruído rosa)
Edição de Som: AURÉLIO DIAS e MARIA BYINGTON (Artesanato Digital)
Mixagem: ROBERTO LEITE e AURÉLIO DIAS
Programação Visual: TECNOPOP
Consultoria: ELTON MEDEIROS
Produção: CLÉLIA BESSA e HILTON KAUFFMANN
*Ator (Cartola criança): MARCOS PAULO SIMIÃO

Brasil - 2007 - 85 min - Cor


ENTREVISTA COM A PRODUTORA
A produtora Clélia Bessa vem trabalhando no projeto Cartola como quem cuida de uma espécie rara. Nos últimos 6 anos, o filme passou por mudanças que exigiram dedicação ímpar da sócia da Raccord Produções. Com a experiência de quem ajudou a tirar do papel os longas-metragens de Rosane Svartman Mais uma vez amor e Como ser solteiro e o programa musical Claro q é rock, exibido no canal Multishow, Clélia captou recursos e reuniu profissionais capazes de dar vida a um filme ousado e em constante evolução.

A quanto orçou o filme Cartola?
Clélia Bessa: O filme custou em torno de R$ 1,2 milhão. A captação de recursos não foi fácil. Conforme o projeto avançava, o filme ganhava nova dimensão e os custos aumentavam. Cartola é um filme vivo. Fechamos a poucos meses do lançamento.

Qual a maior dificuldade na produção?
Clélia: O filme tem cerca de 85 minutos e 65% são arquivos. A negociação e a pesquisa foram difíceis e complexas. As fontes de arquivo eram as mais diversas, de emissora de TV que faliu a pessoas físicas. Ainda recuperamos uma série de arquivos de imagem do compositor. O som também teve uma complexidade técnica, precisou passar por um processo de reestruturação para ter uniformidade.

Como foi o processo de pesquisa de imagens?
Clélia: Investimos muito na pesquisa de imagem. O acervo iconográfico de Cartola não é vasto. Não foi encontrada, por exemplo, uma imagem em movimento do Zicartola.

E os herdeiros do compositor? Como foi essa negociação?
Clélia: Negociamos com os herdeiros oficiais e reconhecidos. Ele não teve filhos naturais.

Na sua opinião, qual a justificativa para se desenvolver um projeto como o de Cartola?
Clélia: O brasileiro gosta de ouvir e ver a história do País retratada nas telas. Veja o exemplo do documentário Vinícius, que foi um sucesso de público. Cartola, como Vinícius, é fundamental na história da música desse País.

Há planos de lançar CD ou outro produto vinculado?
Clélia: Não, ainda não pensamos nesse ponto, não há nada programado.

Quem patrocina o projeto?
Clélia: Os patrocinadores são BR Petrobras, Telemar, Eletrobrás, Infraero. O filme também tem recursos do BNDES e da Itaú Cultural, esse no desenvolvimento do roteiro. A produção é da Raccord e co-produção da Globo Filmes, com distribuição da Riofilmes.


VEJA
Segue uma versão em avant-trailer do filme Cartola , música para os olhos, que estréia dia 06 de abril, somente nos cinemas. Siga o link e aprecie boa música e belas imagens
http://www.youtube.com/watch?v=xlMRgr6vxLg


SAIBA MAIS
http://www.raccord.com.br

cleliabessa@raccord.com.br

Skype ID: cleliaelisa

06 março 2007

SOM ENSURDECEDOR

Que provém do silêncio interior



Senhor George, não me leve a mal, mas sua escuridão vai ter que se render a um novo amanhecer.

Atenção ladrões, assassinos e traficantes! Chamem todas as milícias e mercenários, para assistirem ao alerta global!

Senhor Hugo, use suas “chaves” para abrir as portas da percepção e liberte-se da farda, boina e coturnos — a temporada de ditadores ensolarados já terminou.

Caro presidente Lula, cuidado! O senhor pode estar a menos de 4 anos da contracapa da História.

Brasileiros, meus irmãos! Meu coração se enche de orgulho e de tristeza. Orgulho porque no Brasil não tem terremoto e tristeza porque estão tentando me convencer de que Deus não é brasileiro.

Adeus à Lei de Gerson, cerrrto?

Militares do Brasil, conclamo meus irmãos das forças a se livrarem do peso sobre seus ombros. E não falo do peso das estrelas e patentes, mas sim da História, do AI-5, da “vergonhosa” — que ousaram chamar de “redentora”. O País precisa de ajuda, vamos acordar?

E quando falo em ajuda, muita calma: falo de ajuda humanitária, engenharia, fronteira, medicina, segurança...

A violência do buraco do Metrô dói pelo drama humano, mas o buraco é mais embaixo (ou mais em cima, lá na camada de ozônio). A violência da banalização dói mais ainda.

Políticos em geral, será que só a renúncia será capaz de lavar suas almas?

Quem ainda agüenta mais esses meninos de gravata brincando de resolver as coisas?

Perdoem-me os bons engravatados, mas se vocês forem bons mesmo, revoltem-se! Livrem-se delas enquanto é tempo...

Há um novo Brasil nascendo, silencioso. Ele é feito da mistura de gentes. Gente do Sul e Sudeste, gente do Norte e Nordeste, gente do Centro-Oeste e gente estrangeira.

Há uma desconstrução cultural em curso e nada será mais como antes.

Há um caboclo índio dentro de cada um de nós, um deus africano, um santo católico, uma estrela do Islã, um rabino, um pagão.

Minha avó era mineira da Zona da Mata e se chamava Iracema, madrinha de negros, devota e santa. Sá Rosa, sua vizinha, era benzedeira, tirava quebranto, rezava com a brasa em um copo d’água. Vó Iracema fazia doce-de-leite em um tacho de cobre que ela anualmente comprava de uma caravana de ciganos que passava pela cidade.

A outra avó era paulista e uma sábia analfabeta, a chamávamos de Vó Tunica. Ela costumava dizer coisas do tipo: “Quando a cabeça não pensa, o corpo padece...” Um avô era libanês, de Beirute, o outro foi Integralista e enterrou solene as camisas verdes dele e do seu primogênito, meu pai, no quintal de casa. Deus, Pátria, Família e Anauê pelo Brasil !

O Brasil é assim, como a casa da avó, divide seu espaço aceitando as diferenças e transformando todos em irmãos. Somos um povo diferente, porque nosso caldo cultural é enriquecido, vitaminado.

Eu sei, ser brasileiro não é fácil, mas é gostoso.

Quando Pelé, ao ser carregado nos ombros naquela noite de 19 de novembro de 1969, dedicou seu milésimo gol às crianças do Brasil, me lembro que ele pediu, com a majestade de um Rei:
“Cuidem das criancinhas do Brasil!” Ora, Fernandinho Beira-Mar estava com 3 anos de idade...
O crioulo foi achincalhado pelos intelectuais de plantão, ninguém deu ouvidos ao Rei e Fernandinho cresceu.

Pois é, este é o Brasil — esse jovem Brasil, o País que eu amo, a terra aonde trabalho e onde um dia irei descansar.


*Laccy Silva é arquiteto, paisagista e comanda a Zou Cultural

SAIBA MAIS
zoucultural@hotmail.com

25 fevereiro 2007

ANTES QUE NÃO DÊ MAIS TEMPO

Bom senso nos últimos minutos


Em pleno 2007, vigem à nossa volta regras para "estender a validade" de um mundo em extinção. Nessa urgência de correntes que correm o planeta — desde Al Gore com seu Live Earth aos toques dos seus amigos mais nerds e lá no fundo do seu quintal para o lado da piscina e da churrasqueira enquanto espiados pela "big-brodice" da falta de saneamento e da dengue tão perto de nós, acossados pela escalada da violência contra o cidadão e pelo acúmulo de lixo e desgraças engraçadas via TV, bem como pela pressão da falta de atenção para com o corpo e com o semelhante —, fazemos hoje a nossa parte reproduzindo advertências de última hora para muitos (já sendo, para a sobrevivência de outros, um conhecimento essencial ). Pense numa frase grande!



EM CASA
Economize água
Diminua o tempo dos banhos, feche a torneira enquanto escova os dentes, use regador em vez de mangueira, varra a calçada em vez de lavá-la. De acordo com dados do International Hydrological Programme da UNESCO, 97,5% da água do planeta é salgada. A água doce só representa 2,5% e está, em sua maior parte, nas calotas polares. Apenas 0,3% encontra-se acessível em lagos, rios e lençóis subterrâneos. Com a poluição dessas fontes, a escassez de água no planeta é uma preocupação mundial. Leve-a para casa

Separe o lixo
Mesmo que a sua cidade não ofereça serviços de coleta seletiva, separe o lixo em casa e descubra para onde você pode levar material reciclável como vidro, plástico, metal e papel. Tenha especial cautela com lixos poluentes como lâmpadas com mercúrio, pilhas ou baterias usadas, que não podem ser misturados ao lixo comum. O mau gerenciamento dos resíduos da atividade humana é uma das causas diretas do aquecimento global

Desplugue
Embora seja menos impactante do que a queima de combustível fóssil, o modo de produção da energia hidrelétrica (foto da cachoeira by Norman Walsh) largamente usado pelo Brasil também é desfavorável à natureza. Tire os eletrodomésticos da tomada enquanto estão desligados e evite deixar equipamentos no modo "standby", que ainda significa consumo. Prefira eletrodomésticos economizadores de energia

Certifique-se da madeira
Na hora de comprar móveis de madeira, procure saber de onde vem a matéria-prima. Prefira móveis certificados (selo FSC) e oriundos de florestas de manejo sustentável. Dessa forma, você age diretamente contra o desmatamento e pela preservação das florestas brasileiras

Tenha plantas
Nos jardins, nos quintais, nas sacadas, na calçada, na sala do apartamento, no hall do prédio. Plantas significam mais qualidade no ar e menos poluição. Podem ainda significar alimentos frescos para quem mantém pequenas hortas em casa

NO MERCADO
Desembale
Evite o excesso de embalagens. A energia usada para fabricar uma única lata de refrigerante é a mesma que a sua televisão utiliza se passar 172 horas ligada. O queijo fatiado, por exemplo, não precisa de bandeja de isopor nem de filme plástico. E, afinal, para que usar uma sacola de plástico para cada três produtos? Para pequenas compras, por exemplo, você pode levar sua sacola de casa

Use retornáveis
Não compre descartáveis. De copos e pratos a garrafas, dê preferência aos itens cujo fabricante já prevê a reutilização. Volte a usar garrafas retornáveis de cerveja

Prefira produtos locais
Prove os alimentos produzidos na sua região e dê preferência a eles. Além de mais frescos (o que é melhor para a sua saúde) significam um modo de produção menos impactante, e menos emissão de gases no processo de transporte

Consuma menos
Repense seu calendário de compras e evite comprar alimentos que estragam rápido — isso significa mais idas ao supermercado, mais queima de combustível fóssil e mais consumo irracional. Antes de comprar qualquer coisa, pergunte-se se você realmente precisa daquilo. Não compre o que não é necessário e cuide do que vai fazer com o lixo da sua compra

NO ESCRITÓRIO
Imprima menos
Antes de ativar a impressora, pense se é estritamente necessário imprimir os e-mails que recebe. Seja rígido na seleção e só imprima o que for indispensável. Para imprimir um e-mail você utiliza energia elétrica e matéria-prima oriunda das árvores

Reutilize papéis
Toda folha de papel tem dois lados, mas muitas vezes nos esquecemos disso. Reutilize folhas de papel. Faça blocos de notas com papéis usados ou mande folhas de volta para a impressora para imprimir no verso materiais só de leitura

Compartilhe material
Construa uma caixa comum de materiais como canetas, lápis, clipes, post-its. Ali podem estar os materiais que não são pessoais. Isso evita que cada pessoa compre uma nova caneta a cada vez que não conseguir encontrar a sua

Seja seletivo no material
Papel reciclado, lápis de madeira certificada, canetas com componentes não-poluentes. Já existem muitas opções de material de escritório que são produzidas pensando na redução do impacto ambiental

Não ignore o Verão
No Verão, vá trabalhar de roupas leves e defenda isso na empresa em que trabalha. Se o seu cargo é de chefia, libere os subordinados de usar ternos e trajes formais calorentos diariamente nessa época do ano. Assim, o ar-condicionado poderá funcionar em menor potência, economizando energia e esquentando menos o mundo lá fora

NOS DESLOCAMENTOS
Caminhe e pedale
Nos horários de congestionamento, dependendo da distância a ser percorrida, chega-se mais rápido a pé do que de carro. A bicicleta é uma alternativa de transporte veloz e que não polui. Além disso, as duas alternativas de deslocamento fazem bem à saúde

Compartilhe caronas
A queima de combustível fóssil é uma das principais causas do aquecimento global. Descubra quem vive na sua região, dê e pegue caronas. Evite andar sozinho(a) de carro, é injusto quando se considera o impacto do seu "conforto" para o planeta

Use transportes coletivos
Em São Paulo, os deslocamentos de metrô ou via corredores de ônibus podem ser mais velozes do que em carros particulares. Deixe o carro na garagem e use a rede de transporte coletivo da sua cidade. Além de economizar combustível e estacionamento, você ainda estará pressionando governos a aperfeiçoarem essa alternativa

NA RUA
Veja onde joga o lixo
Não jogue lixo no chão. O escoamento da água nos centros urbanos é complicado principalmente pelo lixo que obstrui as canaletas. Essa é uma das causas das enchentes e dos deslizamentos, além de estimular e proliferação de ratos, baratas e doenças

Deixe terra à vista
Pavimentar todo o solo não é bom. Ao construir sua calçada, por exemplo, você pode optar por materiais que permitem que a água o atravesse. Pontos de terra sem pavimento significam que o solo pode respirar. Chão todo pavimentado é como pele humana coberta de substância extremamente gordurosa e com todos os seus poros obstruídos

NA NATUREZA
Integre-se ao ecossistema local
No sítio ou na propriedade rural, evite desmatamentos e queimadas. Preserve matas ciliares (que beiram fontes d'água), elas têm um papel muito importante na manutenção da biodiversidade. Plante sementes nativas. Mantenha ou reconstrua o ecossistema local e posicione-se como parte dele

Plante árvores
O jargão continua valendo: plante uma árvore. Some a ele a oposição à derrubada das que existem ao seu redor, seja no seu quintal ou na calçada do seu prédio

NO MAR
Troque motor por vento
Nas diversões de Verão, toque o jet-ski e o passeio de lancha por um passeio de jangada, de caiaque, de windsurf, de kitesurf. A dica é trocar o óleo, que ameaça a biodiversidade marinha, por vento

Não deixe lixo na praia
Uma sacola de plástico ou uma lata de refrigerante leva mais de 100 anos para se decompor no fundo do mar. Uma garrafa de vidro, um milhão de anos. Desconhece-se o tempo necessário para que uma bóia de borracha se decomponha. Mais do que das florestas, o ar vem do mar. As maiores fontes de oxigênio e outros componentes importantes para o ar do planeta são os oceanos


"I take a holy vow never to kill again"
(Living with war, Neil Young)



FONTES

  • Carta das Responsabilidades - Vamos cuidar do Brasil, escrita por crianças brasileiras durante a 2.ª Conferência Nacional Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente

  • Douglas Trent, ecólogo pela Kansas University (EUA)

  • ECOLATINA (http://www.ecolatina.com.br)

  • Glen Strachan, Gillian Symmons, Ros Wade, tutores e alunos do Educational for Sustainability Programme da London South Bank University (Inglaterra)

  • Rachel Trajber, coordenadora-geral de Educação Ambiental da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do Ministério da Educação; Raquel Biderman, advogada do Centro de Estudos em Sustentabilidade da FGV-EAESP

VEJA (E OUÇA) MAIS
http://www.neilyoung.com/lwwtoday/index.html



SUA VIDA

É a sua maior invenção!



“Os fatos tornam-se reais depois de serem inventados”
(Mia Couto)


Ah, quer saber? A nossa vida a gente inventa. A realidade nada mais é do que um grande desejo inventado. Um sonho que se faz verdade, uma vontade que sai do papel e caminha. Assim...

Feito vida. É uma responsabilidade enorme desejar, eu sei. Mas vida ao vivo é pra quem tem coragem: coragem de sonhar. Cuidado em desejar. Porque é preciso fé, auto-conhecimento e um querer no infinito para que sonhos se realizem. Difícil? Pode ser.

É um exercício diário que exige confiança e um amor incondicional por tudo o que somos e acreditamos. Uma aceitação suave dos próprios defeitos, um rir de si mesmo(a), um desaprender contínuo, um aprender sem-fim sobre o que queremos da vida. Transformar sonho em verdade é para poucos.

E para muitos. Para todos os que têm a sorte de desejar. Não importa se tudo parecer errado e o mundo virar a cara para você — qual era mesmo a sua vontade? Esqueça.

Se esqueça. Hora de se perdoar. Tempo de se procurar. RENASÇA.

Ninguém veio ao mundo para acertar, haja paciência pra gente perfeita! Eu sei pouca coisa da vida, mas uma frase eu sigo à risca: é preciso acreditar. E eu acredito! Acredito no que diz o silêncio na hora em que a mente cala. E meu silêncio — que não é mudo e também escreve — dita com voz de quem sorri (às vezes desafiante): confie em si mesmo(a).

Quebre a rigidez. Ouse. Perca o medo. Perdoe-se. Brinque. Viva com leveza e encante-se. Só assim você vai transformar vida em letra em vida. Num reciclar eterno de poesias possíveis.




ESTAS E OUTRAS — ॐ Ask and it is given:
http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=17047864
Obs.: É sábio o silêncio que habita o coração!!! Que eu consiga ser quem eu sou e bata palmas no final! Mesmo que eu escorregue em mim e puxe a cortina antes do espetáculo acabar. Quem vai dizer que não era esta a melhor parte do show?
(by Fernanda Mello)
SAIBA MAIS

14 fevereiro 2007

ESTADO OU NAÇÃO?

Uma reflexão político-astrológica


Corre na língua do mito grego que no princípio existiam Rhea ou Gaia (a Terra) e Urano (o Céu Estrelado). Mãe e filho. E cônjuges: todas as noites, Urano (ou Saturno) deitava-se sobre Gaia e fertilmente ia gerando e multiplicando sua prole. Entretanto, a deusa, exausta dessa copiosa relação, pede a um de seus filhos, Chronos, que a retire deste seu destino tão sofredor. Chronos, compartilhando da dor de sua mãe, decide ajudá-la. Com sua foice, aproveitando um momento de distração de seu severo pai, corta-lhe os testículos. O sangue do castrado cai sobre a Terra, fertilizando-a, enquanto seu sêmen jorra entre as águas do mar, dando vida à deusa Afrodite — divindade do Amor e da Beleza.

Tendo a acreditar que confundimos Estado com Nação. Não saberia entendê-los como sinônimos. Como Nação, entendo povo. É a Lua. Nossas raízes, heranças, o que trazemos conosco. É nossa família, nossas rastros que se reúnem. Pedaços entrelaçados, que ajudaram a construir o início do que nos somos. Povo é sinônimo de Nação. Nação sem povo, inexiste. Entretanto, existe povo sem nação. Pessoas que, unidas, vinculadas pelo sangue, pela história e pelo destino forjam sua nação.

Por Estado, entende-se um aparelho burocrático, que na idéia inicial de construção de uma realidade digna para seus cidadãos, forja-se nas entranhas da Nação. Qual é o seu objetivo, afinal? Saturno, sendo regente natural da Casa 10 de uma carta astrológica, é nosso pai, as figuras de autoridade, aqueles que estão no poder, o Estado. A Lua, significadora do povo, é senhora natural da Casa 4, oposta à casa 10.

São casas opostas, que realizam entre si um aspecto tido como difícil dentro do Saber Astrológico: a função de ambos é unir-se e completar-se. Dialogar com suas diferenças, enamorar-se. Será que isso se mostra como uma verdade constante? O Estado dialoga com o povo? Onde está o verdadeiro namoro? Ao confundir Estado com Nação, perdemos o verdadeiro enamorar-se. Valores essenciais — como o patriotismo — esvaem-se. Pelos caminhos da História, percebe-se um vício constante: o poder, simbolizado pelo Estado, na figura de seus governantes humilha e declina daqueles que são — em tese — seus filhos.

O pai (que, como citado, é simbolizado pela Casa 10 e por Saturno) é aquele que cuida, protege e fornece a seus filhos os subsídios para seu crescimento e fortificação. Um ótimo entendimento entre Casa 4 e Casa 10. Um namoro perfeito entre a Lua e Saturno.

Mas, petrificados há muito tempo, estão os deveres do Estado. Entre eles, o de fornecer ao povo (seus filhos) os subsídios para um crescimento digno e uma vida sadia: saúde, moradia, escola, alimentação, segurança. Será que o raciocínio está errado? Onde estão os deveres do Estado? Perderam-se no caminho?

O Estado aparece contraditoriamente como uma figura castradora, retirando do povo sua fertilidade — assim como Chronos fizera com o pai. No Brasil de hoje, muito pode ser percebido através da "Carta Astrológica do Grito do Ipiranga", onde Saturno — castrador e cerceador — localiza-se na Casa 3, a casa do ensino e da aprendizagem. Um forte indicador da deficiência do ensino brasileiro.

Nada melhor do que alienar seus filhos (o povo) por meio de uma base educacional limitada e deficiente. Obviamente que a figura de Urano ou Saturno mostra-se coerente, ao impor limites necessários para a exclusão do caos. Entretanto, a ordem preestabelecida deve ser simétrica aos interesses dos filhos da Nação, e não aos mandos e desmandos dos senhores do Estado. Diz o mito que Afrodite nasce da castração. De um ato de terror, nasce a deusa do amor. Esperando que o amor supere o terror, finalizo estas parcas reflexões iniciais de filhos que desejam entender e dialogar com seus pais.


*Binho Silva é apaixonado pela Astrologia e carrega a esperança dentro do peito aonde quer que vá.

(A figura de Chronos integra o acervo da Michael Whelan Gallery)



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binho.silva@gmail.com

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http://www.michaelwhelan.com

TRILHA DA VIDA LOCA

Amor nosso de cada dia


Olha, a primeira vez que eu estive aqui
Foi só pra me distrair, eu vim em busca do amor

Dario foi no balcão e pediu um montila. Era a primeira vez que ia no Leila's. Virou a dose de um gole, depois deu uma goipada no chão e esfregou o sapato em cima. Reparou na luz vermelha do teto, o efeito que ela dava no ambiente. Na máquina tocava uma música animada e uns casais dançavam entre as mesas. Dario deu uma coçadinha nos possuídos e pediu outra dose. Foi nesse momento que ela apareceu, vinda da penumbra do corredor. Usava sainha jeans e bustiê estampado de manga comprida. Ela se encostou na parede, mascou o chiclete e olhou pra ele de rabicho de olho. Ele a achou muita mimosa. Ela pregou o chiclete atrás da cortininha de babado e... sorriu.

Olha, foi então que eu lhe conheci
Naquela noite fria, em seus braços
Meus problemas esqueci

Uma hora depois ele saiu de cima dela e foi se limpar na bacia que ficava sobre a mesinha de madeira. Quando voltou, ela estava sentada na cama e segurava um copo. "Peguei um montila pra você, por minha conta" – ela falou. Ele agradeceu, bebeu um pouco e perguntou se ela queria. Ela disse que não gostava, mas que ia beber porque estava gostando de estar com ele. Ela tomou um gole e fez careta. E Dario achou lindo a careta dela. Ela acariciou seus cabelos e disse que achava ele parecido com aquele cantor. Ele riu, descontraído. De repente a semana cansativa, o trabalho desgastante, o crediário atrasado da tevê, tudo passou a ser apenas detalhes insignificantes a evaporar ao toque dos dedos dela...

Olha, a segunda vez que eu estive aqui
Já não foi pra distrair, eu senti saudade de você

Uma semana depois, quando ele chegou e perguntou pela Josélia, e a gerente disse que ela estava ocupada, ele se esforçou pra disfarçar a tristeza. Ele então disse que era o próximo e pediu uma dose pra esperar. Mas a gerente respondeu que tinha quatro na frente. Quatro? Será que escutara direito? E olhe que hoje a clientela dela tá fraca, a gerente explicou enquanto anotava o nome dele num caderno de 7 matérias cheio de fotos de artistas. Dario virou a dose e pediu uma dupla. E foi sentar na mesa do canto, perto da maquininha de música.
Olha, eu precisei do seu carinho Pois eu me sentia tão sozinho Já não podia mais lhe esquecer Duas horas depois, quando ela apareceu e o levou ao quarto, ele enjoou e vomitou na porta 8 montilas, duas coxinhas e um sarrabulho. Ela levou-o ao banheiro e deu banho nele. Depois deitou-o na cama e começou a tirar a roupa, mas ele a interrompeu e disse, engolindo as sílabas, que daquela vez queria ficar abraçado com ela, só isso. Surpresa, Josélia ajeitou o travesseiro e ele deitou, se aconchegando ao corpo dela. Ela o beijou no rosto com suavidade e fez carinho em sua cabeça. E Dario adormeceu.

Eu vou tirar você desse lugar
Eu vou levar você pra ficar comigo
E não interessa o que os outros vão pensar

O salário como vendedor na loja de autopeças não era muito bom, mas ele conseguira um empréstimo e estava montando uma carrocinha de cachorro-quente na esquina do fórum. Ela poderia ajudá-lo a tomar conta da carrocinha, não era um trabalho complicado. Sentados na mesa do canto, a preferida dele, ela o escutava falar. Um cliente da loja era dono de um colégio, ele tentaria uma bolsa pra ela estudar. Nesse instante ela não conseguiu mais segurar a lágrima que insistia em escapar de seu olho. Ele percebeu e tocou seu rosto, desviando a lágrima para seu dedo, a luz vermelha refletindo na gotinha. "O que foi?" — ele perguntou. E ela então falou de Goiânia, as cartas que enviava pros pais, onde contava sobre como ia bem no supletivo — mentira que renovava já fazia 2 anos. Acho até que eles já sabem, ela murmurou, chorosa. Dario sorriu, compreensivo, e disse que adoraria conhecê-los. "Eles devem ter vergonha de mim" — ela disse. Ele pegou no queixo dela, ergueu seu rosto e olhou nos olhos dela: "Mas eu tenho orgulho."

Eu sei que você tem medo de não dar certo
Pensa que o passado vai estar sempre perto
E que um dia eu posso me arrepender

Enquanto ele comprava outro saco de pipoca, ela não conseguia deixar de admirar o cartaz do filme. Estava radiante. Imaginava que cinema era algo bonito mas não imaginava que fosse tanto. Ele a escutou falar excitada do filme, das músicas românticas, de como a moça era bonita e de como não esperava que o moço voltasse pra resgatá-la. Ele a pegou pela mão e atravessaram a rua, rumo à pracinha. Ela não queria ir pra lá mas ele disse que não havia problema e insistiu tanto que ela cedeu. Então, sentados no banquinho, ela disse que ele era um homem muito bom, que gostava muito dele, mas o problema é que ela era... Ele não a deixou terminar: segurou seu queixo e a beijou na boca. E Josélia pela primeira vez não afastou os lábios. Foi nesse momento que ele escutou, vindo de um grupo de rapazes que bebiam na birosca ao lado: "Grande Dario, me chupando por tabela..."

Eu quero que você não pense em nada triste
Pois quando o amor existe, não existe tempo pra sofrer

Hoje faz um ano que Dario e Josélia se conheceram. Semana passada, ela ganhou o anel de noivado e o abraçou, chorando emocionada. Ela ainda trabalha no Leila's onde, aliás, está cada vez mais requisitada, principalmente depois que passou a usar o anel. E é justamente pelo movimento que proporciona à casa que a gerente aceitou suas reivindicações. Uma delas é que agora ela só começa os programas depois das 11, que é a hora que chega do supletivo. E a outra é que ela tem sempre direito a 10 minutos de intervalo — e ela faz questão de aproveitar todos eles. Tomando um montila com Dario em sua mesinha predileta.


(A música "Vou tirar você desse lugar" é de autoria de Odair José)

*Ricardo Kelmer é escritor, letrista e roteirista e mora em São Paulo, Terra, 3.ª pedra do Sol

12 fevereiro 2007

BASE DA VIDA AMEAÇADA

Mangue, antes que seja tarde



O elevado estado de degradação do ecossistema manguezal promovido pelas fazendas de camarão no Nordeste brasileiro está pondo em risco a biodiversidade marinha e a segurança alimentar das comunidades tradicionais litorâneas. A conclusão do Doutor em Geografia pela Universitat de Barcelona e professor da Universidade Federal do Ceará-UFC Jeovah Meireles, após inúmeros estudos de campo e pesquisas denuncia mais um aspecto deplorável do avanço de uma mentalidade econômica suicida, causadora de descontroles da natureza como o aquecimento global.

Por tratar-se de um sistema onde aproximadamente 70% dos organismos marinhos têm relações de sobrevivência, desmatar o manguezal e extinguir o apicum (unidade do ecossistema maguezal que guarda etapas sem cobertura vegetal arbórea) e poluir suas águas para a implantação da monocultura do camarão, vem também acarretando uma diminuição da produtividade pesqueira dos mares.

Dados publicados já em 1997 pela FAO (Organização de Alimentação e Agricultura da ONU) e antes mesmo da explosão das fazendas de camarão nas bacias hidrográficas do Ceará — que mostraram um salto de mais de 2.000% em área cultivada a partir de 2001 — indicaram que a degradação do manguezal está associada a um déficit anual de aproximadamente 4,7 milhões de toneladas de peixe nos oceanos do planeta.

Agora, com a previsão de que os frutos do mar entrarão em colapso por volta de 2048, conforme artigo publicado na revista Science, de maior impacto no meio científico, estamos diante da possibilidade de uma catástrofe desencadeada pela pesca predatória e, em grande parte, pela extinção de importantes áreas de manguezal e poluição de suas águas.

No Ceará, são mais de 60 milhões de metros quadrados de fazendas de camarão promovendo fortes impactos sobre o ecossistema manguezal, relacionados ao desmatamento do bosque de mangue e d mata ciliar, à salinização da água doce, à fragmentação dos ecossistemas úmidos (estuários, lagunas e lagoas costeiras) e à extinção de áreas antes destinadas à alimentação de peixes, mariscos e aves.

Segundo pesquisas realizadas nas comunidades de pescadores e terras indígenas, com a implantação da indústria do camarão o peixe está minguando, ocorreu mortalidade de caranguejos, o solo das vazantes e a água das cacimbas estão ficando salgados. Quando avaliamos os empregos gerados, definiram-se índices de até 6,3 menos empregos por hectare, ao serem comparados com os elaborados pela Associação Brasileira dos Criadores de Camarão-ABCC.

Estamos diante de um assustador quadro de degradação, com as piscinas de camarão instaladas em áreas de preservação permanente e inviabilizando serviços ambientais fundamentais para a sociedade que incluem a produtividade dos mares, a manutenção de locais de alimento, refúgio e reprodução de uma diversificada fauna — incluindo aves migratórias e o peixe-boi marinho —, a proteção da costa contra a erosão e a segurança alimentar.

O que agrava mais ainda o precário estado de conservação do manguezal é que a insustentabilidade da indústria camaroneira está produzindo áreas contínuas de fazendas abandonadas. Tais espaços estão bloqueando a distribuição das águas e impedindo as interconexões de uma complexa cadeia alimentar, base da vida marinha e da subsistência dos povos do mar.

Medidas estratégicas para garantir a sustentabilidade e retomada da vida nos mares passam por uma efetiva preservação do manguezal, com o conseqüente veto à implantação de novas fazendas de camarão, recuperação das áreas degradadas, tratamento adequado dos efluentes, ampliação das unidades de conservação interconectadas por corredores ecológicos e a continuidade das atividades ancestrais de pesca e mariscagem pelos verdadeiros guardiães dos mares: pescadores, marisqueiros e índios.



SAIBA MAIS
http://www.aultimaarcadenoe.com/ecossismanguezais.htm


FALE COM O COLUNISTA
meireles@ufc.br

06 fevereiro 2007

VOCAÇÃO SOCIAL

Todos pelo bem-estar


Com cerca de 50 milhões de associados (!), a YMCA — Young Men’s Christian Association, entre nós identificada como ACM-Associação Cristã de Moços — é uma entidade supranacional que põe em pauta criativo movimento social, ecumênico e não sectário, hoje presente em 122 países através de cerca de 14 mil sedes (!).

A YMCA, que ocupa uma cadeira no Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da ONU, recebe o reconhecimento da comunidade mundial por constituir a maior rede de serviços voluntários do globo. Não é pouco.

Já no início do século XIX, enquanto se desenvolvia a Revolução Industrial nasceu a YMCA na Inglaterra, numa tentativa de promover o bem-estar da sociedade a partir de uma atenção especial dedicada à juventude.

Dadas as precárias condições de vida da época — em que não havia lazer, cuidar da saúde era tarefa árdua e a jornada de trabalho nas novas indústrias podia chegar a 16 horas, sem distinção de homens, mulheres ou crianças —, George Williams, preocupado com o futuro de sua geração, fundou a Young Men's Christian Association em 6 de junho de 1844, em Londres.

Promovendo reuniões de leitura dirigida de textos bíblicos, a fim de levar uma mensagem positiva aos jovens que se aglomeravam na cidade em busca de trabalho, Williams retirava-os das ruas e oferecia-lhes motivos para uma integração sadia.

A partir de 1851, quando a YMCA chegou aos EUA, os jovens receberam ainda maior incentivo, pois a instituição uniu os benefícios da prática esportiva ao desenvolvimento de valores do caráter e do espírito: foi então (muito bem) aproveitado o hoje famoso slogan em Latim Mens sana in corpore sano — ou Mente sã em corpo são.

No Brasil, a missão e a experiência da YMCA foram disseminadas pelo norte-americano Myron August Clark, que participou diretamente da fundação das sedes da ACM no Rio de Janeiro (1893), em Porto Alegre (1901), em São Paulo (1902) e em Recife, bem como instituiu a Aliança Brasileira das ACMs e fundou a ACM de Portugal.

Em 1903 criou-se a Federação Brasileira das Associações Cristãs de Moços, para congregar os movimentos nacionais e trabalhar pela unificação do discurso institucional, promover e solidificar parcerias de âmbito nacional e internacional, além de organizar a extensão e a expansão da instituição no País.

No mundo, a ACM constitui uma vasta rede que oferece assistência a comunidades em, por exemplo, países da África e Oriente Médio, permitindo ao mesmo tempo ao associado comum a prática de esportes e proporcionando também excursões, acampamentos, cursos, palestras e formação de líderes nas mais diversas localizações — como num incrível edifício localizado no Central Park, doado pela coroa espanhola para ser uma das sedes da YMCA New York -- a West Side.

Para completar, as ACMs estão abertas a pessoas de todas as raças, idades, habilidades, crenças religiosas e níveis econômicos, sem distinção.


Criação do basquetebol
Em 6 de Novembro de 1861, em Almonte, no Canadá, nasceu James A. Naishmith, o criador do basquetebol. O novo esporte tomou forma no ano de 1891, durante reunião anual dos professores do Springfield College em Massachusetts, nos EUA — o colégio que formava os professores que trabalhavam a serviço da YMCA.

Salientou-se na reunião o desinteresse crescente pelas aulas ministradas em ginásio, devido aos rigores do Inverno que impediam qualquer atividade ao ar livre, o que originava até problemas disciplinares com certo grupo de alunos.
Nesse contexto, e dado o entusiasmo crescente da juventude pelo atletismo e pelo futebol americano, largamente praticados na Primavera e no Verão, o diretor do Springfield, Luther Guleck, enviou a Massachusetts o professor de Educação Física James Naishmith, como encarregado de resolver o problema disciplinar e de achar uma solução para atrair o interesse dos alunos, que servisse ainda como ponto de partida para um programa de atividades práticas a ser adotado nas sedes da YMCA. Bem fácil, a missão...

Naishmith decidiu começar o novo jogo com a bola ao ar, entre dois jogadores, para evitar choques e empurrões. E optou pela bola redonda do futebol europeu, porque a bola de rugby convidava ao transporte, movimento que não seria permitido no novo jogo.

Stebbins, o superintendente do colégio, arranjou dois cestos de pêssegos, mais largos em cima do que em baixo. Naishmith pregou-os no balcão em cada uma das extremidades do ginásio do Springfield College, acima da cabeça dos jogadores, de modo que os defensores tivessem de ir ao encontro dos atacantes para impedir o arremesso da bola e escreveu um conjunto de 15 regras para o novo jogo. Sempre que a bola entrasse no cesto, os atacantes obteriam um ponto.

A primeira experiência foi bem recebida pelos alunos da “classe rebelde” e o novo jogo foi lançado como uma atividade que realmente interessava aos alunos. Depois das férias do Natal, um dos alunos, Frank Mahan, sugeriu o nome "basketball" — já que o novo jogo usava cestos e bola.

Por fim, Naishmith (foto) comunicou a Gulick que a tarefa estava terminada: o basketball fôra criado e a classe se encontrava disciplinada e interessada, havendo também uma nova atividade para as aulas de Educação Física na YMCA durante o Inverno.

Assim, o basquetebol surgiu em 1891 nos EUA, pela pertinácia de um professor de Educação Física da Associação Cristã de Moços de Springfield — que só não supunha nem imaginava que a modalidade iria, em 50 anos, transformar-se num dos desportos mais praticados do mundo, inclusive nas Olímpiadas.

Por sua vez, o volleyball foi criado no dia 9 de fevereiro de 1895 pelo diretor de Educação Física da ACM de Massachusetts, William George Morgan. O futebol de salão — atual futsal — também nasceu na Associação Cristã de Moços, ou na década de 1930 em Montevidéu, Uruguai, ou na década de 1940 em São Paulo/SP.

Com muitas histórias tão ou mais interessantes que esta, temos hoje a centenária Federação Brasileira das ACMs, sediada na capital paulista, como integrante do CONANDA-Conselho Nacional de Direitos da Criança e do Adolescente, como entidade titular junto a parceiros como o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil-OAB, a Fundação Fé e Alegria do Brasil, o Conselho Federal de Psicologia, a Inspetoria São João Bosco (Salesianos), a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil–CNBB–Pastoral do Menor, a União Brasileira de Educação e Ensino–UBEE (Maristas), a Federação Nacional dos Empregados em Instituições Beneficentes, Religiosas e Filantrópicas–FENATIBREF, o Movimento Nacional de Meninos e Meninas de Rua–MNMMR, a Sociedade Brasileira de Pediatria–SBP, o Movimento Nacional de Direitos Humanos–MNDH, a Pastoral da Criança–CNBB, a Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança e a Central Única dos Trabalhadores–CUT.

Mais além, são entidades suplentes do CONANDA a Associação Brasileira de Magistrados e Promotores de Justiça da Infância e da Juventude–ABMP, a Pontifícia Universitária Católica de São Paulo-PUCSP, a Associação Nacional dos Centros de Defesa da Criança e do Adolescente-ANCED, o Conselho Federal de Serviço Social–CFESS, a Federação Nacional das Apaes, a Sociedade Literária e Caritativa Santo Agostinho, as Aldeias Infantis SOS do Brasil, o Instituto Brasileiro de Inovações em Saúde Social-IBISS, a Visão Mundial Assembléia Espiritual Nacional dos Baha’is do Brasil, a Associação da Igreja Metodista, o Fundo Cristão para Crianças, Centro de Integração Empresa-Escola–CIEE/SP e o Congresso Nacional Afro-Brasileiro–CNAB.

Detalhe: com todo o seu currículo de atividades e apesar de presente desde o final do séc. XIX em várias cidades do Brasil, a Young Men's Christian Association (YMCA) ou Associação Cristã de Moços (ACM), como a conhecemos, ainda busca solo fértil para desembarcar e estabelecer-se adequadamente no Ceará (assim como no restante do Nordeste).

Enquanto isso, a Federação Brasileira das Associações Cristãs de Moços continua desenvolvendo ações com base num tema estabelecido em 2006, ou seja: “A Utopia da Inclusão: O Desafio do Milênio - Ano III”, que tem como subtemas: a) Responsabilidade Social, b) Sustentabilidade e Crescimento - Pacto Global, e c) Promoção da Resiliência.

Um novo componente já norteia os passos da Federação — o Planejamento Estratégico —, consubstanciado em três pilares: 1) Clareza de Missão, 2) Programas Transformadores, e 3) Viabilidade Financeira, que se reflete diretamente no trabalho protagonizado pelas diversas Comissões Nacionais.

A Federação dá também seguimento à implantação de metas que preveem acompanhar e participar das políticas que envolvem todo o programa de Meio Ambiente em operação no País e gestionar junto à Aliança Mundial das ACMs, no sentido de confirmar a realização de um Encontro Mundial de Meio Ambiente no Brasil.
MISSÃO DA ACM
“A Associação Cristã de Moços no Brasil é uma organização dirigida por voluntários e profissionais, que com base nos princípios do cristianismo está comprometida com o desenvolvimento integral de crianças, jovens, adultos e idosos. Busca através de programas de educação física, social, cultural e espiritual atender as necessidades e aspirações da comunidade sem fazer discriminação de crença, raça, sexo ou condição sócio-econômica, contribuindo para uma melhor qualidade de vida”.

MERCADO EDITORIAL

Comemorando o début

Em 2007 a Editora Escala, um dos maiores grupos editoriais do País, comemora 15 anos de atuação promovendo uma série de atividades e ações que envolverão funcionários, colaboradores, parceiros, clientes e leitores. No mês de março — mês de sua fundação — haverá uma grande festa para celebrar a data. Desde janeiro, porém, algumas ações já estão acontecendo.

Um selo comemorativo foi criado e estará sendo estampado nas capas de todas as publicações, bem como na comunicação visual da empresa ao longo de todo o ano. Uma comissão interna foi constituída para planejar e organizar as diversas ações comemorativas. Fazem parte dela: Evelin Müller, diretora da Divisão de Customizadas e Projetos Especiais; Marco Barone, assessor de Imprensa; Otto Schmidt Júnior, gerente de Criação Publicitária; Paulo Afonso de Oliveira, assessor da Presidência; e Ritha Corrêa, gerente de Marketing. Fundado em março de 1992 pelo empresário Hercílio de Lourenzi, o Grupo Escala conta, além da Editora Escala, com a Escala Educacional, especializada em livros didáticos e paradidáticos; as gráficas Oceano e Anhanguera, que compõem um dos maiores e mais bem equipados parques gráficos da América Latina; a Escala Empresa de Comunicação Integrada; e a Comercial Cajamar, que atende os mercados de distribuição alternativa e de vendas de livros e revistas pelo sistema door-to-door.

Uma das principais marcas editoriais do Grupo é o didatismo na apresentação dos conteúdos e a prestação de serviços. Consolidando forte presença nas bancas em todo o Brasil, além de editar suas revistas em Portugal, México e em países da América do Sul, a Escala publica cerca de 150 edições mensalmente. Sua característica mais marcante é a de produzir revistas e outras publicações para públicos diversos , em vários segmentos.

“A Escala nasceu como alternativa e hoje está devidamente consolidada no mercado editorial. Teve como motivação inicial descobrir novos nichos e explorar, de forma eficiente e inovadora, os segmentos existentes. Assim suas revistas e livros atendem a diferentes públicos, o que fez com que a empresa não apenas crescesse, mas, sobretudo, se tornasse um dos principais grupos editoriais do País”, afirma o presidente Hercílio de Lourenzi.

Destaque entre as publicações da Editora Escala, a revista Visão Jurídica # 9 volta sua atenção para o cenário internacional. A matéria de capa traz um especial sobre o Direito nos EUA, país em cuja cultura o mundo todo se espelha. A publicação aponta as enormes diferenças entre o Judiciário norte-americano e o brasileiro. Além das leis, é abordada a própria formação dos bacharéis em Direito e dos juízes, com regras distintas das nossas.
Na entrevista do mês, o secretário de Reforma do Judiciário, Pierpaolo Bottini, à frente de um cargo desafiador, fala sobre os projetos que podem solucionar os problemas da Justiça, discute a politização do Poder Judiciário e defende que as vias extrajudiciais podem ser a saída para a morosidade que emperra os processos no Brasil. À revista, ele declara: “A reforma do Judiciário é um processo constante, não terá fim”.

Também nesta edição:
• No Enfoque do Mês, duas opiniões sobre o banco de talentos da OAB
Debate: progressão penal para os crimes hediondos
Carta Magna: entidades fazem um balanço das normas editadas pelos governos federais desde 1988
• Não há mais desculpas para evitar a contratação de pessoas portadoras de necessidades especiais
Porque ler: o leitor resenha Recordações da casa dos mortos, de Dostoievski
Porque me tornei: o promotor de Justiça Damásio de Jesus conta sua história profissional
Páginas da História: um retrato das escolas jurídicas que fundamentaram o Direito contemporâneo
• Artigos assinados: Benedito Calheiros Bomfim, Luis Carlos da Rocha, Márcio Pestana, Pedro Risério da Silva, Renato Sócrates Gomes Pinto e Ricardo Miranda
• E mais: OAB pelo Brasil / Jurisprudência / Notas / Projeto no Congresso / Frases / Poder Judiciário / Biblioteca Jurídica.

A revista Visão Jurídica é direcionada especialmente à orientação de jovens advogados e estudantes em final de curso, constituindo uma fonte segura e periódica de atualização sobre leis, códigos, jurisprudências e doutrinas para todos os ramos do Direito.


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19 janeiro 2007

ORELHAS EM PÉ

A escola não ensina


Alguns (bons) conselhos, atribuídos ao notório criador da Microsoft, fazem a atenção voltar-se sobre como a "política educacional de vida fácil para as crianças" tem criado uma geração que não é capaz de formular um conceito objetivo do que seja a "realidade", mostrando ainda como as pessoas vêm falhando em suas vidas posteriores aos anos escolares.

A situação imaginada seria uma sala de aula, em que Bill Gates falaria rapidamente para uma atenta platéia de alunos antes entediados e sem foco nas suas juvenis existências.

Ora, estamos sempre à caça de elementos sintéticos para traduzir em palavras os bons exemplos que possam ser ensinados aos que aí estão, debatendo-se na busca por um "lugar ao sol". Por tudo isso, pela memória dos nossos pais e em prol do "pé-no-chão" tão necessário aos nossos filhos e filhas (e até a muitos de nós mesmos!), transcrevemos a seguir em 11 breves itens os seus (sábios) supostos "ensinamentos", transmitidos naquela ocasião:

Regra 1 — A vida não é fácil: acostume-se com isso.

Regra 2 — O mundo não está preocupado com a sua auto-estima. O mundo espera que você faça alguma coisa útil por ele ANTES de sentir-se bem com você mesmo(a).

Regra 3 — Você não ganhará R$ 20 mil por mês assim que sair da escola. Você não será vice-presidente de uma empresa com carro e telefone à disposição, antes que tenha conseguido por si mesmo(a) comprar seu próprio carro e telefone.

Regra 4 — Se você acha seu professor rude, espere até ter um chefe. Ele não terá pena de você.

Regra 5 — Vender jornal velho ou trabalhar durante as férias não está abaixo da sua posição social. Seus avós (e pais) têm uma palavra diferente para isso: eles chamam de "oportunidade".

Regra 6 — Se você fracassar, não é culpa de seus pais. Então não lamente seus erros, aprenda com eles.

Regra 7 — Antes de você nascer, seus pais não eram tão críticos como agora. Eles só ficaram assim por pagar as suas contas, lavar suas roupas e ouvir você dizer que eles são “ridículos". Então, antes de salvar o planeta para a próxima geração querendo consertar os erros da geração dos seus pais, tente limpar seu próprio quarto.

Regra 8 — Sua escola pode ter eliminado a distinção entre vencedores e perdedores, mas a vida não é assim. Em algumas escolas, você nem repete mais de ano e tem quantas chances precisar até acertar. Isto não se parece com absolutamente NADA na vida real. Se pisar na bola, está despedido(a), RUA !!! Portanto, faça tudo certo logo na primeira vez.

Regra 9 — A vida não é dividida em semestres. Você não terá sempre os verões livres e é pouco provável que outros empregados o(a) ajudem a cumprir suas tarefas no fim de cada período.

Regra 10 — Televisão NÃO é vida real. Na vida real, as pessoas TÊM que deixar o surfe, o bate-bola, o namoro, os videogames, o barzinho ou a boate e ir trabalhar.

Regra 11 — Seja legal com os CDFs (aqueles estudantes que os demais julgam que são uns babacas). Existe uma graaande probabilidade de você um belo dia vir a trabalhar PARA um deles.

Estes sutis "toques", atribuídos ao dono da maior fortuna pessoal do mundo e da Microsoft — a única empresa que enfrentou e venceu a Big Blue (IBM) desde a sua fundação em meados de 1900, a empresa que construiu o primeiro "cérebro-eletrônico" (computador) — têm com toda a certeza um valor que transcende qualquer abobrinha que você possa vir a formular (se você fosse capaz, porra, você seria o Bill Gates!).

Portanto, ponha-os em prática! E reflita: não é à-toa que o nome do cara é "gates" (portões): aprenda a passar por eles! Agradeça a Deus ter-lhe dado pais assim tão pacientes... E, por fim, se ligue, porque eles não vão estar aí para sempre.


SAIBA MAIS
http://pt.wikipedia.org/wiki/Bill_Gates